Terça Feira

67 5 0
                                    

Terça Feira, 14 de Agosto de 2018

Querido Diário,

A nossa vida é cheia de reviravoltas. Coisas acontecem inesperadamente  que a gente nem percebe. Quando fui naquela festa dias atrás no dia anterior do dia dos Pais, me sentir uma nova pessoa. Nunca pensei ir a uma festa. E sempre tive medo. Pior ainda beber bebida alcoólica, dei graças a Deus que meu pai não apareceu por lá. Me sentir uma nova pessoa que saiu das asinhas dos pais, apesar de não ser exatamente isso.

Já fiz tantas coisas na vida que quando me sento para lembrar, eu não sei se rio ou se choro. E quando lembro das coisas que aconteceram comigo passivamente, dar vontade de nunca ter existido. E eu não sei até quando irei pensar assim.

Em algum dia do mês de junho vi meu amigo Júnior pelas ruas do meu interior. Quer dizer, nem foi pela rua exatamente. Estava sentado na porta onde eu faço meu curso navegando pela internet. Só Deus sabe explicar como aquela rua é escura. Mas eu nem me importava com aquilo. Pra mim estava tudo bom.

Estava usando o Facebook quando Marcello chegou. Não era a primeira vez que conversávamos desde quando “ele voltou a ser gay”. Às vezes dava vontade de rir por causa dessa insistência dele de querer ser hétero. Quem ver aquele viado pelo menos uma vez na vida já diz: “esse é viado”.

Como de costume, ele vinha logo falando de macho. Ele está doido apaixonado por um cara aí que eu nem sei quem é. Por isso ele deixou de ser evangélica. Falei pra ele sobre Rui. E outras coisas. Até que Júnior chegou.

Marcello não vai muito com a cara de Júnior. Eu não entendo porquê. Ele se acha superior. Mas bem, isso é viadagem dele. Eu fiquei logo todo de rabo piscando com a chegada dele.

- E aí viados?- Júnior falou.

- E aí.- eu disse.

- Sim?- Marcello olhou pra ele com cara de que não gostou de nada.

Marcello disse pra gente ir para o outro canto da varanda da casa, pois lá era mais escuro. E ele não queria ser identificado. Fomos.

Logo larguei de mexer no celular. Eu estava interessado em outra coisa. E eu sabia que podia conseguir.

- Anda sumido, hem?- disse pra Júnior.

- Pois é.- disse ele.

- Tu tá morando aonde?- Marcello perguntou.

Eu já sabia onde Júnior estava morando. Ele se mudou da rua onde eu moro, pra morar com uma senhora lá para os cafundó.

- Tu ainda tem vídeos?- Júnior perguntou pra mim.

- Claro que tenho.- eu disse ligando a tela do celular procurando os vídeos de pornô.

Selecionei a pasta dos pornôs e botei pra reproduzir o melhor vídeo que tinha. A gente começou a ver. Logo me excitei. Minha mente poluiu e me imaginei com Júnior.

- Eita misera...- eu disse olhando para o vídeo vendo a mulher sendo invadida com o pênis grosso do homem.

Tentei olhar para o pau de Júnior, mas como estava escuro, ficou impossível. Eu estava doido pra fazer sexo. Até que ele deu a primeira investida.

- Aí bora nós três.

- Nunca!- Marcello disse.

- Boora!- eu disse sem tempo.- Vamos Marcello, vai ser bom.

- Eu não!- ele negou.

- Tô nem aí. Vai só eu então.

Eu estava pouco me lixando se Marcello ia ou não. Eu sei que quem queria era eu.

- Tu tem preservativo?- perguntei para Júnior.

- Tenho não, ó.

- Tá bom.- eu disse- Eu vou lá em casa. Mas tu tem que me esperar.

- Tu é doido Edson!- disse Marcello.

- Me deixa viado.- rebati.

Júnior concordou que ia me esperar.

Peguei minha bicicleta e corri pra casa. Cheguei em casa, entrei no quarto e peguei minha felicidade.

- Me deu vontade de cagar! Que bosta!- gritei.

Fui no banheiro fazer o que tinha que fazer e depois de um bom tempo sair de lá. Peguei minha bicicleta que estava jogada no chão e corri pra rua.

O vento batia no meu rosto. A rua estava bem movimentada. Olhando para aquelas pessoas eu imaginava: “como eles são burros. Nem sabem o que irei fazer agora!”.

Nada podia dar errado. Estava com os preservativos no meu bolso. Júnior estava na porta da Igreja Católica, ele estava com um amigo dele. Percebi que ele olhou para mim. Fui para onde eu estava inicialmente com ele. Marcello já tinha ido embora. Fiquei na bicicleta esperando Júnior. Até que depois de uns minutos ele aparecera. Ficamos batendo um papo pra decidirmos onde seria a nossa foda.

