O Corvo e o Lobo - Amor E Magia

Liberte-se

Narrador Serafim

—Está pronto Karasu?

—Sim estou, senhora.

Karasu e eu não fomos com os outros porque nós seriamos ''o plano de fuga'', como Charlote carinhosamente nos apelidou. Ela nos mandaria uma mensagem assim que entrassem no castelo e logo após duas horas conjuraríamos um feitiço de teletransporte, trazendo todos de volta através de runas místicas desenhadas em seus corpos; o problema é que eles teriam apenas esse tempo para encontrar Jonathan e desenhar a runa em seu corpo, espero que tudo dê certo. Desenhamos um círculo místico no chão, com uma vela acesa para cada um deles incluindo Jonathan. Eu e Karasu demos as mãos e começamos a conjurar o feitiço.

—NISI NOSTER AMECITATES PERICULUM.

Enquanto recitávamos o feitiço o fogo das velas ficou esverdeado e logo em seguida começou uma forte ventania. As runas que desenhamos no corpo de cada um deles se formaram abaixo das velas, e em seguida a luz delas se expandiu por todo o porão da casa dos lobisomens; a concentração mística neste local era perfeita para o ritual. Quando a luz intensa se dissipou e pudemos enfim abrir nossos olhos, todos estavam no porão, no exato local aonde as velas estavam; foi como se tivessem trocado de lugar com elas.

Alex e os outros ainda estavam transformados em lobos mas não pareciam muito feridos, apenas alguns arranhões, diferente de Charlotte, Neron e Jonathan que estavam ensanguentados. Neron e Jonathan estavam inconscientes mas Charlotte se levantava com dificuldade, ela estava com um ferimento muito profundo na perna e vários outros cortes pelo corpo. Fui correndo na direção de Neron, entre todos ele era quem estava em pior estado, sua blusa estava completamente encharcada de sangue, nem dava para distinguir o ferimento do liquido espesso; parecia haver um buraco em seu abdômen.

—RESTITU NAVITAS IM PENETRO INTUN VIGORATUS PERWITA. —Coloquei minhas mãos sobre o seu ferimento, compartilhando minha energia com ele.

O calor do seu sangue em contato com a minha pele me deixava ainda mais desnorteada; aquele era o sangue do meu filho, não podia perde-lo. Karasu também estava sem chão, se culpando por não tê-lo protegido, por não ter sentido que algo assim estava acontecendo. Charlotte tentando tranquiliza-lo disse que Medusa estava se escondendo entre as dimensões o que dificultava sua ligação, provavelmente havia usado o mesmo feitiço de bloqueio que usou da última vez durante o ataque dos vampiros.

Aos poucos o ferimento em seu abdômen foi se fechando, igual quando enchemos de ar uma garrafa de plástico amassada e ela rapidamente desamassa; me senti mal por ter pensando isso durante um momento como este, depois ri comigo mesma e pensei que era algo que Neron comentaria. Quando o seu estado já havia se estabilizado não consegui segurar as minhas lágrimas e a vontade de abraçar o meu filho; o abracei enquanto ele ainda continuava inconsciente, sujando a minha roupa com o seu sangue, mas isso era o que eu menos me preocupava.

Kaleb por outro lado não possuía nenhum ferimento, teve a sorte de não entrar em nenhum conflito, então pegou Jonathan no colo e o levou para o seu quarto enquanto Karasu levou Neron para o quarto do Jonathan, sendo guiado pela casa por um dos gêmeos. Mesmo tendo curado seus ferimentos superficiais ele ainda continuava desacordado e com uma febre muito alta, também estava desidratado e desnutrido; Medusa provavelmente o deixou sem água e comida durante todo esse tempo. Por fim fui para a cozinha preparar algo para que todos se alimentassem, e lá estava Charlotte cuidando de seus ferimentos com uma caixinha de primeiros socorros.

—O que você está fazendo? Isso vai acabar infeccionando, porque não me chamou ou pediu ajuda ao Karasu?

—Você já usou muita da sua energia cuidando de todos eles, sei que fica exausta com este tipo de magia, e Karasu não sairia do lado de Neron nem se a casa estivesse sendo atacada. —Respondeu Charlotte num tom frio, cortando os esparadrapos com os próprios dentes. Ela estava muito diferente dos últimos dias, estava fraca e sem vida, sequer olhava nos meus olhos.