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                            Sofie

      Mais uma vez enquanto estou quase dormindo, alguém tem que fazer algo para me acordar, isso é uma grande injustiça já que só acontece comigo. A janela do meu quarto foi aberta brutalmente, com o susto acabei caindo da cama. As lembranças do ocorrido do dia do sequestro passaram como um grande borrão pela minha mente, uma lágrima involuntária escorreu pelo meu rosto mas eu a limpei. Pulei para o outro lado da cama, fui o mais rápido possível até o interruptor e o acendi, me virei dando de cara com um garoto, não consegui ver o seu rosto pois ele estava com uma touca, e nem ele o meu pois eu também estava de touca, não está muito calor hoje. O mesmo se levantou, fechou a janela e começou a andar na minha direção

- Por favor não faz barulho se não eles vão me encontrar e muitas coisas que não devem acontecer irão acontecer, por favor só fica quieta e mantenha a calma, eu não vou te machucar eu juro!- disse enquanto continuava a se aproximar fazendo um sinal para que eu fique calma, eu comecei a entrar em desespero, mesmo com os avisos o que eu fiz? Eu gritei, eu não queria gritar, MAS EU ESTAVA APAVORADA. Fechei os olhos esperando pelo tapa ou seja lá o que ele iria fazer comigo mas ele apenas se aproximou mais ainda de mim e colocou sua mão delicadamente sobre a minha boca, e fez um sinal para eu ficar quieta com o dedo indicador- Pocha vida! Eu pedi para você não gritar...- disse e pude ver o desespero em sua voz, ele foi jogado para longe de mim pelo Lucas, a toca que cobria seu rosto caiu para trás, revelando o garoto que me ajudou aquele, droga que garoto louco-.

- Seu filho de uma mãe- disse Lucas já fechando a mão para acertar um soco na cara do garoto que estava meio desorientado e confuso, quando ele estava prestes a bater no mesmo pulei nele fazendo com que nós dois caíssemos no chão-.

- Lucas para!- gritei para ele que me olhou com o cenho Franzido-.

- O que foi hein?!- tenho que inventar uma boa desculpa para isso, mas não vou mencionar meu ato infantil-.

- Não quero ninguém batendo em ninguém na merda do meu quarto, eu vou conversar com o garoto! E não pedi para você vir me proteger, eu não preciso de você, e nem quero ter que escutar sua voz! Agora sai do meu quarto!- gritei a última parte, não falei mentira nenhuma, eu não quero ele perto de mim. Lucas se levantou encarou o garoto, depois me olhou triste e saiu do quarto- Agora me explica o que você está fazendo aqui!?- franzi o cenho para o menino-.

- Eu estava caminhando tranquilamente pelas ruas quando uns caras começaram a me irritar, então começamos a discutir até que um deles tirou uma arma da cintura, me ameaçou e mandou eu ir embora. É claro que eu não iria questionar, então sai andando, foi quando eu percebi que eles estavam me seguindo, aí eu saí correndo e entrei na primeira casa que eu vi pela frente, ou seja, a sua casa "garota que não fala seu nome para estranhos"- sorriu sarcástico-.

- Nossa que maravilhosa noite você está tendo, uau!- revirei os olhos- Eu sou uma pessoa muito boa e deixarei você ficar aqui até se sentir seguro para ir embora, ok?!-.

- Ok, obrigado!- disse e me abraçou, quando percebeu o que fez me soltou- desculpa! Eu sou muito impulsivo, não vou mais fazer isso- sorriu sem graça me soltando-.

- Muito bom que você não faça isso mesmo, mas saiba que o favor que eu te devia foi pago essa noite... Está com fome?!- perguntei já me levantando pronta para buscar algo para comer, acho que por hoje o Lucas não vai mais encher o meu saco-.

- Sim, nós podemos ficar conversando e comendo pipoca que tal?-.

- Ok! Eu já volto, vou fazer a pipoca, mas quando eu sair tranca a porta, é capaz daquele garoto voltar para te encher o saco, ótimo tchau!- disse já saindo do quarto e encostando a porta-.

          Fui até a cozinha, fiz pipoca, peguei alguns salgadinhos e refrigerante, voltei para o meu quarto dando quatro batidas na porta, ele abriu a mesma e sorriu com a quantidade de coisas que eu trouxe para comermos....

          Conversamos bastante, e acabou que dormimos sentados no chão, quando acordei já havia amanhecido e o garoto ainda dormia. Acho que não foi uma boa ideia ter deixado um estranho entrar na minha casa e ainda dormir aqui, mas ele precisava de ajuda, e o que passou, passou

- Ei garoto acorda! Você tem que ir embora! Já amanheceu- disse cutucando ele, lentamente o mesmo abriu os olhos e sorriu para mim-.

- Bom dia garota do " eu não falo meu nome para estranhos"- sorriu- Eu já vou ir embora, e obrigada por deixar eu ficar aqui!- sorriu-.

- Ok, mas agora vai embora!- franzi o cenho- Antes de tudo: qual o seu nome?!- disse me levantando-.

- Eu me chamo Cristopher! Muito prazer!- sorriu abertamente, esse garoto só sabe sorrir?!- E você?-.

- Bom, talvez algum dia eu te conte o meu nome- revirei os olhos- Tchau!- falei assim que ele saiu de casa-.

- Espetinha!- revirou os olhos e saiu andando-.

         Fui até a cozinha para ver o que tinha para eu comer. Depois do meu "café da manhã", voltei para o meu quarto e fiquei lendo um livro qualquer....

           Fiz o almoço, e arrumei a casa, depois sai para caminhar, mesmo que eu não goste muito de andar não tinha nada para fazer em casa, e é legal sair de casa as vezes, bom parar para pensar na vida....

        Estou sentada em uma balança de um parque, observando as pessoas andando felizes, vários casais de todas as idades e crianças correndo pelo parque, como se tudo fosse normal, como se a vida não fosse um jogo pelo qual todos saíssemos feridos no final. Mas essas crianças parecem felizes, elas não se importam com o que irá acontecer daqui alguns anos, dias, ou até mesmo o que vai acontecer daqui algumas horas, elas só querem aproveitar o agora. As vezes eu queria voltar a ser uma criança, ser feliz sem me importar com as consequências da vida, ou com o futuro, sem me importar com nada, apenas ser feliz. Queria voltar a ser feliz como era antes. Lágrimas involuntárias escorrem pelo meu rosto sem que eu perceba, me levanto e começo a caminhar para a saída do parque, mas paro assim que vejo uma silhueta conhecida sentada em um dos bancos, me aproximo tendo mais certeza de quem seja a cada segundo. Sim é ele mesmo

- Pai?!............






Shattered Smile (concluída)Where stories live. Discover now