138° capítulo

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Passo a mão no rosto para qnão deixar transparecer o meu espanto.
— Bom dia, recebemos uma denúncia de que o traficante vulgo Serafim da Vk, mora aqui, aqui está o mandato. —Diz um policial cívil me erguendo o papel.
Eu fiquei assustada, mas fiz a linha, dei passagem e eles entraram, muito homem. Uma policial feminina conversava comigo, enquanto os outros revistavam a casa. Eu falei pouco, básico dos básicos mesmo, mostrando a documentação do apartamento e de tudo o que tinha aqui.

Serafim saiu hoje por volta das 03h e pouquinha da manhã, vieram buscar ele. E eu ainda queria que ele ficasse, impliquei para que ficasse. Tem coisas que não parecem, mas valem muito a pena, nem compensar discutir ou argumentar, simplesmente aceitar.

Sabe, meu corpo estava ali, mas minha cabeça não, meu coração não...
Me deram um tempo para eu me trocar e ir com eles, joguei meu telefone dentro da caixa acoplada da descarga; era a minha única solução, eu não vou deixar terem acesso ao meu celular que vão saber do paradeiro do meu marido, conversas, ligações, tudo... Rezar para eles não revistarem mais uma vez.

Me vesti rapidinho, panhei o celular de trabalho e fui sob escolta, eles levavam o MacBook e os IPad de Clarisse. Os fofoqueiros do condomínio tudo olhando, eu me senti envergonhada sim, mas não me importei, que o pior, ainda nem tinha acontecido. Assim como foi comigo poderia ter sido com outra, que o que tem de mulher de traficante e miliciano aqui nesse condomínio, não está no gibi!

...

Investigada, sem poder sair do estado...
Na minha cabeça passavam um monte de coisas, eu não tinha o que imaginar ou pensar, mas de uma coisa eu tinha certeza.. Eu tô fodida!
Saí da delegacia acompanhada do meu advogado, ele me esclareceu algumas dúvida e me instruiu a não me precipitar, o que me era difícil. Só em pensar que eu posso ser presa a qualquer momento, meu coração acelera.

Fui direto para a casa da minha avó, chorando demais. Sem chão, inconsolável...
Néia: Não fica assim meu amor... Você sabia que isso podia acontecer.
Mayane: Eu nunca pensei nisso vó... Agora que estava tudo bem, acontece isso?!
Néia: Quando o pai da sua filha esteve preso quantas vezes você foi lá?
Mayane: Nenhuma, eu não era mais nada dele e não me arrependo nem um pouco de não ter ido.
Néia: Então tá, agora é a sua vez de se resolver com a justiça.
Mayane: A senhora não venha me dizer que isso é castigo?
Néia: Não Mayane, esse é o preço de se envolver com gente de vida errada, você ama ele, mas ele inflige a lei e você sabe, você também participa por ser a mulher dele.
Eu estava tão atingida que o que a minha avó dizia era como se ela estivesse jogando na minha cara, me julgando como se a criminosa fosse eu.

Liguei no celular do Serafim, pelo residencial da casa da minha avó.

Início de ligação
...

Mayane: O advogado mandou eu ter calma.
Serafim: Então fica tranquila cara, confia no homem.
Mayane: Não dá, como eu vou ter calma numa situação dessa? Eu vou sair de lá.
Serafim: Você vai continuar lá enquanto não acabar essa investigação, só depois a gente ver o que fazer.
Mayane: Ela não vai acabar, o alvo é você! -Digo chorando.
Conversei um pouco mais com ele, e eu logo quis desligar nem voz eu tinha.
Serafim: Então, não fica assim amor... A sua teimosia deu nisso Mayane, se eu tivesse ficado direto na favela não teria acontecido isso, mas tá tranquilo.
Mayane: É...já aconteceu né.
Serafim: Descansa um pouquinho, antes de tu ir embora vê se me liga.
Mayane: Pode deixar, beijos.
Serafim: Te amo minha loira, beijo.
Fim de ligação

Fui me deitar no quarto da minha avó, eu estava extremamente cansada. Clarisse foi ver o irmão, e pedi para ela vir para cá quando saísse de lá.

Mil Flores -Jogadas ao morro 🔫🌹 CONCLUÍDAWhere stories live. Discover now