Por trás do gelo [Em revisão]

Capítulo 13 - Partidas de hóquei são ótimas para fazer novas amizades

A sensação de subir um morro correndo, carregando um urso polar obeso, era a mesma de dar voltas pela quadra com Gregory amarrado à minha cintura.

— Que diabos você anda comendo? – reclamei ofegante.

Os treinos de hóquei costumavam ser bem menos massacrantes lá no Alasca. Na West Coast High School eles pareciam sentir prazer ao nos submeter a treinos pesados como aquele.

— As mais diversas e saudáveis opções alimentícias do Mc Donald's – Greg respondeu orgulhoso.

— Você é a razão pela qual as industrias de fast food não vão à falência – pontuei séria.

— E sou muito bem recompensado com gorduras trans – dessa vez eu ri.

Ainda restavam duas voltas e eu tinha apenas um pulmão em funcionamento. Era de se esperar que eu aguentasse mais, uma vez que meu condicionamento físico não era ruim, entretanto, carregar um corpo composto de setenta por cento de tecido adiposo, não era algo que eu estava acostumada a lidar. Outra coisa que mesmo com semanas de convívio eu não estava acostumada, era lidar com um time inteiro andando sem camisa para lá e para cá no vestiário. Até aquele momento, eu podia afirmar que havia sim certas vantagens em estar em um time masculino.

Depois de ter completado todas as minhas voltas, Hank mandou que nos separássemos em dois times. Um teria o Maddox como capitão e o outro, eu. Ainda que eu estivesse treinado com o resto dos meninos há mais ou menos um mês, eu não os conhecia há anos, como Apolo conhecia. Isso seria uma desvantagem.

Os times ficaram divididos com seis integrantes em cada um. Embora eu não conhecesse meu time tão bem quanto Apolo parecia conhecer o dele, eu estava aliviada. Para ser sincera, mesmo com as punições que Hank atribuía aos garotos toda vez que eles queriam bancar os engraçadinhos comigo, muitos não se importavam e continuavam a fazer piadinhas sobre mim. E para minha felicidade, os meninos que estavam comigo eram um dos poucos que não eram claramente machistas.

Assim, ao meu lado ficaram Justin, Stuart, Bradley, George e Dan Stulbach. Defensor direito, atacante esquerdo, goleiro, defensor esquerdo e atacante direito respectivamente. O treinador Hank mandou que nos posicionássemos em face-off e soprou o apito.

O disco começou a rolar sob o domínio de Apolo e seu time. Eles investiam contra nós sem dó alguma, mas eu não estava tão preocupada assim pois a defesa do meu time era ótima. Justin, em uma manobra inteligente e veloz, conseguiu interceptar o disco emborrachado de Gregory e o jogou para mim, que estava mais atrás da aglomeração de jogadores. Felizmente pela falta de preocupação de defesa do time de Apolo, eu estava livre para marcar um gol e foi o que fiz. A comemoração foi inevitável, mas logo nos posicionamos em face-off novamente.

Dessa vez, quando Hank soou o apito, interceptei o disco e avancei contra seu território. Seus atacantes estavam fazendo o papel da defesa e me marcavam, entretanto, aproveitei da fragilidade da defesa e joguei o disco para Stuart, que marcou outro ponto para nós. O Maddox não parecia nada feliz com aquilo e ao pedir tempo, confirmei que ele realmente não estava gostando do rumo que o jogo estava tomando. Enquanto ele dava broncas em seu time, seu semblante duro e levemente frustado me levava a questionar sobre o porquê ele ter escolhido aquelas pessoas para seu time. Ao longo do jogo, havia algo que eu tinha notado: Apolo e seu time não tinham química. Eles jogavam e havia mais desavenças entre si do que acertos.

— O tempo acabou – o treinador gritou e eu fui obrigada a deixar meus pensamentos de lado.

Novamente cara a cara, Apolo e eu demos início a partida depois do apito ser soado. O Maddox conseguiu pegar o disco e saiu em disparada ao meu gol. Ele tinha apoio, uma vez que Greg era praticamente sua sombra, Justin ainda tentou interceptar o disco, todavia Gregory foi mais rápido e marcou o primeiro ponto entre eles.