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-Já pensou em fazer uma tatuagem? -Kennedy questiona Enrica enquanto ela dava uma mordida em seu sanduíche.

-O tempo todo. -Zomba limpando o ketchup do canto da boca.

-Não é sério, o cara que fez minha primeira tatuagem é ótimo, ele mora aqui perto. -Kennedy diz com descaso enquanto bebe um gole do seu suco.

-Sua primeira? Quantas tatuagem você tem? -Enrica questiona deixando seu prato com o sanduíche na cabeceira da cama.

-Não sei, muitas? -Kennedy dá de ombros colocando seu copo ali também.

-Kennedy Lance, tire a blusa agora! -Enrica ordena fingindo uma falsa autoridade.

-Seu pedido é uma ordem. -Kennedy diz com um sorrisinho perverso no rosto enquanto puxava a blusa pela cabeça.

Enrica arfa surpresa, não era atoa que ele sempre usava blusas com mangas pensou, um lado inteiro do seu peito e braço eram coberto por traços instáveis que ela não fazia a menor ideia do que significava, para ela eram apenas rabiscos pretos que deixavam seu corpo ainda mais sexy, e tentador.

-Ta me olhando com aquela cara de novo. -Kennedy brinca fazendo uma careta.

-O que significa? -Enrica perguntou curiosa se aproximando e tocando suavemente os traços com os dedos instáveis como se temesse manchar sua pele se de fato o tocasse, o avaliando com atenção tentando achar um padrão.

-São tribais, a maioria são sagradas significa a trajetória e indentidade de cada um. -Kennedy explica erguendo o braço para que ela pudesse vê melhor. -Isso porque quanto mais tatuagens tivesse um guerreiro, melhor ele seria. -Kennedy conta para ela que o fitava com atenção.

-Isso é muito intenso... -Enrica diz por falta de palavra melhor.

-Admito que acordei com algumas sem saber aonde tinha feito, mas ao menos tive o bom senso de não tatuar nenhuma idiotice. -Kennedy alivia o clima tocando a pontinha de seu nariz com o dedo.

-Tipo uma tatuagem de piranha? -Enrica sugeriu com escárnio o encarando com pura diversão nos olhos.

-Tipo isso. -Ele diz a puxando para perto e beijando sua testa. -Você não me contou que tatuagem queria fazer. -Ele se lembrar a encarando com curiosidade.

-Não tem importância, minha mãe nunca me deixaria fazer uma. -Enrica garante a ele enquanto afagava seu sedoso cabelo de surfista.

-Ninguém disse que ela precisava saber. -Kennedy comenta com aquele olhar de cobiça que vez ou outra ele dedicava a ela.

-Você é um delinquente pare de tentar me influenciar. -Enrica reclama de brincadeira subindo em seu colo, uma perna em cada lado do seu corpo.

-A tatuagem En. -Kennedy insiste segurando sua cintura com as mãos grandes. -Se não vou te encher de cosquinhas até você dá aquela risadinha adorável de novo. -Kennedy diz beijando a pontinha do seu nariz.

-Tudo bem, eu digo, não precisa apelar. -Enrica faz uma careta, pensando apenas por um instante. -Batimentos cardíacos, mas sem aqueles corações bregas, apenas batimentos cardíacos no pulso. -Enrica esclarece estudando sua reação.

-É a futura médica em você falando? -Kennedy pergunta se lembrando de uma conversa que tiveram noite passada.

-É cardiologista para ser mais exata. -Enrica explica deixando sua mente devagar.

-Como um monitor cardíaco? -Kennedy parece por fim compreender.

-Exatamente. -Enrica concorda feliz por se fazer entender.

-É um belo motivo para multilar a própria pele, e representa um sonho, uma meta, sua mãe nunca iria descobrir, eu tenho metade do corpo tatuado e minha mãe não sabe até hoje. -Kennedy conta a ela com um sorrisinho sapeca.

-É mas...eu sempre fui a boa garota, não sei se de repente posso fazer algo tão drástico. -Enrica admitiu insegura descansando a cabeça em seu ombro.

-Tudo bem e se....eu fizesse uma também? A mesma tatuagem no mesmo lugar. -Kennedy propôs apoiando o queixo no topo de sua cabeça.

-Não pode tá falando sério, que significado teria pra você. -Enrica questiona erguendo a cabeça e o fitando com um olhar inquisidor.

-Mas do que você imagina. -Kennedy diz mistérioso, mas ela não perguntou, suspeitou que saberia quando ele quisesse contar.

-Isso é loucura. -Enrica constata num sussurro fraco, enquanto acariciava a nuca de Kennedy com os dedos macios.

-Nunca é demais agir com insanidade ao menos uma vez na vida, não pode ter medo de cometer erros, isso é inevitável. -Kennedy garante a ela, enquanto aproveitava aquela proximidade para exalar o delicioso cheiro que vinha dela.

E sem pensar muito ela se viu acendindo:

-Não vai doer vai? -Enrica pergunta, insegura se havia feito a escolha certa.

-Como ter a pele queimada por ferro. -Kennedy brinca dando uma piscadela.

                                 ...

Beatriz havia se despedindo de Johnny ainda pouco, esse tinha um importante jogo para liderar, e ela mais um dos ensaios matinais das líderes, estava prestes a correr até às escadas da entrada quando notou Matheus ali, ele estava com uma cara péssima e emburrada, e mesmo que estivesse com presa ela sabia que seria uma pessoa horrível se finge não vê-lo ali.

Com um suspiro Beatriz foi até ele, tento um velho relance dos velhos tempos quando eram bem próximos, talvez um tempo antes de conhecer Amanda, quando Beatriz se sentou ao seu lado ele não reagiu, sequer pareceu surpreso, apenas continuou fitando o chão com uma expressão cada vez mais furiosa.

-Ei Matt, tá tudo bem? -Beatriz pergunta afastando os cabelos loiros que o vento insistia em arremessar para sua boca.

-Eu pareço bem? -Matheus questiona com hostilidade sem encara-la.

Beatriz começava a pensar que não era um bom momento quando ele resolveu continuar:

-Por que as vezes você acha que conhece uma pessoa melhor que você mesmo, e no momento seguinte você percebe que essa pessoa não existia. -Matheus diz com a voz rouca.

-O que houve? -Beatriz insiste pousando uma mão calorosa em seu ombro.

-Eu meio que estraguei tudo. -Matheus admitiu sem graça, o rosto finalmente relaxando.

-Contou pro Dean como se sentia? -Beatriz chuta observando os próprios tênis sujos no gramado verde do Campus.

-Pior, eu beijei ele...e ele correspondeu...e depois meio que teve um dos piores ataques homofóbicos que eu já tive o desprazer de presenciar. -Matheus diz apoiando os cotovelos nos joelhos e entrelaçando as mãos.

-Eu sinto muito. -Chocada demais foi tudo que Beatriz conseguiu dizer, em seguida deitando a cabeça no ombro do amigo.

Destino imperfeitoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora