Capítulo 36 - Pedidos de desculpas seguidos por novas interações

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Quando Sol nos colocou de castigo, ela não estava brincando como eu imaginava. Digo, ela gritou para que entrássemos e disse que fomos super irresponsáveis por ficar lá fora a noite e sozinhos. Só que eu, na minha ingenuidade, imaginei que no dia seguinte ela nem daria bola e esqueceria da coisa toda.

Eu não diria que tomar meu carro por uma semana e nos restringir somente à escola era deixar o ocorrido de lado. Eu não reclamei nem nada, Apolo também não, ambos éramos maduros o suficiente para admitir que foi perigoso sair no meio da noite e ficar à mercê de um maluco psicopata qualquer.

Nesse meio tempo, Valentim seria o responsável pelo nosso transporte até a West Coast. A reação de Apolo ao receber essa notícia foi, no mínimo, peculiar. Eu, novamente sob a minha ingenuidade e inocência, só fui entender o porquê assim que Valentim começou a dirigir. Meu meio irmão era um risco à minha segurança e à pública também. Dessa forma, quando o sábado chegou, meu castigo foi embora e fui liberada tanto do perigo de morrer sob a direção de Tito, quanto para locomover-me livremente.

— Aonde vai tão cedo? – papai perguntou sentando à mesa tomando seu café diário.

Cedo, como ele falara, era um eufemismo. Para o meu padrão de finais de semanas, aquele horário era praticamente de madrugada.

— Resolver uma coisa importante – ele sabia ao que eu me referia, a nossa troca de olhar possuía poderes telepáticos.

— Você só pode ir depois que der um abraço no seu velho – revirei os olhos divertida e fui até ele. Meu pai se levantou e me deu um abraço de urso. — Agora sim você pode sair.

Eu sei que vivo reclamando da distância do condomínio do meu pai ao resto da cidade, mas pela primeira vez desde a minha chegada, eu agradecia por ela. Era justamente por sua causa que o trajeto até a casa de vovô demorava tanto, assim eu poderia pensar sobre o que conversaríamos.

Desde o momento que Clarisse apareceu em nossas vidas, eu me afastei da única pessoa que não me abandonou em momento algum. Eu e meu avô sempre tivemos uma ótima relação, ele era o meu herói e o amor que eu sentia por aquele homem era imensurável. Sendo assim, eu tinha que me acertar com ele, mesmo que suas ações tenham me magoado bastante. Todas as vezes que ele tentou entrar em contato comigo, eu neguei. Fugi da nossa conversa e ignorei que tínhamos assuntos pendentes. Até agora.

Abri a porta da frente com Maria Antonieta nos braços e Goku ao meu lado. Assim que entramos, soltei minha gata no chão e os dois animais adentram a casa explorando-a. Estava tudo silencioso, mas era só chegar próxima à cozinha que era possível escutar alguma coisa sendo preparada na frigideira. Quando entrei, vi Arthur virado de costas no fogão. Pelo cheiro, eram panquecas.

— Eu quero as minhas com calda de cereja – falei sentando-me no balcão de mármore. Artur já havia colocado os pratos e xícaras ali.

— Minha menina! – ele exclamou e veio até a mim com os braços estendidos. Ele me abraçou forte e eu fiz o mesmo. — Eu juro que da próxima vez que você brigar com o seu avô e me esquecer, irei eu mesmo te puxar pelos cabelos!

— Também senti sua falta, Art – sorri. Meu vôdrasto retornou para o fogão e voltou com algumas panquecas quentinhas. Ele me serviu, cobrindo com calda de cereja e um pouco de chantilly em cima. Exatamente do jeito que eu gostava.

— Deixou de ser cabeça dura e voltou a falar com Hermes? – Art perguntou servindo-se também.

— Aham – afirmei com a cabeça. — Eu liguei ontem a noite para dizer que viria hoje.

Artur assentiu com a cabeça enquanto tomava café.

— Isso é ótimo. Espero que as coisas sejam resolvidas logo. Seu avô estava desolado sem você, meu amor.

Por trás do gelo [Em revisão]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora