08.

28 23 8
                                    

As pizzas Enrica tinha que admitir pareciam realmente gostosas, eram servidas em fatias grandes e bem temperadas com bastante molho e  um forte odor de orégan que a fez torcer o nariz involuntáriamente, Kennedy não falou nada enquanto ela mastigava os primeiros pedaços, apenas a observava atento como se esperasse dela alguma reação, sua fatia ainda intocada a sua frente na mesa, quando por fim ela engoliu aprovando a pizza ele sorriu de uma maneira presunsosa:

-Não comeu suas as azeitonas. -Kennedy observa finalmente levando um pedaço da pizza a boca.

-Eu não gosto de azeitona. -Explica Enrica enquanto afasta uma azeitona para a Beira do prato com o garfo.

Kennedy ergue as sobracelhas sem acreditar um tanto indignado:

-É a melhor parte, se você não come fica faltando alguma coisa. -Kennedy comenta furando uma azeitona com o garfo e o levando a boca.

-Eu gosto assim. -Enrica dá de  ombros enquanto cortava mais uma fatia.

Kennedy a fitou por alguns instantes com um sorriso mínimo no rosto como se estivesse se divertisse com a sua temosia, e por fim relançou o prato de Enrica e roubou dali com uma garfada rápida uma de suas azeitonas a levando diretamente a boca.

Enrica o fitou boquiaberta em seguida contorcendo o rosto em desaprovação.

-Ei, não me olhe como eu tivesse acabado de dizer que não gosto de filhotes de panda, você não ia comer. -Kennedy dá de ombros de uma forma descontraída achando graça.

-Não ia mas dá próxima vez que aproximar as patinhas do meu prato vou enfiar um garfo nela. -Ameaça Enrica de brincadeira.

-Tudo bem, nada de azeitonas pra mim. -Kennedy ergue as mãos com quem se rende lutando para não ri.

-Você estuda aqui à muito tempo? -Enrica pergunta levando o garfo a boca.

-Desde de que me entendo por gente, mas isso não faz muito tempo. -Admite ele com um sorriso debochado.

-Como descobriu que sabe.... gostava fotografar? -Enrica questiona sugando seu canudinho.

-Eu acho que no fundo eu sempre soube, essa não é uma daquelas coisas que nascem com a gente? -Kennedy fala com descaso como se não soubesse ao certo.

-Acho que sim. -Enrica sorri surpresa pela sua resposta.

-Escuta essa uma vez uma agência me contratou...e eu fiquei tão entusiasmado com a expectativa de fotografar garotas de biquíni que nem me dei ao trabalho de conferir o link do site. -Kennedy conta animado, aquele brilho no seu olhar dando as caras novamente. -Quando cheguei lá minha cara de decepção ao constatar que a única coisa que eu ia fotografar de biquine era um buldogue foi digna de pena. - Conclui por fim com uma falsa  expressão sofrida.

Enrica tentou se manter seria e conseguiu por alguns segundos  mas foi incapaz de se conter ao olhar para sua careta de dor e sofrimento.

-Claro que hoje em dia à história me  rende umas boas gargalhadas, mas na época trabalhei lá por quase um mês antes de descobrir que língua estranha meu chefe falava, e por fim usar um tradutor de áudio para dizer: "Eu me demito" em russo. -Kennedy conta ele mesmo com certa dificuldade em conter o riso.

-Ele deve ter ficado um tanto decepecionado com uma perda tão significativa. -Enrica rebate rindo.

-Duvido que sequer tenha dado minha falta acho que ele me demitiu tempos atrás, como eu iria saber? -Kennedy Justifica com um sorriso divertido. -E você o que tem pra me contar? -Kennedy preciona levando o seu garfo com um pedaço grande de pizza a boca.

-Não tenho nada interresante pra contar, minha vida tem sido um completo tédio até aqui. -Enrica se nega a responder.

-Todo mundo tem uma boa história pra contar. -Kennedy insistiu a fitando com atenção seu olhar de novo a mercê do dela.

E por alguma razão estranha Enrica não conseguia olhar nos seus olhos e negar a ele o que ele pedia.

-O que você quer saber? -Enrica cede por fim.

-Me conte algo feliz, da sua infância talvez. -Kennedy incentiva esperando pacientemente por sua resposta.

Enrica vasculha na memória algo que pudesse compartilhar com aquele completo estranho sem lhe dar muitos detalhes da sua vida pessoal e por fim se decidiu:

-Quando eu tinha sete anos meu pai me levou a esse brechó, na verdade estávamos apenas de passagem, quando começou a chover muito forte....eu não me em sair por ai corredo na chuva, mas ele disse que isso poderia me deixar doente, então entramos nesse brechó e encontramos as coisas mais malucas que já vi na minha vida... eu fiquei distraída com o lugar e quando vi ele já tinha  comprado esse guarda chuva pra mim, e com ele nos corremos juntos até nossa casa, sei que parece bobo, mas são essas coisas que eu mais me lembro dele. -Enrica diz envergonhada.

-Não é bobo, é meigo e mostra que no fundo você não se resente tanto dele a ponto de esquecer seus momentos bons. -Kennedy fala como se entendesse completamente, durante toda a história ele a havia escutado com atenção. -Nem todo mundo  consegue fazer isso. -Kennedy diz ficando sombrio de repente.

Kennedy havia ficado pensativo e afim de faze-lo falar Enrica comentou:

-Você tem um relógio no pulso errado. -Ela observa falando a primeira coisa que lhe veio na cabeça.

-Sabia que eu nunca tinha percebido? -Kennedy brinca de repente voltando a ser o mesmo de antes. -Ainda é o mesmo? -Ele pergunta a deixando confusa.

-O mesmo? -Enrica pergunta confusa frazindo o ceno.

-O guarda-chuva. -Kennedy esclarce bebericando seu suco.

-Ah isso, com certeza, por isso é tão especial. -Enrica explica a ele fazendo o mesmo.

-Sei que mal me conhece, mas mais tarde vai ter um treino de basquete se quiser passa por lá, a gente pode bater um bolinha. -Kennedy incentiva o olhar cheio de esperanças.

-Acho que ia ser divertido, você pode me ver tentar. -Enrica faz uma careta rejeitando a ideia.

-Você não pode ser tão ruim. -Kennedy sorri largamente para ela lhe mostrando uma fileira de belos dentes brancos.

-Ah claro, você tá falando com a única garota que conseguiu fazer a proeza de chutar a bola na própria cara. -Enrica descarta a ideia negando com a cabeça.

-Eu posso te ensinar algumas coisas. -Kennedy promete a ela a fitando com diversão. -Só não quero que deixe de ir por se intimidar com meu evidente talento. -Ele brinca se pondo de pé seu olhar a fitou por mais um breve instante antes de colocar uma nota de cinquenta na mesa e  se afastar, rumo a uma das salas de aula.

Destino imperfeitoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora