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Lili estava detida no seu velho sofá verde cor de ervilhar completamente imóvel, Enrica a sua frente ainda tinha os olhos vidrados na tela da TV apesar de ambas já estarem com os olhos vermelhos de sono, Lili acariciava os cabelos macios da filha com tertura, enquanto observava essa sorri levemente quando tocou sua música preferida que havia dado nome ao filme, Lili poderia ficar ali por horas vendo a filha sorri, e sussurar baixinho a letra da música, Enrica crescia mais rápido do que Lili podia acompanhar em cada nova fase da sua vida a filha parecia ter uma personalidade nova, e quando Lili finalmente pensava estar começando a entende-la ela já havia crescido de novo e a deixado para trás, Enrica já era uma adolescente quase uma adulta, como ela ainda parecia pertencer tanto a ela? Ainda se encaixava tão bem nos seus braços, Lili não queria deixa-la partir.

No dia seguinte tudo seria diferente, Enrica não estaria mais em casa quando Lili voltasse do trabalho, elas não se encolheriam mais naquele pequeno sofá gasto para ver: "Mamma-mia" tudo estava preste a mudar, Lili nunca mais iria acordar para ir ao banheiro e constatar que a luz do quarto da filha estava ligada o que indicava que ela ainda não havia ido dormir, queria freiar o tempo e voltar para uma época mais simples, quando Enrica era só uma garotinha e o pai a levava ao teatro para vê a: "A bela e a fera" os três sempre haviam sido tão felizes, Lili não conseguia entender aonde tudo havia desandado.

Desde de os cinco anos Enrica não via o pai, e desde de a mesma época Lili não via o ex-marido que apenas mandava cheques gordos a Lili para que sustentasse a filha, nunca ligou ou mandou um presente, com o tempo Lili percebeu aliviada que a filha estava começando a se esquecer dele, nos dias atuais Enrica quase não mencionava o pai, e parecia viver bem com isso.

Quando o filme por fim acabou Lili beijou demoradamente a testa da filha, Enrica havia permanecido firme e forte até o filme acabar, apesar do seu evidente cansaço, a mãe sorriu satisfeita, certas coisas jamais mudavam, quando Enrica se ergueu do seu lugar no sofá de frente para Lili, está observou a filha por um longo tempo, Enrica tinha seu queixo, e os mesmos cabelos cor de cobre, porém todo seu rosto lembrava Lili da beleza que um dia à havia atraído em seu pai, as vezes como agora sentia falta dele.

Por fim Lili se pôs de pé e pegou a tigela de pipoca vazia que descasava na mesa de vidro no centro da sala, Enrica havia se encolhido em volta das cobertas que haviam usado e a observava com atenção:

-En, acho que devia ir se deitar, já está tarde e amanhã você tem um grande dia pela frente. -Fala Lili tentando disfarçar a voz embargada.

-Mãe! Eu vou ficar bem. -Garantiu Enrica com um sorriso brincalhão. -Você estará pertinho de mim o tempo todo. -Lembrou Enrica com uma careta.

-Sei disso passarinho, é só que vou me sentir muito sozinha quando você for. -Confesa Lili indo até a cozinha separada da sala por uma bancada e colocando tigela de pipoca na pia.

-Ah mamãe, não faça eu me senti mais culpada do que já estou. -Repreende Enrica aborrecida.

-Não passarinho, não quero que fique, quero que seja feliz e realize seus sonhos. -Esclarece Lili voltando para o sofá e sentando ao seu lado. -É só que....sempre foi apenas nos duas, sentirei falta do que tínhamos. -Lili explica pegando as mãos da filha e apertando nas suas.

-O que temos mamãe, nada precisa mudar. -Garante Enrica deitando no peito da mãe.

-Mas vai passarinho, é inevitável. -Lili comenta tristemente. -Mas estou muito orgulhosa de você, sei que um dia será uma grande médica. -Lili conta com entusiasmo enquanto envolve a filha em seus braços novamente e a aberta demoadamente contra o peito.

-Sei que sim. -Fala Enrica com confiança.

-Agora vá dormi, amanhã será um novo dia, tudo será diferente, mas precisa dormir. -Lili dá tapinhas nas costas da filha a incentivando a se levantar.

-Tudo bem. -Diz Enrica se pondo de pé e calçando suas sandálias, indo rumo às escadas do apartamento.

Mas tarde naquela noite quando teve a certeza de que a filha dormia, Lili foi até lá e entreabriu a porta cuidadosamente, seria a última vez que poderia observar sua pequena criança dormir, agora a cama de Enrica era pequena demais para ela, as cortinas amarelas marcadas com pequenas mãozinhas de tinta faziam o quarto parecer dá criança que a filha havia sido um dia, os avioeszinhos coloridos pregados no teto com fita adesiva dava ao lugar um ar pitoresco, e toda vez que uma brisa entrava ali pela janela os barbante que os mantiam no ar davam a impressão de eles estarem de fato flutuando no ar, Lili sabia que era o certo, mas sentiria uma falta imensa da filha, mesmo sabendo que sempre poderia ve-la, já que agora a filha estudava no mesmo lugar aonde Lili trabalhava: "Makdover" a melhor escola do país, desde de que começará a trabalhar ali como cozinheira, era o sonho de Lili, que a filha conseguisse uma vaga ali, mas era extremamente difícil consegui uma prova para bolsista e Lili não podia bancar para que a filha estudasse naquele lugar.

Foi então que exatamente a dois meses atrás Lili resolveu apelar, e ligou para Henry seu ex-marido em busca de ajuda, Enrica ia começar o ensino médio e Lili o covenceu que aquela era a melhor escola para a filha, aonde ela receberia a melhor educação possível, supreendentemente um mês depois a carta de aceitação dela havia chegado, então Lili imaginou que como um homem influente não havia sido problema para Henry conseguir matricular a filha ali.

De repente tudo parecia se encaixar, as única despesas de Lili seriam com os matérias didáticos e os uniformes, e estes ela já havia comprado, estava tudo certo e na manhã seguinte Enrica teria a vida que a mãe sempre desejara para ela.

Destino imperfeitoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora