Minha segunda festa!

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Domingo, 23 de Setembro de 2018

Querido diário,

A minha vida tem transcorrido de uma forma inesperada. Tudo está fora do controle. Não consigo mais viver assim. Por que tenho que sofrer tanto? 

Não fui para a escola na sexta feira. Tive de viajar pra outra cidade para tirar a segunda via da minha carteira de identidade.

Sábado foi o grande dia da festa, esperado por mim, e pelas minhas amigas. 

O verão está mesmo fazendo o seu papel .A temperatura nesse dia estava bem alta, se duvidar chegava a 40° graus celsius. 
Nos organizamos para irmos, como a festa não seria aqui onde eu moro, tivemos que alugar um carro para nos levar. Assim como nós e outros que haviam. Otávio era um deles.

À noite fui para casa de uma das minhas amigas. Logo em seguida fui para a minha casa me arrumar. Fui bem discreto.

Me vesti, passei meu perfume e pus meu relógio no pulso. Sair de casa como alguém que não queria nada. A amiga que eu iria pra festa, é minha vizinha. Quando eu ia chegando lá, vi Otávio junto com umas amiga dele. Dei meia volta e encostei na casa à frente. Ninguém podia me ver com aquele gay. Se meu pai visse aquilo, seria o meu fim.

Fiquei em casa à frente conversando com o pessoal lá. O pessoal me elogiaram por está bem vestido. "Dane-se, eu tenho que arrasar nessa festa".

Minha amiga ia saindo da casa dela com Otávio e mais umas amigas dele, quando ela me chama pra ir. Digo para ela que a encontro pela rua.

Depois dela e Otávio estarem bem longe, digo:

- Pois bem, partiu festa!

Pus meus óculos enquanto caminhava. O povo me desejou boa festa.

Enquanto caminhava pela rua, me sentia um cara livre. Meu pai e nem minha mãe estavam ali para mandar em mim. O que me encomodava mesmo era o peste do meu óculos. Ainda não me acostumei em usá-lo.

Cheguei na casa de Samara e ela já estava se arrumando. Mulher tem toda aquela coisa: custa se arrumar e não sabe que roupa botar. Primeiramente ela pôs uma roupa. Pediu minha opinião, eu disse que estava perfeito. Mas mulher é sempre louca. Muda de ideia rapidamente. 

- Ai me empresta esse batom vermelho.- disse pegando no batom da Avon dela que ficava na caixa de maquiagem.

Estava dentro do quarto com ela, ela nem se importava, sabia que eu era gay. 

Comecei a passar o batom na minha boca de pouco, queria apenas deixar minha boca avermelhada. Nesse mesmo instante Otávio chegou com minha amiga.

- E aí, mermã, já tá arrumada?- disse Otávio. Eu não olhei para ele. Fiquei flexionando apenas a quantidade de batom que continha na caixa.

- Tou quase.- deu uma risadinha- Mas eu só posso ir quando minha mãe chegar da igreja, porque é ela que vai ficar com os meus filhos.- disse ela.

- Ó, então, assim: primeiro vai eu, Regiane e as outras meninas. Daí vocês dois vão depois, tá.- disse Otávio- Aí eu digo pro motorista passar aqui pra buscar vocês. 

- É. Então tá bom. Assim é o tempo que minha mãe já chegou da igreja.- disse Samara.

Eu não disse nada. E também não concordei com nada. Mas estava ok pra mim.

Instantes depois, ela terminou de se arrumar. Enfim. Graças a Deus! Anjos cantam ao senhor! 

A novela das 9 já tinha começado e nada da mãe dela. Passou o primeiro intervalo e nada. Samara e eu estávamos sentados na porta. Conversávamos coisas paralelas.

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