Capítulo 31 - Nem toda surpresa é agradável

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– Precisamos conversar. – foi assim que meu pai me cumprimentou logo pela manhã.

Acho que de todas as palavras existentes na língua inglesa, não havia nenhuma que fosse tão assustadora quanto essas.

Nunca, nunquinha, elas antecediam algo bom. Digo isso porque vovô já me abordou dessa maneira várias vezes e, bem, todas elas resultaram em castigos. Como na vez em que eu iniciei uma guerra de comida no refeitório da escola e a diretora ligou enfurecida para ele, mal abri a porta e fui atingida por precisamos conversar. Depois da maldita, fiquei sem doces por um mês. Então, eu meio que sabia o que existia por trás do lance do precisamos conversar, e não era nada legal.

A cara do meu pai não estava amigável, o que me fez perceber a seriedade da situação, mas não havia tempo de me trocar. Só que eu deveria ter trocado ao menos a blusa, uma vez que a mesma era de Apolo e o meu serzinho interior me alertava que ele estava diretamente ligado ao precisamos conversar.

Céus, eu deveria mesmo ter trocado aquela maldita blusa. Cheirosa, macia e quente, mas maldita.

– Não sei se você sabe, Brise, – alerta um: ele não me chamou de filhota. – mas Olívia sofre de insônia e toma remédios controlados, só que ela se esqueceu de comprar e passou algumas noites em claro. – eu não sabia o porquê dele estar citando a mãe de Sol na conversa, mas coisa boa não podia ser. – Ela deixou escapar que em uma noite em especial, escutou conversas vindas do seu quarto. Entre você e Apolo. Você poderia me explicar?

Eu não fazia ideia de que Dona Olívia fizesse do tipo fofoqueira, mas não era novidade nenhuma eu estar enganada sobre algo. Além do mais, como explicar ao seu pai uma coisa que nem mesmo você sabe?

Quero dizer, fazia alguns dias que Apolo estava dormindo no meu quarto e que nós, consequente ou obviamente, estávamos trocando um beijo aqui e outro ali, só que éramos precavidos o bastante para deixarmos nosso envolvimento às escuras. Gregory e Sam sabiam, mas eram uma exceção, bem como Lizzy, Dave e Nicole. Eu não me via com Apolo como um casal e acho que ele também não, era por isso que não contamos a ninguém que estávamos, grosseiramente falando, juntos. Só que, particularmente, eu achava impossível nenhum de nossos amigos não ter notado que alguma coisa estava diferente. Fala sério, estávamos andando juntos e não havia tentativas de homicídios entre nós.

No entanto, eu duvidava que qualquer que fosse a minha resposta, não o agradaria de modo algum. Por meio segundo pensei em mentir e dizer que a velha estava tendo alucinações de abstinência, entretanto, meu pai e eu estávamos começando a criar um laço tênue de confiança e eu não queria quebra-lo por uma besteira. Logo, eu tinha que falar a verdade a ele, mas eu também não estava total e claramente a par dela.

– Nós não estamos transando. – ok, não havia mentira nisso, só que mesmo assim não pude deixar de questionar o meu cérebro quanto a essa informação. Meu pai ficou vermelho e aposto que eu também, sexo era um tabu entre pai e filha, e com a nossa falta de convívio, isso só se agravava. – Eu juro!

Alexander Whitford Turner respirou fundo, ainda vermelho, e quando voltou a falar, estava gago.

– Deus, Brise! – exclamou. – Essa possibilidade nem tinha passado na minha cabeça! Agora vou ter que ficar remoendo isso também?

– Não! – praticamente berrei, apavorada. – É sério, pai, nossos órgãos sexuais não tiveram nenhum contato, nem direito nem indireto.

À medida que eu falava, parecia que piorava cada vez mais a situação. Mas eu estava nervosa! Pateticamente nervosa, e quando eu ficava sob esse estado, minha língua ganhava vida própria e soltava o que lhe desse na telha.

Por trás do gelo [Em revisão]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora