O Corvo e o Lobo

Senhoras e Senhores

Boa Leitura ❤❤

            —Karasu o que é isso? —Perguntei assustado, parecia que estávamos cercados por uma espécie de zumbis ou algo do tipo. O mesmo cheiro fétido que senti no trem fantasma agora voltava a entrar pelas minhas narinas. Alguns deles pareciam mais inteiros mas outros que já estavam com os ossos a mostra e com a pele desgrudando da carne, era como estivesse dentro da série The walking dead

—Não se preocupe meu senhor, eles são apenas uma casca vazia e sem alma. Pelo visto a nossa amiguinha deve ser uma necromante. ―Comentou Karasu, ele estava sério demais, o que me preocupava.

—Eles são zumbis então?

—É o senhor pode chamá-los assim se quiser.

Eu nunca tinha visto nada como aquilo, necromantes controlam os mortos como se fossem marionetes, e para controlar todos aqueles cadáveres de uma vez, ela precisaria de muito poder. Todos os corpos que estavam pendurados no trem fantasma eram muito mais do que meros enfeites para assustarem os visitantes, eram na verdade o exército particular daquela necromante.

—O que vamos fazer? Eles são muitos. —Por todo lugar que olhássemos apareciam cada vez mais zumbis, vindo de todos cantos escuros do parque.

—Não se preocupe com isso mestre, vou acabar com todos um por um. Acho que nunca mostrei ao senhor o meu verdadeiro poder. CREPÚSCULO DO CORVO.

No mesmo instante a aura de Karasu se expandiu para fora de seu corpo, sendo tomado por uma energia escarlate cintilante, quase tão vermelha quanto seus olhos. Sem que eu esperasse Karasu deu um grande salto para o céu, fazendo com que apenas a luz prateada da lua banhasse o seu corpo. Grandes assas negras nasceram de suas costas, era lindo, ele se parecia com um anjo negro. "Qui Metit", assim que Karasu conjurou aquele feitiço uma fumaça negra começou a crescer em sua mão, com apenas um movimento a fumaça ganhou uma forma sólida, se tornando uma grande foice praticamente do tamanho do seu corpo.

Karasu bateu suas fortes assas, se movendo como um raio para cima dos zumbis, meus olhos mal conseguiam acompanhar seus movimentos, apenas conseguia ver os corpos dos zumbis sendo retalhados pela foice de Karasu, criando uma trilha e cadáveres mutilados.

—É impossível. —Disse Karasu assustado.

Foi ai que percebi que não importava quantos golpes levassem ou quanto seus membros fossem arrancados, eles voltavam a se regenerar; aquela sem dúvidas foi a cena mais nojenta que vi em toda a minha vida. Karasu havia arrancado suas cabeças, braços e pernas, porém os membros voltavam a se juntar uns aos outros, era completamente aleatório: o braço de um se juntava ao corpo de outro e em alguns momentos até mesmo a cabeça ficava no lugar dos braços e outros membros, como bonecas montadas com partes diferentes.

Eu não consegui suportar aquele cheiro podre de dezenas de cadáveres apodrecidos, então acabei vomitando tudo o que havia ingerido naquele dia; cumprimentar o meu almoço outra vez não foi nenhum pouco agradável.

—Mestre o senhor está bem? —Perguntou Karasu enquanto continuava batalhando contra os cadáveres.

—Estou. —Respondi limpando meus lábios, porém o gosto de vomito continuava na minha boca, tive que segurar um segundo refluxo. Enquanto me recompunha percebi que o circo estava com suas luzes acessas, era também da onde vinha a música. -―Karasu conto com você.

—MESTRE NÃO VÁ SOZINHO. —Gritou Karasu.

—Segure-os o máximo que puder. —Disse e sai correndo em direção a armação de lona que montava a estrutura do circo. Karasu nem se quisesse podia me seguir, a única coisa que pode fazer foi continuar gritando pelo meu nome.