Júnior desceu da garupa da minha bicicleta. O lugar era bem afastado. Já saindo do nosso interior. Era uma casa abandonada. Com uma Lagoa na frente. O quintal era bem extenso. Com muitas árvores. Tivemos sorte porque lá tinha uma tábua de madeira tipo um girau segurado por madeiras. E pra completar: era bem escuro. Mas conseguíamos nos ver.

Eu estava com tanto fogo que fui logo tirando minha roupa. Júnior já conhecia meu corpo, por isso nem me importei. Tirei tudo mesmo. Ele também. Me deitei por cima da tábua. Era bem confortável. Ainda bem. Pus os vídeos pornográficos pra apimentar a situação. Ficamos vendo por uns instantes. Dei a camisinha para ele.

O lugar onde estávamos ficava por de trás da casa. E dificilmente alguém nos acharia ali.

Sair de cima da tábua e depois subir nela. Fiquei de quatro.

Meu coração estava bastante acelerado e eu estava louco de tesão. Júnior se aproximou de mim, quando eu falei:

- Mete devagar...

Quando percebi ele já estava dentro de mim. Não deu nem tempo de eu sentir dor quando ele começou a me penetrar. Mas uma coisa começou a me encomodar.

- Para, para aí.- eu disse.

- Que foi?

- Meu joelho tá doendo nessa madeira.- falei me reclamando.

Ele tirou o pênis de dentro de mim. Desci da tábua. 

Resolvi me deitar e fiquei na beirada. Ele ficou em pé. Ele pediu que eu chegasse mais pra perto dele pra melhorar a situação. Foi o que fiz. Fiquei mais confortável. Levantei minhas pernas e ele mandou ver.

Ele estava com o pau todo dentro de mim. Eu me contorcia de dor. Não era à toa. O pau de Júnior era bem grande. Eu gemia pedindo pra ele continuar.

Ficamos com os rostos perto um do outro.

- Deixa eu te beijar.- ele disse sussurrando enquanto ia me penetrando.

Eu não queria aquilo. Eu não queria beijar ninguém. Só queria foder. Mas pra não responder o que ele havia dito, mandei que ele acelerasse a foda.

- Quanto tempo nós não faz isso?- perguntou Júnior, enquanto catava as roupas do chão.

- Humm, um bom tempo...- disse tentando me lembrar- Desde fevereiro desse ano.

E realmente era isso. Fazia um bom que eu e Júnior não nos víamos.

Peguei minha bicicleta escondida na grama. Nós demos tchau e fui para casa.

Não lembro exatamente o dia, mas eu sei que foi num Domingo do mês de Junho que aconteceu isso.

Ontem na escola foi o de sempre. Aula e mais aula. O bom é que vai acontecer alguns eventos nesse mês na escola, depois eu conto pra você.

No domingo, é o aniversário da minha amiga Rafaela. E hoje nós planejamos de fazer um almoço, só nós entre amigos. Eles estão doido que eu vá para o interior deles. E eu vou. Vai ser divertido, e mesmo é bom pra se distrair um pouco.

Se você quer saber, domingo eu decidi ler um livro. Eu tinha comprado esse livro há mais de dois meses. Mas como eu estava "sem tempo" decidi lê-lo só agora. Se você quer saber o nome do livro é As vantagens de ser invisível. Eu já consegui ler mais de 100 páginas em apenas três dias. O livro me prendeu mesmo, recomendo.

Esses dias eu tenho dormido pouco. Em todos lugares, até mesmo na escola eu estou com sono. Hoje mesmo, eu dormir na aula de Biologia. Acordar 8 horas da manhã, pra mim, não tá sendo fácil. Mas não estou com raiva disso, pois eu sei que isso vai fazer parte do meu futuro e quando for lá na frente vou lembrar-me disso.

Estou doido logo para chegar setembro, sabe por quê? Porque é o mês da primavera aqui. Vai ter manga. E eu amo comer manga. Ontem na escola, quando estávamos sem professor, os garotos da minha sala foram furtar manga na mangueira do vizinho que mora ao lado da nossa escola. Foi tão bom, pois saciei a minha vontade de comer manga verde com sal.

Esses dias não tenho me sentido tão triste. Não tô mais ligado para o que as pessoas falam de mim, e no ônibus, muito menos. Se comparar o início do ano, com agora, eu mudei muito.

Quando eu estava viajando pela internet, no YouTube, encontrei uma música que tocou muito na festa no sábado.

Ela é bem legal, e caso queira saber, é essa aqui: Aldair Playboy- Amor Falso.

Como não tem mais nada para contar, vou ficando por aqui, e espero voltar mais uma vez.

       Com amor, Edson

O Garoto do Diário [ REVISADO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora