Capítulo 136 - Ínfima Esperança

Start from the beginning
                                    

Era a vez do demônio gordo agora, mas quinto demônio surgiu saltado por cima dele e parando em sua frente. Este era diferente. Usava um peitoral e braçadeiras de couro negro, onde um curto manto cobria sem ombros e peito. Suas botas metálicas, revestidas por pele de animal, subiam até seus joelhos. Sua cabeça não parecia ter carne, pois sua pele avermelhada desenhava seu crânio muito bem. Seus olhos – como de praxe – eram negros como a escuridão. Em suas costas, estava uma espada maior e mais afinada do que o normal, onde haviam duas pontas afiadas, de cada lado, no meio da espada, separada poucos centímetros entre si. Em cada lado de sua cabeça, havia um chifre em formato de "L" pontiagudo. Sua boca não tinha lábios, então seus dentes podres estavam sempre a mostra.

Porra, você é muito forte. Foi divertido ver você acabar com meus lacaios – Ele olhou para o teto. Um demônio estava encrustado em três rochas pontiagudas, e o sangue começou a gotejar. – Eu gosto de nomes, dizem muito sobre você. Eu me chamo Punidor, e você, mulher?

Pietra segurou o cabo da espada com as duas mãos e trouxe a lâmina para frente, em uma posição mais defensiva. Algo dizia para ela tomar mais cuidado com esse tal de Punidor.

– Caçadora de Demônios. Não é um prazer – ela disse.

Punidor gargalhou secamente.

Você acha que lutarei contra você? – Ele negou com a cabeça. – Não, não. Como eu disse... Porra, você é forte. Uma escrava como você seria muito útil. Talvez até meu rei tenha interesse em você.

Punidor virou as costas e começou a ir em direção ao demônio gordo. Pietra avançou neste momento.

Ezy.

Da palma da mão do demônio – que assim como sua cabeça, não parecia ter carne – emanou roxo, e uma energia da mesma cor envolveu Pietra, fazendo seu corpo travar.

Mas, para ser minha escrava, irá precisar de um bom adestramento, pelo jeito. Punidor pegou o porrete e caminhou até Pietra. Ele chutou a perna dela, fazendo-a cair no chão. – Sua primeira lição é: nunca erga uma lâmina contra mim, desgraçada.

Ele ergueu o porrete. Ela tentou se mover, mas não conseguia. Com o primeiro golpe, a visão da Pietra tremeu. Com o segundo, sua visão embaçou. Com o terceiro, sua visão escureceu.

Pietra começou a recobrar a sua consciência com balanços contínuos. Quando abriu os olhos, percebeu que estava em uma espécie de carroça com barras de ferro – para impedir que fuja, claro. A carroça seguia caminho entre a intensa tempestade de neve. Achou estranho uma carroça em grande velocidade com tanta neve. Ela percebeu que estava coberta pelo manto de pele, apesar de ainda estar sentindo um pouco de frio. Pietra se esticou para perguntar o que havia acontecido depois que ela apagou para os outros quatro que estavam enjauladas consigo, mas logo percebeu que estavam mortos.

Morreram de frio, ela pensou enquanto olhava a pele dos cadáveres levemente azulada.

Pietra escutou baixos gemidos. Semicerrando os olhos – a nevasca atrapalhava sua visão –, ela conseguiu ver as crianças. Estavam todos juntos, tremendo de frio sob o casaco de pele. De imediato, Pietra engatinhou sobre os mortos e alcançou as crianças. Ela os abraçou e partilhou de seu calor e manto de pele.

– Vai ficar tudo bem – ela sussurrou. – Eu irei proteger vocês.

Após alguns minutos, eles saíram da nevasca, e entraram em um campo ensolarado e florido – como Eri havia dito, era apenas uma região que nevava intensamente sem parar. Mesmo que o calor começasse a aquecê-los demais, Pietra não ousaria tirar o casaco de cima das crianças, haviam cadáveres ali, afinal... e um podia ser familiar de uma das crianças.

Pouco tempo depois, a carroça enfim parou. Pietra logo percebeu o cenário ao seu redor: todo o lugar era apodrecido; as flores, árvores, o solo. Nenhum animal perambulava por ali, nem mesmo insetos. Também percebeu que haviam mais três carroças, e todas elas eram puxadas por demônios sobre quatro patas, assemelhavam-se a cachorros, mas tinham dois orifícios ao invés de um focinho, eram mais musculosos, sua pele era cinzenta e enrugada. Estes, eram os carniçais.

Um demônio abriu a jaula e as crianças e Pietra desceram – ela era a única que não estava acorrentada. Pietra viu o demônio gordo arrastar o seu machado vermelho.

É muito pesado – ele reclamou.

Pietra achou graça daquilo. Para ela, era leve.

Cinco vivos, mas apenas uma carne adulta – disse o demônio perto dela.

Todos mortos – informou o da segunda carroça.

Aqui também – disse o da terceira.

Dois vivos. Adultos – comentou o da quarta.

Dos dois adultos que saíram, um era a Eri. O outro era homem, cujo Pietra não sabia o nome. Desesperadamente, ele socou o demônio ao seu lado, mas, antes que pudesse fazer algo além, uma lâmina traspassou sua cabeça saindo pela boca. Assustada, Eri correu em direção a Pietra, e recaiu sobre as crianças. Os cinco choramingavam.

Quando o corpo do homem caiu no chão, revelou o Punidor.

Você não tem corrente porque não iria adiantar de nada com sua força, não é? – ele disse para Pietra.

Enquanto Eri e as crianças ficam no chão sem olhar para o demônio, Pietra se manteve de pé e encarou o os olhos negros com os seus. Ela abriu um sorriso, para qualquer um, seria um sorriso doce, mas Punidor se sentiu intimidado.

– Eu irei te matar. Partirei seu corpo ao meio com o meu machado – Pietra disse, serenamente e sem perder o sorriso doce.

Punidor ficou em silêncio por um instante.

Ponham correntes nela – ordenou.

Continua <3 :p

Os Cinco SelosWhere stories live. Discover now