Capítulo 24 - Mudamos de acordo com nossos hormônios

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Para, para, para! – Nicholas gritou das arquibancadas pela quarta vez. — Onde está o  cammel que te mandei fazer? Você está fazendo tudo, menos ele!

À medida que ele descia pelas escadas, eu deslizava até onde ele estava de cabeça erguida, pronta para ouvir as broncas merecidas por não estar tão concentrada quanto deveria.

— Onde se meteu a Brise Whitford campeã da categoria Júnior do Alasca por três anos consecutivos? A mesma que me fez deixar a aposentadoria de lado apenas para treiná-la? – falou firme sem esperar uma resposta. com um olhar firme. – Eu acredito em você, Whitford, acredito mesmo. A sua flexibilidade é excepcional e quando você quer, você consegue deslizar mais leve que uma pena. Entendo que você tem escola e esses treinos de hóquei, mas se você não começar a se dedicar como deve, não vejo como você conseguirá se classificar para as Olimpíadas de Inverno.

Estremeci com essa possibilidade. Não participar dos jogos olímpicos não era uma opção que estava na minha lista. Mesmo Nicholas sendo rígido com as palavras, eu sabia que ele tinha razão, e eu não deixaria ele desistir de mim tão fácil.

— Você tem razão, desculpe. Prometo me concentrar mais a partir de agora – afirmei com convicção e pena de mim mesma devido aos próximos meses de treinamentos intensos que eu estava sujeita.

Ele semicerrou os olhos na minha direção.

— Eu sei que tenho. Agora vamos! Só iremos sair daqui quando você me apresentar uma sequência perfeita de twist seguido por um cammel impecável dessa vez!

Olhei para o relógio digital acima das arquibancadas e senti minhas entranhas se contorcerem.

— Mas já está na hora de almoçar, Nick – protestei manhosa. Eu precisava utilizar toda a minha manha para exteriorizar qualquer vestígio de pena que Nicholas possuísse.

Ele estava de costas, subindo para onde estava inicialmente, e pôs a mão sobre a orelha esquerda, não se dando ao trabalho de virar-se para me responder.

— Não consigo ouvir seu choro de lamentação daqui do topo, Whitford! – gritou.

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— Sabe qual é a diferença entre a Brise e um zumbi? – Sally perguntou pegando os livros da próxima aula em seu armário. — O oxigênio funcionando perfeitamente no organismo. Você está péssima.

Essa cena era quase um deja entre mim e Julie, e, quando comentei com Sally que nossa amiga tinha dito algo bastante parecido, a ruiva ficou vermelha.

— Obrigada, você também está linda – sorri ironicamente.

— É sério – falou. — Você tem que tirar um tempo para fazer meditação, ioga ou sei lá.

— Que nada, só preciso de umas setenta horas de sono recuperados – respondi séria.

Sally balançou a cabeça e respirou fundo, como se eu fosse uma velha teimosa. Ela se pôs ao meu lado e voltamos a andar pelos corredores, cada uma destinada a uma aula diferente.

— Mas e então, como é estar apaixonada? – Sas perguntou naturalmente, como se não estivesse feito uma pergunta hilária.

Cumprimentamos o zelador e só depois eu a respondi.

— Não sei. Como é estar apaixonada por mim?

Ela parou, consequentemente fazendo-me parar, já que ela segurou-me pelos ombros.

— Estou falando sério, sonsa! – revirei os olhos. — Você acha que eu não percebi o que anda rolando entre você e o Apolo?

— Fora as faíscas de ódio mútuo, não.

Por trás do gelo [Em revisão]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora