Capítulo 20 - Sequestros são menos assustadores em filmes

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Vou dizer o que eu descobri nos últimos quatro dias: meninos são muito mais do que competitivos.

Parece que, sob qualquer indício de ter sua honra máscula ferida, eles se tornam verdadeiras máquinas de matar. Digo isso porque, naquele mesmo dia, Apolo tratou de reunir todos os membros do nosso time para treinarmos na quadra de gelo da escola. Foi incrivelmente assustador, e engraçado, ver todos aqueles marmanjos treinarem como se estivessem no exército.

Na segunda feira, fui dispensada de todas as minhas aulas da manhã para que pudéssemos treinar. Isso seria ótimo, caso eu não tivesse duas aulas de química e as minhas notas estivessem bem abaixo do nível do mar.

Depois que sai do vestuário, dolorida até nos ossos da bochecha, perguntei para Apolo o porquê de todo aquele empenho e nervosismo. Quando eu fiz essa pergunta na hora do almoço, simplesmente todos da mesa viraram-se para mim como se eu tivesse acabado de insultar Martin Luther King. Até mesmo Sally.

Mon Dio! – exclamou horrorizada. — Como você é titular e nem conhece a história do seu time?

A pergunta que não queria calar era quando Sally havia desenvolvido todo aquele patriotismo com a West High. Eu já estava há meses estudando ali e não sabia nem que o time de hóquei tinha um rival!

Já se passava das oito da noite e, após o meu treino exaustivo, eu, Sally e Oliver estávamos na varanda da casa de vovô reclamando do calor excessivo e tomando sorvete com cookies de amendoim.

— É oficial – declarei com uma das mãos segurando uma bolsa de gelo no pescoço. — Eu estou mais morta do que viva.

Oliver, que estava deitado no chão de madeira com uma almofada sob seu pescoço, riu e se sentou, apoiando-se em seguida na proteção de madeira da sacada. Maria Antonieta desceu do meu colo e foi deitar-se perto dele.

Traidora.

— Sabe o que eu acho, Brise? – ele não me deu chances de responder. — Acho que você ama estar nesse time, e também acho que você se apegou muito aos membros dele.

Dito isso, ele me lançou um olhar sugestivo que eu ignorei com prazer. Respondi com uma classe e requite invejáveis.

— Claro, se eu fosse masoquista – tanto ele quanto Sas riram.

— Ele não está tão errado assim, cherie – minha amiga respondeu por Olie. — Você pode ter entrado nessa por acaso, mas, em algum momento, você começou a gostar. Digo mais, começou a amar – continuou. — Você tem uma cara assustadora quando está treinando, eu juro que não queria jogar contra vocês.

Oliver concordou com a cabeça, sorrindo.

— Isso me faz ficar imaginando em como será durante o jogo, sabia? – riu. — É a coisa mais engraçada do mundo ver você, uma coisinha pequena dessas, colocando todo aquele time com os rabos entre as pernas!

Revirei os olhos, embora nem ele nem Sally pudessem ver. Eles eram tão irritantes! No entanto, havia algo de verdadeiro em meio as bobagens ditas, e esse algo era que eu realmente gostava de jogar com eles.

Céus! Eu gostava de jogar hóquei com um bando de meninos que, inicialmente, agiam como babacas comigo! Por que minha ficha só caiu naquele momento? Fiquei calada, refletindo, enquanto meu vizinho e minha melhor amiga discutiam sobre o jogo de amanhã e faziam apostas às minhas custas.

Por trás do gelo [Em revisão]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora