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                                Sofie

        Hoje tive outro pesadelo, assim como o pesadelo anterior, mas dessa vez Lucas não queria só me bater para que eu passasse vergonha ou algo assim, ele queria junto de Mateus e outros garotos, me matar. Depois de todo aquele e rebuliço de acordar gritando e minha mãe tentar me acalmar, decidi não dormir mais, ficarei acordada até não aguentar.

        Já amanheceu e minha mãe ainda está dormindo, fico olhando a mesma, até que ela levanta assustada e me encara

- Por que a mocinha não me acordou hein?-  logo sorriu, e me deu um beijo na testa- Bom dia minha menininha!-.

-Bom dia mãe!- respondi desanimada, uma médica entrou no quarto com uma prancheta na mão-.

- Olá, bom dia! Sofie Carter certo?- disse sorrindo, e eu assenti- Ok, eu só preciso informar que você tomará alta ainda hoje- sorriu- Bom, só queria avisar isso, preciso ir- se retirou do quarto e fechou a porta-.

- Que ótimo né filha?- minha mãe sorriu-.

- É...- não dei muita importância-.

- Bom eu preciso fazer uma ligação, já volto- disse e eu assenti, se virou e saiu do quarto-.

        Fiquei olhando para o teto, algumas lágrimas involuntárias escorreram pelo meu rosto, sem minha permissão.

- Você tá bem filha?- perguntou minha mãe ao entrar no quarto minuto depois. Eu apenas assenti em resposta- Ok né, hum... Hoje tem pessoas querendo te fazer uma visita ok?- Ah droga, eu não quero ver ninguém, e minha mãe ainda inventa visitas. Não quero magoa- lá, então assinto, só espero que o Lucas não esteja incluso nessa visita-.

        Mais ou menos uma hora depois, minha mãe sai do quarto falando que "eles chegaram". Fiquei esperando o primeiro ser entrar no quarto, Agnes foi a primeira a entrar, não queria conversar muito, ela me perguntava e a maioria das vezes não respondia, estava ocupada demais pensando na vida. Finalmente Agnes saiu do quarto.

       Me virei para o lado contrário da porta e assim permaneci. Não se passou muito tempo e alguém abre a porta dando leves batidas, sem me importar com quem entrou não me mexi, até ele se pronunciar

- Sofie? Sou eu, o Lucas. Você quer conversar?- o que eu fiz de errado para merecer isso? Eu não gosto dele, e nunca mudarei meus conceitos sobre isso, então​ permaneci  quieta, o ignorando perfeitamente- Sofie?!- será que ele não percebe que eu não quero conversar?-.

- Lucas sai daqui- falei baixo-.

- Que?- falou confuso, e sem uma explicação lógica comecei a chorar-.

-Lucas por favor, sai daqui, eu não quero falar com você- disse mais alto, só que dessa vez com a voz trêmula, resultado da choradeira, sem dizer nada ele se retirou da sala-.

       Depois que ele saiu somente minha mãe entrou, não falei com ela, apenas fiquei calada, perdida no meu mundo imaginário, onde tudo era perfeito, eu era feliz e nada disso estava acontecendo.

       Depois de um tempo sem falar nada, decidi tomar banho, durante essa correria toda não tomei banho até agora. Tento me levantar e todo meu corpo dói em resposta. Minha mãe vem até mim e me ajuda, entramos no banheiro e me despi, vendo várias marcas feias, roxas, e até alguns cortes pelo meu corpo. Mordi meus lábios segurando o choro, e esperando minha mãe sair para que eu possa descontar todas as mágoas debaixo da água. Minha mãe se vira com os olhos marejados, da um beijo em minha teste e sai do banheiro. Entro dentro d'água e sem pensar duas vezes deixo todas as lágrimas acumuladas se libertarem. Quando terminei o banho chamei minha mãe e ela veio me ajudar a colocar minha roupa, graças a Deus ela me deu um de meus moletons grandes largos e que cobrem parte da minha face, eu amo isso. saímos do banheiro e eu fui me deitar.

         Já anoiteceu e os médicos resolveram mudar minha data de alta para amanhã de manhã. Tento permanecer acordada, mas não consigo, e acabo pegando no sono.

        " Estava correndo por uma imensa floresta, meus braços e pernas estavam machucados. Ao fundo podia escutar gritos, e mais gritos para que eu parasse ou algo assim, a voz estava muito distorcida. Continuei até ser parada pelo Lucas,Charlotte, Adrian, Agnes e...meu pai? Sim, meu pai estava entre eles! Mateus veio correndo atrás de nós, ele tinha uma arma na mão. Meu pai e Agnes me seguraram e Mateus apontou a arma para mim, dizendo: 'desculpa, eles mandaram eu fazer isso'. Comecei a gritar e chorar..."
     
       Acordei me debatendo na cama e minha mãe do meu lado me chacoalhando

- Sofie calma! Eu estou aqui minha menininha, eu vou te proteger! Se acalma- eu podia ver as lágrimas em seus olhos, ela estava assim como eu chorando. Não pensei duas vezes e a abracei- Vai ficar tudo bem Sofie, tudo bem- disse acariciando meus cabelos-.

- Obrigada mãe, eu te amo- disse com a voz trêmula-.

        ela ficou acariciando meus cabelos até amanhecer e um médico, entrar na sala falando que eu já podia ir embora. Minha mãe comentou com o médico sobre minhas dores e o mesmo me recomendou muito repouso, ótimo.

        Quando pisamos do lado de fora do hospital, fiz questão de tentar dar meia volta e entrar no hospital de novo. Claro que minha tentativa foi falha, pois minha mãe estava segurando meu braço. Sim é exatamente os seres que eu não queria ver de jeito nenhum, Agnes, Lucas e Adrian, Agnes sorria, e os dois burucutos estavam me encarando. Minha mãe me ajudou a entrar dentro do seu carro que eu quase nunca vejo, fiquei do seu lado no banco da frente e os outros entraram atrás. Chegamos em casa e minha mãe me deixou no meu quarto, me deitei e ela se despediu com um beijo na testa. Fiquei olhando para o teto e deixando todo o resto das lágrimas que ainda me restavam serem descartadas.

         Minha mãe entrou no quarto com um prato gigante de comida em uma bandeja e um copo de suco de laranja, ela me entrega os mesmos e devoro a comida no mesmo instante, e o suco logo depois. Ela sorri orgulhosa, me dá um beijo na testa e sai do quarto​ novamente.

       De novo minutos depois a porta foi aberta:

- Sua mãe teve que sair, e essa carta acaba de chegar, com destinatário a você- me entrega a carta, se vira e sai do quarto apressado-.

       Olho a carta atentamente, prestando atenção em cada detalhe, e quando a abro reconheço imediatamente a caligrafia de quem a enviou......
 

Shattered Smile (concluída)Where stories live. Discover now