Será que é verdade o que dizem? Existe amor à primeira vista? Se for, então não escolhemos por quem nos apaixonamos, simplesmente acontece quando nossos olhos se encontram pela primeira vez. Foi assim que aconteceu naquela noite de lua cheia; o lob...
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Narrador Neron
Ainda estava deitado na cama olhando para teto, imaginando tudo o que havia mudado em minha vida nessas últimas semanas. Não sei porque Jonathan está com essa fixação por mim se nunca sequer nos falamos, deve ser por causa do maldito livro que roubei, ou melhor peguei emprestado sem data para devolução.
Era a primeira vez que havia começado a mentir para a tia Serafim, costumava dividir tudo com ela; talvez seja verdade o que dizem, que temos um anjo e um demônio em nossos ombros falando o que devemos fazer, só basta saber qual dos dois você irá ouvir; ultimamente acho que venho dando mais ouvidos ao meu lado demônio, que sempre cochicha coisas ruins em meu ouvido como "Mate, Roube, Minta". Mas o meu anjo ainda não havia desistido da batalha; era como se houvessem duas pessoas completamente diferentes brigando dentro de mim, o que ainda sobrava do meu lado bom abominava tudo o que eu estava fazendo, já o outro sentia prazer e ansiava cada vez mais por sangue.
Eu havia feito exatamente o que o meu demônio pessoal havia mandado, eu havia roubado, matado e mentido; disse à tia Serafim que havia devolvido o livro aos lobisomens e que não deveria se preocupar, mas apenas mandei que Karasu o escondesse em um local em que Serafim não pudesse sentir sua energia, por sorte ela não usou seu feitiço que força a verdade em mim, acho que ela queria acreditar que eu havia feito o certo, mas sei que no fundo ela sabia que eu estava mentindo, desde então ela não tocou mais no assunto.
-Por quanto tempo pretende continuar dormindo mestre? -Era Karasu abrindo a porta do meu quarto sem nem bater, deixando que a luz se espalhasse por todo o cômodo.
Ele sempre vinha me acordar sem camisa e usando apenas um short largo que deixava a sua cueca a mostra, era como ser acordado por um gogo boy, se bem que não deveria reclamar. O que mais me incomodava era o seu bom humor logo de manhã, irradiando partículas positivas; como um guardião das trevas pode possuir tanta luz? Não existe nada que eu odeie mais do que pessoas bem humoradas logo de manhã.
-Eu estava pensando. -Disse me virando e tentando ignorar aquela cena depravada. Forçando meu cérebro a pelo menos tentar voltar a dormir.
-Pensando no que? -Perguntou se sentando em minha cama.
Karasu sempre me passava uma tranquilidade, como se pudesse confiar minha própria vida a ele, e realmente podia. Me virei devagar e me deparei com seus olhos de preocupação em cima de mim, Karasu podia sentir a guerra que estava havendo em minha mente, não é algo que um feiticeiro possa esconder de seu guardião.
-Karasu eu sou uma pessoa má? Um assassino?
-Sim você é mal, uma das pessoas mais terríveis das quais já tive o prazer de conhecer, mas também é bom, uma das pessoas mais doces e sensíveis que já tive a oportunidade de ter ao meu lado. Mesmo sendo um feiticeiro nunca se esqueça que ainda bate um coração humano dentro do senhor, e que todos esses sentimentos são os que o tornam humano. Muitos feiticeiros consideravam isso como como uma fraqueza, e tentavam de toda forma se livrar de sua parte humana; alguns até chegaram a conseguir esse feito mas foi como se liberassem um selo de segurança, o que os tornou incontroláveis, não podiam controlar sua própria magia, portanto acabaram sendo consumidos por ela. A magia que devora o próprio feiticeiro.
