Talvez nos encontremos

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Terça Feira, 19 de Junho de 2018

Querida Kitty,

Como a vida é passageira; e quando vemos tudo o que passamos, vejamos que fomos fortes. Eu acredito que fui forte, pois hoje estou aqui em frente ao celular contando a minha vida a você. Tem muitos por aí que desiste da vida tão facilmente por apenas não conseguir viver o tormento que a vida é. Mas frizo em dizer que em nenhum momento da vida eu pensei em desistir dela, porque sei que isso não iria dá em nada, apenas acabar com minha vida e com tudo que sonhei pra mim.

Acredito muito que meu futuro será melhor. E será. Pois eu sou um cara de fé. E quando vejo a brechinha do meu futuro chegando, eu me desespero logo, doido pra abri-la logo toda. Mas eu sei que tenho que esperar. E irei esperar.

Esses dias afastado do diário, deu muito pra refletir sobre mim. Uma pena não ter conseguido mudar tudo na minha vida, pois não tenho saída. Mas se pelo menos eu encontrasse um dia, 'mudar' isso, eu juro que mudarei.

Mas quando vejo que não dá para mudar nada, começo a pensar no meu futuro próximo, e faço passo a passo do que posso fazer quando ele chegar. São muitos os planos pra pôr em prática.

Querida Kitty, não quero me desesperar, não quero mais chorar, não quero pensar que tudo não vai dar certo. E é isso que tô pensando todos os dias em diante agora; que tudo será uma questão de tempo.

Como não tenho contado meus dias pra você, vou falar um pouquinho do que aconteceu na escola ontem- segunda feira.

Fomos avisados que iria ter um cinema no auditório, e foram todos- apenas os dois terceiros anos. Nesse meio tempo de todos estando indo, aproveitei rapidamente e fui ao banheiro. Na volta meus amigos já estavam lá. Quando fui entrando, Rafaela e Gustavo, me chamaram dizendo qual era o filme que, a professora de História, ia repassar pra gente. Olhei pra tela, e vi o nome Olga na descrição do vídeo ainda não iniciado.

Rafaela que até então, estava do outro lado da sala junto com Gustavo, me chamam, e ele pede que eu sente ao lado dele, que ao mesmo tempo Rafaela passa para a cadeira à frente. Com o consentimento eu me sento, e ele põe sua perna por cima das minhas coxas, eu olho e não digo nada, apenas apoio minha mão esquerda em cima da perna dele( ele tava ao meu lado esquerdo, Rafaela mais à frente, ao meu lado outro menino da minha sala, e à minha frente Ana e ao lado Amália respectivamente, todos olhando pra tela à frente).

A professora deu play no filme. A imagem era péssima. Toda a hora a gente ria devido às falas dos personagens serem ditas muito rápidas. Isso nos dava muitas gargalhadas, fazendo então eu e Gustavo ficarmos toda hora conversando. ( o filme em que a professora baixou é do YouTube, por isso tava naquela má qualidade).

Em dado momento, Rafaela fica olhando pra perna de Gustavo por cima da minha coxas e diz "ó nam, vocês dois...", ele nem ligou, mas depois de uns exatos segundos tirou de cima a perna dele, mas depois de algum tempo ele apoiou novamente a perna dele por cima da minha coxa.

O filme chegou ao fim a exatos 15:10 da tarde. Assistindo à cena final, onde Olga Benário começou a falar enquanto caminhava entre meio a outras prisioneiras, após vendo, em imaginação, a sua filha, entrou em um vagão e logo após, estava dentro de uma câmera de gás e como uma última frase triste ela disse "beijos pela última vez". O filme se encerrou então, com Olga e outras mulheres morrendo na câmera de gás.

Todos saíram da sala quando o filme terminou. Após alguns minutos o intervalo chegou.

Saímos da escola após a quarta aula. Fomos então à casa de Catarina, pois Ana tinha que buscar a bolsa com os uns negócios dela que deixou na casa de Catarina no dia do arraial.

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