Uma profissão versátil

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Foi numa quarta feira, dia 22 de Fevereiro, que houve um tiroteio numa Escola Secundária situada na Florida que custou a vida a 17 pessoas. Após este massacre, Donald Trump esteve na presença de alguns pais das vítimas e de alguns sobreviventes, onde ponderou atribuir um treino especial, bem como conceder o direito ao porte de armas aos professores. Mas não o tomemos como parvo, é só "aos professores adeptos de armas com experiência ou treino militar ou especial - apenas os melhores".

Posto isto, deve ser intrigante pôr-mo-nos dentro do encéfalo do presidente Norte-Americano para que possamos perceber no que raio está ele a pensar. Em paralelo, vou tentar definir algumas medidas de segurança, de modo a ter uma abordagem menos trivial do assunto.

O incidente que ocorreu na escola de Parkland (Florida), compreende alunos entre o 9° e o 12° ano. Assim, por ventura, a primeira coisa que um agrupamento ou instituição escolar valoriza no currículo de um docente que procura contrato para lidar com miúdos até aos 18 anos, é a experiência que tem com armas, ou melhor, a familiaridade que tem com as mesmas (fator determinante). Mas isto fica por aqui, caso estejamos a falar de professores de ensino secundário.

Por outro lado, se aumentarmos a parada para o ensino superior é possível que os docentes, em vez de se ficarem pela a mariquice da política das "armas dissimuladas", é prudente dizer que se possa utilizar armas para além do banal homicídio. Exemplo de algumas utilidades benéficas são: um uso alternativo aos marcadores, desde aos laseres para enfatizar uma frase, até às cozinheiras da cantina. Passo a explicar, já que tudo está a parecer um pouco abstrato:

O primeiro, ao que parece, ainda não está oficialmente legislado (requer algum engenho), pois quer as munições, quer a arma em si, contêm pigmentos escuros (pólvora, óleo), perfeitos para o marcador preto cair em desuso. (O vermelho pode ser obtido após um tiroteio)

Já o segundo implica alguma pontaria e caso seja um professor com formação no manuseamento de snipers, tudo o que tem de fazer é pressionar o gatilho que acciona o laser e fazer pontaria ao quadro ou ao power-point. No entanto, se não for um professor treinado para usar este tipo de artilharia, isto é, um aluno, recomendo vivamente a não brincar com este laser na aula.

O terceiro, contudo, é um bocado fantástico, mas não deixa de valer a pena explorar a possibilidade de ser portador de armamento num refeitório. Na verdade, se supusermos que algumas das armas vêm equipadas com baionetas, a facilidade em cortar os ossos do borrego (porque é quase Páscoa) para uma escola de aproximadamente 3 mil alunos é, portanto, bastante promissor no que toca ao tempo de confeção das refeições e também na postura da fila do refeitório.

Por fim, o porte de armas em toda a gama do ensino, não só devia servir para cometer homicídios, ou até genocídios, mas também para incentivar o desuso de marcadores (contém químicos poluentes), para substituir aqueles laseres com que, por um lado os alunos brincam, por outro que os professores enfatizam certas matérias. E, quem sabe, até se pode vir a revelar um instrumento que venha a revolucionar a maneira como se confeciona o borrego nas cantinas escolares na Florida.

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