Bon Voyage, KIM NAMJOON • 1

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Passaporte das Palavras

por _meninadojardim

Capítulo 1

"Vou desistir", foram as duas palavrinhas mágicas que me renderam horas de dor de cabeça em um voo lotado com tudo pago para Bradford, Inglaterra.

"Você só volta para casa com o trabalho finalizado", Yoongi, um dos meus melhores amigos, ordenou como sempre, sem me deixar espaço para réplicas.

"É para o seu bem, Nam", Jin, meu outro melhor amigo, porém, bem mais gentil do que o primeiro, passou a mão nos meus cabelos e sorriu, concordando com aquela loucura.

"Você não pode e nem vai desistir, hyung*", Taehyung abriu um sorriso gigante e me abraçou calorosamente, logo em seguida, me empurrou para a fila de embarque.

Para falar a verdade, nenhum dos meus seis melhores amigos – isso mesmo, seis – ousaria me deixar desistir.

"Nos vemos daqui a uma semana, gênio", Jimin bateu continência em minha direção e seus olhinhos se fecharam com uma risada esperançosa.

"Não se esqueça de aproveitar a viagem, sorria mais, uma cerveja de vez em quando pode te ajudar no processo criativo", Hoseok lançou uma piscadela em minha direção e eu revirei os olhos, voltando a andar com aquela mala de rodinhas pesada e barulhenta.

"E não se esqueça do passaporte, hyung", Jungkook correu até mim e me entregou o pequeno livro cheio de folhas meio amassadas me mostrando que, apesar de ser o mais jovem do grupo, ele ainda tinha mais juízo do que eu.

- O que eles esperam de mim...? – Falei sozinho enquanto ensaboava os braços e sentia a água quente atingir as minhas costas nuas. – Que eu simplesmente saia por essas ruas desconhecidas e comece a escrever? – Bufei indignado, já estava contando os dias para o meu fatídico fracasso como escritor quando retornasse para Busan sem um livro pronto.

Eu nunca conseguiria fazer aquilo em apenas uma semana.

Eu estava, definitivamente, ferrado.

Ouvi o celular tocar no quarto do hotel e me apressei em desligar o chuveiro. Tirei o restante da espuma do corpo com uma toalha branca e felpuda, ou seja, eu não estava na minha casa e a lembrança de que eu estava mesmo na Inglaterra me atingiu como um soco no estômago.

A viagem que, supostamente, salvaria a minha pele e a minha carreira já havia começado.

No meio da corrida desengonçada até alcançar o meu celular sobre a cama, esbarrei em um abajur luxuoso e o vi se estilhaçar em dezenas de pedaços sobre o chão. Soltei um palavrão e atendi a ligação sem verificar o identificador de chamadas.

Poderia ser do trabalho, poderia ser o meu editor e poderia ser...

- Chegou bem? – Mas era somente o Yoongi e eu soltei outro palavrão.

- Quando a conta do abajur que vale milhões chegar para você pagar, eu estarei ótimo. – Resmunguei soltando a toalha da cintura e esfregando os cabelos molhados com ela.

Adorava me sentir livre e, talvez, aquela fosse uma das principais razões para eu amar tanto a escrita. Podia viajar para qualquer lugar, sentir qualquer cheiro e criar qualquer situação... Bastava juntar uma letra na outra, entrelaçar palavras em uma frase e liberar a minha imaginação fértil. Ser escritor costumava ser tão fácil e simples para mim quanto respirar.

Bon Voyage • BTSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora