Eu não vejo o Dean em lado nenhum, e a única pessoa ao balcão é a Tiffany, ela enrola o seu espesso cabelo loiro em volta do seu indicador, enquanto folheia algumas revistas.

Eu aproximo-me do balcão e eu sei que ela não gosta de mim, e que provavelmente é porque ela gostava do Harry, mas eu não estou com o Harry agora, então eu só preciso de ser simpática.

-Bom dia.- eu sorriu.

Ela levanta a cabeça e olha para mim como se eu fosse um extra terrestre.

-Hey.- ela finalmente murmura.

-Sabes aquilo de substituir o Dean? Eu queria tentar.- Eu estou mesmo a ser educada, então é bom que ela não venha com nenhuma investida, porque não estou preparada para chorar na frente dela.

-bom podes preencher aquele impresso.- ela aponto o indicador para o fim do balcão.

Ela não é rude, mas também não é simpática. Eu ando até lá e preencho todos os espaços. Até aquela pergunta irritante de "Porque quer ficar com o lugar" sinceramente, é obvio que se me inscrevo quero é trabalhar para ganhar dinheiro. Eu tagarelo alguma coisa como adorar o estabelecimento e se situar perto da universidade.

Eu escolhi o horário das 15:30, porque todas as minhas aulas acabam nesse horário. Alguma no entanto requerem mais atenção, mas eu posso afinar alguns pormenores sobre isso se for escolhida.

Eu entrego-lhe o papel, e sorriu-lhe agradecendo. Eu caminho para fora do estabelecimento, e eu vejo um vulto encostado a um carro no fim da rua. Eu cerro os meus olhos para ver, e eu não posso evitar o meu coração palpitar enquanto eu penso na possibilidade de ser o Harry. Eu quero vê-lo, mas ao mesmo tempo eu não quero. Eu sei que eu vou chorar, e eu não quero.

Eu vejo que o homem é alto demais mesmo para o Harry e eu ponho de parte a ideia. Eu caminho na direção dele, porque a universidade fica para aquele lado. Eu vou me apercebendo de que ele está a olhar para mim, mas mesmo assim ele tenta parecer despercebido. Ele encosta-se ao carro, e eu passo por ele. Ele está vestido de preto.

Eu sinto um arrepio e eu penso se foi porque o vento se levantou, eu olho para as janelas do carro e eu não vejo nada lá dentro, por uns segundos eu fixo o meu olhar no vidro do carro mas vejo apenas névoa, meu coração salta, o que me faz andar mais depressa.

Eu estou a ficar paranoica só pode ser isso. Era só um homem encostado a um carro, não pode acontecer grande coisa. Milhares de pessoas passaram por ali, certamente ele está á espera da filha, ou da namorada.

Eu cruzo os portões da universidade e caminho de novo até ao apartamento. Estar a ir sozinha para o apartamento é meio estranho, assim como sair, mas eu vou ter que me habituar a viver sozinha. Inicialmente era esse o objetivo desta viagem, mas tornou-se mais do que isso.

Eu digo bom dia ao Nathan, mas ele para-me com um sorriso.

-Soph.- ele sorri.

-precisa de alguma coisa Nathan?- franzo o sobre olho.

-está aqui a renda deste mês.- ele entrega-me o envelope e eu finjo um sorriso.

-obrigada Nathan.- eu agarro e volto ao meu caminho.

Eu tenho a certeza que Nathan reparou que o Harry não tem estado em casa, eu acho que todos no nosso edifício tem reparado nisso. Eu não tenho saído, e ele saio e não entrou. Então eu acho que é uma questão de tempo até se começar a comentar o facto de ele ter saído.

Eu abro a porta de casa, e eu vou distraída com o envelope, eu oiço Mr.Whitte ronronar, e levanto a cabeça para lhe sorrir. Ele tem-me feito companhia e eu aprendi que ele pode ser um incrível consolador sem abrir a boca como as pessoas.

Eu deixo a carta de lado, e eu pego-lhe. Ele está muito maior do que ele era, mas não muito no entanto.

Eu vou até a dispensa e eu tiro uma lata de comida para ele. Eu poiso-o no chão e dou-lhe a comida para uma taça.

Enquanto ele come, eu percebo que a minha fome não voltou e que mais uma vez eu tenho-me "alimentado" por chá. Eu vou comer alguma coisa como bolachas talvez.

Eu vou até ao quarto e eu troco-me para um pijama quente e confortável. Eu deixei a t-shirt do Harry debaixo da almofada. Quando eu estiver preparada para deixar a t-shirt eu vou deixar, mas eu continuo a precisar de alguma segurança á noite quando eu estou a ter alguns pesadelos.

Eu agarro o meu telemóvel e atiro-me para o sofá enquanto eu ligo a minha televisão, é quase uma da tarde e eu não tenho vontade de voltar sair de casa. Eu acho que se eu não fosse tão energética eu ia deixar-me ficar em casa até ter oitenta anos. Mas mesmo assim eu preciso de gastar alguma da minha energia visto que eu só tenho dormido.

Eu ligo a televisão para ter alguma ilusão de companhia mas não estou mesmo a prestar atenção enquanto passo o dedo pelas aplicações no telemóvel. Eu escolho um jogo aleatoriamente eu tento prestar alguma atenção, mas eu não consigo. Eu preciso de uma distração a sério, então eu lembro-me de uma espécie de terapia.

Eu corro e busco o meu bloco de desenhos enquanto eu pego numa caneta preta. Consiste em desenhar imagens abstratas, uma de cada vez e preenche-las até nada caber dentro da imagem, e assim até formar um grande conjunto. Não parecendo acalma-me e relaxa-me bastante.

Eu mexo a caneta sobre o papel e eu acho que vou conseguindo um bom desenho. Mas eu canso-me então eu acabo a desenhar uma caricatura estupida da Mélanie, a chefe de claque do meu liceu.

Eu riu-me com a minha imitação e deixo a minha cabeça descansar na almofada. É a primeira vez que passo umas horas sem chorar e está a ser mais fácil do que pensei, talvez o tempo cure mesmo tudo, a mente humana é bastante forte, mas tem um dom de também poder ser incrivelmente fraca quando quer. Eu posso tentar não pensar nele, mas a minha memória vai reavivar casa momento, cada beijo, e cada sentimento.

Eu assusto-me quando a campainha toca, e o meu coração bate. Será ele? Eu tento parecer normal e fazer com que o meu coração se acalme, mas enquanto eu ando até á porta eu rezo para que seja ele, mas ao mesmo tempo não. Porque eu não saberia como lidar com ele mesmo que eu quisesse.

Eu abro a porta, e a minha boca cai ao ver quem me tocou á campainha.

-Olá Sophia.

E as lágrimas querem voltar, eu quero rebobinar e nunca ter aberto a porta, e eu não quero que o medo tome conta de mim neste momento, mas é exatamente o sentimento que predomina em mim.

Medo




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