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-Não tinha certeza se Ingrid se lembrava de alimentar o pequenino. -Kennedy diz assim que Enrica sai do banheiro ainda observando a tartaruga nadar livremente pelo aquário.

-Quem é Ingrid? -Enrica perguntou enquanto usava uma toalha que achara ali para secar o cabelo.

-Soaria esnobe se eu dissesse empregada? -Kennedy brinca estudando sua reação.

-Bastante. -Enrica sorri pra ele, se aproximando.

-Ela é a "cuidadora do lar". -Kennedy diz sarcásticamente finalmente a encarando. -Uau, você deveria usar minhas roupas mais vezes. -Ele deixa escapar enquanto seus olhos inquietos avaliam involuntariamente todo seu corpo, principalmente as partes expostas.

-Se comporte. -Enrica instrui se sentando ao seu lado na cama.

-Não se preocupe, eu sei ser um cavalheiro. -Kennedy diz com escárnio, se deitando na cama e abrindo espaço para ela.

-Tudo bem, vou confiar em você. -Enrica diz se deitado ao seu lado e se aconchegando em seus braços.

Kennedy também havia tomado banho pois tinha os cabelos úmidos, e também havia trocado de roupa, provavelmente devia ter um banheiro a cada corredor a esquerda naquela casa, mas por apenas um instante Enrica se obrigou a esquecer tudo e apenas aproveitar o calor que exalava do corpo de Kennedy para o seu, ele tinha os braços protetores em volta dela, e sua cabeça estava contra seu peito a permitindo ouvir as batidas de seu coração.

-Me desculpa pela forma como agi, quando me contou a verdade, não é atoa que acha que eu não tô preparada para saber o resto. -Enrica reconhece erguendo o rosto e o encarando.

-Eu queria poder te contar, desde de que eu te conheci tudo que eu quero é me abrir pra você, compartilhar tudo que tenho dentro de mim, mas esse é um fardo meu, e se eu te contar você nunca mais me verá da mesma forma... -Kennedy explica afagando seus cabelos macios. -Não é você que não está preparada, sou eu, eu não quero que as coisas entre nós mude, você me faz feliz, e eu não quero perde-la.

-Não vai, eu prometo. -Enrica acariciou suavemente seu rosto. -Eu confio em você, mas preciso que também confie em mim, eu não me importo em te ajudar a carregar seu fardo, é isso que fazemos pelas pessoas que amamos. -Enrica diz deixando a última frase escapar.

Kennedy engoliu em seco a fitando surpreso com um sorrisinho bobo nos lábios:

-Você me ama? -Ele pergunta a ela incapaz de esconder seu contentamento.

Enrica abaixa a cabeça corando, mas corajosamente volta a encara-lo:

-É, eu te amo. -Enrica arrisca mesmo que ele não fosse dizer o mesmo, ele precisava saber.

-Que bom, sabe por que? -Kennedy pergunta beijando seu queixo suavemente com os lábios úmidos.

Enrica nega, incapaz de formular uma palavra com seus lábios a tocando daquela maneira.

-Porque eu também te amo, e quero fazer a gente dar certo. -Kennedy admite afastando o rosto do seu e a fitando.

-Pra isso precisamos nos conhecer, porque sinto que você não sabe nada sobre mim. -Enrica admite sem graça.

-Então pode me contar tudo o que estiver disposta a compartilhar, temos a noite inteira. -Kennedy encoraja.

E foi o que aconteceu, Enrica passou vários minutos narrando toda a sua história, enquanto Kennedy escutava com atenção e fazia comentários ocasionais, ela contou de seu pai, da sua mãe e de Jason, de como ele tem sido bom para elas, de como se sentia em relação a isso, sobre Amanda e a maneira como ela sempre a tratava, sobre como adorava Beatriz, e em como ficará feliz em entrar para as líderes, a essa altura eles haviam apagado as luzes, e encaravam a escuridão enquanto conversavam tranquilamente.

Ela deitada em seu peito e ele eventualmente roubando alguns beijos e carícias aqui e ali, quando finalmente dormiram Kennedy sentia que conhecia uma parte nova de Enrica, uma que não havia reparado que ela tinha, agora conhecia suas dores, suas alegrias, e talvez ele nunca pudesse ser completamente aberto com ela como Enrica havia sido com ele, mas quando o momento chegasse ele iria tentar, pois nunca havia sido tão feliz com uma pessoa como era com ela.

                              .........

Johnny havia pegado "emprestado" um dos buggys de turismo que a escola disponibilizava para que os futuros alunos ou pais fossem levados para um passeio pelo Campus, afim de conhecer melhor a escola, ao seu lado Beatriz olhava em volta ao mesmo tempo contente e frustada por ter sido tirada da cama antes do sol nascer, para acompanhar Johnny na sua aventura fora da lei.

Ela não sabia para onde ele a estava levando mas estava contente que ele não tivesse desistido dela, embora ultimamente eles não tivessem tido muito tempo para um outro, com a formatura chegando, e os jogos olímpicos da escola, o que a deixava cheia de coreografias novas para aprender.

Quando Johnny finalmente estacionou ela percebeu que estavam no limite do terreno aonde podia ouvir o som do ondas do mar se quebrando na parte do terreno aonde eles estavam, se ficasse bem próxima da beira poderia ver o mar desgovernado lá em baixo, o céu ainda estava escurecido a Aurora quase dando as caras.

-É melhor se apressar senão quiser perder o espetáculo. -Diz Johnny saindo do buggy e levando com ele os dois cafés que havia comprado para eles.

Curiosa e ainda sonolenta Beatriz o seguiu só para constar que ali perto do precipício já havia uma toalha de mesa disposta para eles sentarem, Johnny conferiu no relógio uma última vez e disse:

-Não é o por do sol da toscana, mas vai ter que servir. -Ele diz entregando a ela seu café.

E quase em seguida os primeiros raios de sol começaram a nascer em pequenos raios alaranjados iluminado o céu aos poucos, crescendo cada vez mais no horizonte, o mar lá embaixo esguiçava pequenas gotículas de água neles mas nenhum dos dois pareceu se importar, era o por do sol mais belo que Beatriz já havia presenciado na vida, havia um silêncio de cumplicidade entre eles, e Beatriz sorriu satisfeita por ele está ao seu lado.

Destino imperfeitoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora