Capítulo 30 - Surpresas de aniversário

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Se eu fosse uma teórica de conspirações, eu apostaria todas as minhas fichas que Sally sabia de alguma coisa e não havia me contado. A muda de roupas casuais em cima da minha cama a denunciava.

Apolo me pediu para trocar de roupa e assim que subi, dei de cara com uma saia rodada e que mostrava o que deveria esconder bem exposta para que não houvesse riscos de eu não vê-la. Se Sally Daphe del Vicent achava que eu usaria aquilo, ela estava muitíssimo enganada.

Fazia alguns minutos que eu estava indignada encarando a peça de roupa e me perguntando porque diabos eu tinha aceitado sair com o Maddox, já que claramente eu estava pipocando o meu cérebro em busca de alguma coisa que escondesse ao menos a minha bunda e me deixasse bonita ao mesmo tempo.

Era frustrante saber que meu gosto estilístico era uma merda e que eu dependia totalmente de Sally para situações do tipo, e olhando para o conjunto inteiro, dava para notar o porquê dela sempre ser a quem eu recorro em emergências de moda.

Apesar de a saia ser um insulto à minha timidez, era preciso que eu desse o braço a torcer para a blusa branca de gola e algodão que ela escolheu, além da minha jaqueta jeans escura favorita, o que era um golpe baixo de sua parte. A bota de cano médio e couro sintético que ela separara foi a sua última cartada para caso eu me recusasse a usar aquilo, visto que eu simplesmente amava aquele calçado, além de achá-lo confortável.

Alguns minutos depois eu já estava ao lado de Maddox, usando a bendita saia e implorando aos céus que não me presenteassem com uma ventania inconveniente que mostraria ao mundo partes que eu preferia guardar para mim mesma.

Apolo nos levou até um carro alto e preto em frente a nossa casa, o que me deixou curiosa a respeito do seu próprio, e é claro que eu não consegui me conter e acabei perguntando.

Ele abriu a porta de carona para mim e eu fui obrigada a esperá-lo dar a volta e se acomodar no banco de motorista antes de me responder.

– Se você está falando do Porsche, Whitford, ele era do meu irmão.

Embora eu estivesse meio frustrada por Apolo não olhar para mim, nem por um mísero segundo, enquanto falava, eu estava duplamente mais confusa em relação ao que ele havia falado.

– Era? – Indaguei. – Como no verbo passado?

– Sim, exatamente como no passado. – Suspirou. – O carro foi o presente do Tito de dezessete anos, assim como o apartamento foi o meu, ambos dados pelo nosso pai. Só que como você já deve imaginar o porquê, nós os devolvemos.

Era sensato, apesar de triste. Eu mesma faria o mesmo se eu estivesse na mesma situação dos gêmeos, e pela maneira a qual Maddox se calou, percebi que isso o afetava mais do que ele deixava transparecer. Eu podia ser uma garota curiosa e ter um filtro cerebral defeituoso, mas eu sabia respeitar o tempo e o espaço das pessoas, então simplesmente calei a boca e coloquei no rádio, a fim de não ser subterrada pelo silêncio que se instalou entre nós.

Só que ao contrário do que eu esperava, tudo piorou quando Oceans começou a tocar, e além de acusar os Cosmos de possuírem um humor sádico, eu me perguntei aonde diabos foi parar o nosso momento de ontem. Digo, há algumas horas nós estávamos escutando a mesma música hipnotizados nos olhos um do outro e agora esse desconforto besta.

Apolo parecia meio tenso enquanto dirigia, até sua postura estava mais rígida e ele não demonstrava indícios de querer conversar sobre absolutamente nada.

– Ok, Apolo. – Falei alto e firme o bastante para que ele olhasse para mim. – O que diabos está acontecendo aqui? Se você está tão desconfortável assim com a minha presença, por que me chamou? Juro que estou me segurando para não cair fora daqui, e é só porque eu provavelmente morreria se tentasse pular do carro em movimento.

Por trás do gelo [Em revisão]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora