Capítulo 11 - Existe amizade entre cães e gatos

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Ao chegarmos no condomínio praiano no qual meu pai residia, o porteiro liberou nossa passagem assim que viu Apolo sentado ao meu lado. Ele o cumprimentou e os dois ficaram debatendo sobre algum jogo até eu fingir que estava tossindo e Apolo se tocar que eu estava ali também.

A medida que andávamos, eu percebia o quão grande era o residencial, as ruas eram pavimentadas e cheias de palmeiras enfeitando-as. Havia até um parque com uma quadra! Era duro admitir, mas se não fosse por Apolo, eu teria me perdido várias vezes.

Estávamos quase chegando nos portões de casa quando, repentinamente, uma garota se jogou em frente ao carro. Freei bruscamente para não acabar cometendo um acidente por conta de uma maluca, de modo que eu e Apolo só não demos de cara com o retrovisor por conta do cinto de segurança.

— Apolo! – veio saltitando feliz até a janela do gêmeo mau.

— Como você está, Kristen? – eu não conhecia o Maddox tão bem, mas jurava que o sorriso em sua cara ao cumprimentar a garota havia sido falso.

Kristen, a doida varrida, era uma garota alta. Ela usava um short jeans e biquíni, que ressaltava suas pernas bronzeadas, seu cabelo castanho claro estava solto e ela parecia uma modelo.

— Eu estou ótima, melhor agora – sorriu. — Senti sua falta, Pops.

Não consegui segurar o riso e, na tentativa de disfarçar, acabei me engasgando e chamando a atenção dos dois. Kristen parou de sorrir e estreitou os olhos verdes em minha direção.

— Quem é essa? – perguntou desconfiada.

— A filha de Alexander – Apolo respondeu e eu dei um tchauzinho para ela. — Quando chegou de viagem, Kristen?

— Hoje de manhã – ela voltou a sorrir. — O pessoal está lá em casa, vim te chamar, mas Sol me disse que você ainda não tinha chegado – a garota não parava de sorrir nem de mexer no cabelo sedoso. — Dá um pulo lá mais tarde. Vamos relembrar os velhos tempos.

— Fica para a próxima, Kris – ela fez biquinho imitando o Gato de Botas, todavia, a imitação havia sido tão chula que o pobre gato morreria de desgosto. 

Coloquei minha cabeça no volante, xingando mentalmente o meu avô por ter me colocado naquela situação.

— Mas por que?

— Tenho muita matéria para pôr em dia – Apolo respondeu. Caramba, será que iríamos ficar ali para sempre?

— As aulas acabaram de começar, Pops! Apareça por lá, por mim – Kristen sorriu descaradamente, sem se preocupar em esconder suas intenções.

— Não vai dar mesmo, Kris.

Kristen murchou e por um segundo quase tive pena da garota. Sem se deixar abater, ela se despediu de Apolo com um beijo demorado em sua bochecha.

— Nem uma palavra – Apolo disse quando ela já estava longe de nós.

— Como quiser, Pops – dei partida novamente.

Estacionei Sirius na garagem subterrânea e segui Apolo que já subia as escadas que davam para a cozinha. Tirei minha gata de sua caixa transportadora e a coloquei no chão, dando a tão sonhada liberdade a ela.

— Se eu fosse você, não faria isso – Apolo advertiu.

– Por que não? – perguntei confusa.

— Você já vai descobrir – respondeu misteriosamente.

Atravessamos a cozinha e, quando eu já havia subido quatro lances de escada, eu o avistei. Segui seu olhar até Maria Antonieta e olhei em sua direção novamente. Agora eu entendia o porquê de Apolo aconselhar a não pôr Maria no chão. Em menos de um segundo, um borrão pulou em cima de minha gata que, espertamente, saiu em disparada para a sala. Corri desesperada atrás dos dois, preocupada com a possibilidade daquele cachorro enorme consumi-la no jantar.

Por trás do gelo [Em revisão]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora