Capítulo 4 - Iniciação oficial em uma nova cidade

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Logo após sair de casa e iniciar uma caminhada com Oliver, percebi que, ao contrário do que eu imaginava, São Francisco ia muito além da ponte Golden Gate e as típicas casas vitorianas.

Enquanto caminhávamos em silêncio, pude absorver mais detalhes da cidade, como o jeito despreocupado das pessoas andarem, os morros que pareciam sem fim e familiaridade dos comerciantes com os moradores do bairro.

— No quê está pensando, Brise? – Oliver perguntou, sorrindo. — Pode ficar tranquila, seu pai não te deixaria sair comigo se ele já não tivesse um dossiê completo da minha vida – brincou. Ao menos eu achei que sim, sei lá, eu não convivia muito com meu pai para saber se ele era paranoico a esse ponto.

— Vocês foram vizinhos por muito tempo?

— Por uns três, quatro anos, por aí – disse meio distraído. — Vamos deixar o seu pai de lado e nos aventurar por aí, ok?

— Certo, mas meu lado aventureiro não inclui cometer ilegalidades – meu novo vizinho riu. — Para onde estamos indo?

— City Lights Bookstore, a melhor livraria e cafeteira da cidade! – respondeu entusiasmado.

Sorri para ele e observei enquanto tirava dois papéis pequenos do bolso, e, quando questionado, Oliver disse que eram os passes para o bonde que pegaríamos até North Beach, o bairro onde ficava a tal livraria. Foi possível notar o mesmo se aproximando rapidamente, o barulho de rodas ao contato com os trilhos o entregava.

Oliver pulou facilmente para dentro do bonde, ao passo que eu tive algumas dificuldades e tropecei em um senhor que estava próximo antes de cair de bunda. Meu quase-novo amigo riu da situação e depois disso entramos em silêncio. Aproveitei para admirar a cidade e o passeio de bonde. Durante o trajeto, fiquei enjoada devido as descidas dos morros da cidade, mas ignorei em prol das paisagens deslumbrantes da arquitetura antiga europeia mesclada com a modernidade americana de São Francisco.

Oliver me chamou e pulamos fora quando chegamos em nossa estação. Conduzida por ele, entramos em uma livraria com estilo antigo, cheirando a café fresco e com algumas mesas redondas de madeira. Em uma delas, havia uma garota loira usando celular e um garoto com a cabeça enfiada nos braços sobre a mesa, possivelmente dormindo. Oliver se encaminhou até eles e eu o segui.

— Demoramos muito, Julie?

A menina, Julie, sobressaltou-se quando viu Oliver. Ela se levantou e cutucou o garoto ao seu lado.

— Só o bastante para o meu sistema auditivo ser castigado por Gregory reclamando a cada cinco minutos – ela respondeu, olhando divertida para seu amigo de cara emburrada.

— Não me envergonhe na frente de visitas, Juliette – Gregory, o garoto moreno de traços indígenas e braços cobertos por tatuagens, falou. — Olá, gracinha. Vem sempre aqui?

— Não, e se você vier aqui com frequência, aí que não virei mesmo.

Oliver e Juliette riram, Gregory apenas me olhou sorrindo.

— Gostei de você – falou. — Gostei mesmo.

Julie deu um empurrão em seu amigo com os ombros, e olhou para mim. Ela me analisava profundamente, como se vasculhasse seu cérebro em busca de onde me conhecia.

Por trás do gelo [Em revisão]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora