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Sofie

Mais um dia neste lugar e não aguento mais tudo isso, perdi a vontade de viver, isso já me cansou.

Mateus não deixa mais a luz do celular ligada, então eu fico no escuro, com medo, de tudo e qualquer coisa.

Estou deitada no chão chorando baixinho, quando a porta se abre bruscamente, e o motorista entra acompanhado do Mateus, e o mutante que carregava alguém no ombro, eles se aproximaram, me encolhi no canto da parede​. O mutante joga o corpo desmaiado no chão, eles se viram e saem do quarto trancando a porta. Me arrasto até o corpo jogado no chão, com o pouco de luz que há no local posso ter certeza de que é o Lucas, o que esse babaca está fazendo aqui? Não sei e nem quero saber. Volto para o canto e fico lá.

Lucas acaba de acordar, já faz dez minutos depois que os homens foram embora

- Aonde eu estou?- fala em alto e bom tom, acho que isso era para ser um pensamento, mas ok. Ele olha para o lado e arregala os olhos- Q-quem é você?- gagueja, aí meu Deus como ele é idiota. Eu o odeio tanto quanto o Mateus- Sofie?!- diz se aproximando de mim-.

- Não! Fica longe de mim- grito me encolhendo, o que está acontecendo comigo? Eu estou com medo dele?-.

- Ei Sofie eu não vou te fazer mal, por favor, só me responde se você está bem- novamente ele tenta se aproximar de mim, mas eu só me encolhi mais no canto da parede, eu só não quero que me machuquem-.

- por favor, não encosta em mim, sai de perto- sussurro, ele fica me olhando confuso por um tempo mas se afasta-.

Pouco tempo depois Mateus entrar com meu prato de comida, olho para o seu rosto e ele está com o olho direito inchado e roxo, não quero saber o que aconteceu com ele, e nem me importo. Ele olha para o Lucas como se pedisse desculpa, e o mesmo apenas assente

- Eles mandaram eu entregar para vocês, disseram que isso só é suficiente para um, e o outro vai ter que ficar sem comer- curva a boca em um sorriso contrário e eu desvio os olhos dele- Sofie eles mandaram eu te castigar, falaram para eu te bater o dobro para te castigar, ou eu terei que descontar nele- apontou para o Lucas-.

- Eu não me importo mais, pode me bater, não estou nem aí, se quiser aproveita e me mata de uma vez. Mas não precisa bater nele, prefiro arcar com as consequências depois- algumas lágrimas solitárias deslizam pelo meu rosto, não me importo, por debaixo do braço olho o Lucas que está um pouco distante de mim, ele está com um olhar indignado-.

- Sinto muito- diz Mateus baixinho, depois só escuto a porta sendo batida-.

Eu poderia deixar o Lucas morrer de fome, ou deixar ele apanhar no meu lugar, mas sou trouxa, e não suporto ver as pessoas sofrerem

- Você​ pode comer a comida, não estou com fome- digo levantando minha cabeça o olhando-.

- Por que você está fazendo isso? Por que você está me ajudando?- fala e mesmo com pouca luz vejo uma lágrima escorrer pelo seu rosto- Eu era um monstro com você, eu te fiz sofrer e você está me ajudando agora, por que você está fazendo isso Sofie?- mais uma lágrimas, ótimo! Continuo odiando ele-.

- Porque eu sou uma grande trouxa Lucas, é por isso- sou seca, com ele-.

Fico em silêncio, lembrando de todo que aconteceu comigo todos esses anos, quanto o Lucas me fez sofrer, o quanto TODOS me fizeram sofrer, isso me irrita, me deixa triste, e minha vontade de sumir só aumenta,eu queria que isso acabasse, apenas..

Se passou mais ou menos uma hora e a porta foi aberta revelando o Mateus e aquele maldito sinto. Acho que hoje é minha deixa, mas pelo menos não terei que continuar sendo maltratada por todos, eu irei para um lugar melhor. Meu corpo se arrepia, e eu juro que conseguia escutar uma voz no fundo do meu subconsciente dizendo que ainda não era a hora.

Mateus se aproxima e me levanta pelos cabelos como todos os dias, a dor se repete como sempre, mas dessa vez algo me conforta, talvez por saber que isso vai acabar de um jeito ou de outro, mas vai acabar. Lucas​ se levanta e tenta acertar um soco no Mateus, mas ele consegue desviar e quem leva o soco sou eu, acho que virei um saco de pancadas humano só pode, o soco acertou no meu braço por sorte

- D-desculpa, e-eu não queria acertar você- cobre a boca com as mãos, assinto calmamente. Mateus me solta e vai em direção do Lucas, ele tirou algemas do seu bolso, ele prendeu uma parte das algemas na mão direita do Lucas, passou o outro lado por um cano que tinha ali e prendeu a outra parte na mão esquerda do mesmo- Não Mateus para com isso! Não machuca ela!- gritou Lucas, Mateus o ignorou e voltou para perto de mim-.

ele me levantou pelos cabelos novamente, apertei os olhos e mordi meus lábios, em uma tentativa de abafar meus próprios gritos. Então Mateus me bateu com aquele sinto maldito, ele me bateu como nunca, Lucas grita por um tempo, olho para ele que tinha abaixado a cabeça, e parece estar chorando.

A palavra "não desista" ecoa na minha cabeça, e eu me agarro a ela, eu não vou desistir agora...

Shattered Smile (concluída)Where stories live. Discover now