Como uma boca tão bonita conseguia falar tanta merda e beijar tão bem?

Os beijos... umedeci o lábio inferior com a língua ao me lembrar deles. Era melhor não pensar neles e continuar meu estudo de corpo inimigo. Nariz bonito da porra! Era bastante fino. Será que ela conseguia enfiar o dedo lá para limpar? Melhor não pensar nisso também porque poderiam me considerar esquisita.

Subi meu olhar e...

- Misericórdia! –O grito involuntário escapou pela minha garganta e eu cai sentada mais uma vez, com o coração batendo a mil.

A maldita esteve o tempo todo olhando para a minha cara!?

- Bom dia, Camz! Como você está se sentindo? –A voz mais rouca que de costume e quase sussurrada chegou aos meus ouvidos, se misturando com o som das batidas frenéticas do meu coração. Fiquei olhando para sua figura parecendo um leão, que havia acabado de se sentar na cama com um sorriso no rosto. Então eu comecei a tomar consciência de que estava no quarto da garota que eu odeio e que havia dormindo com ela. Perguntas que não haviam surdido antes, começaram a pipocar na minha cabeça.

Como fui parar ali? Por que eu estava ali? O que havia acontecido? Por que meu corpo estava daquele jeito?

A única certeza que eu tinha: era tudo culpa dela, sempre era.

- O que você fez comigo, sua idiota? –Ela franziu as sobrancelhas grossas para mim de um modo que não gostei nadinha.

- Idiota? Eu te salvei de um coma alcoólico, sua idiota.

- Para de gritar, minha cabeça está doendo. – Não consegui evitar uma careta. – E não me chama de idiota.

- Você começou! –Ela me acusou sem razão nenhuma, em tom mais baixo.

- Que seja! –Resmunguei, me levantando rapidamente, mas senti meu corpo tombar para o lado direito quando a sensação e vertigem me atingiu. Antes que eu caísse, meu corpo escorou em alguma coisa.

- Você é uma teimosa. –Lauren falou enquanto me guiava até a cama. – Fique aqui que vou pegar um remédio para você e te explicar o que aconteceu, tudo bem? –O olhar dela parecia tão preocupado que me fez assentir em silencio enquanto a via se mover em direção à porta. O short preto soltinho e curto mostrava o quanto seu traseiro era bonit... nada. Permiti-me apoiar na cabeceira da cama, sentindo minha cabeça doer como o inferno enquanto tentava me lembrar os acontecimentos da noite anterior.

Minhas lembranças estavam claras até o primeiro copo de bebida que Shawn me entregou, a partir dali, tudo não passava de flashes de memória e cada vez que eu tentava forçar minha mente a lembrar do que aconteceu, a dor de cabeça piorava.

- Trouxe um comprimido para dor de cabeça e outro para enjoo, isso fará você se sentir melhor. –Lauren anunciou entrando no quarto e me entregando dois comprimidos, que imediatamente levei à boca estendendo a mão logo em seguida para pegar o copo com água, mas fiquei surpresa quando Lauren se aproximou mim e ela mesma me serviu a bebida. – Vai demorar um pouco para os remédios farão efeito, mas você ficará bem. –Garantiu com um sorriso sem mostrar os dentes.

- Você é alguma especialista em ressacas? – Perguntei observando-a se afastar e contornar a cama com um sorriso nos lábios antes de se sentar ao meu lado.

- Digamos que eu tive algumas ressacas. –Ela respondeu fitando as mãos em cima do colo.

- E quem cuidou de você? – Perguntei observando-lhe o perfil. Ela era tão bonita de manhã... Só estou comentado por comentar.

- Minha mãe sempre cuidou de mim antes de me deixar de castigo. –Ela riu e eu acabei acompanhando o seu sorriso, antes que dele se desmanchar e ela se virar para mim com o olhar translucido, mais claro que o habitual. –Você se lembra de alguma coisa da noite passada?

- De nada até o primeiro copo de bebida. – Respondi sinceramente e ela soltou um suspiro que se fez ouvir no quarto inteiro.

- Como eu suspeitava... – Ela meneou de olhos fechados antes de voltar-se para mim. – Eu preciso, por favor, que você acredite em mim. Ontem Shawn a embebedou propositalmente e estava prestes a te drogar antes de eu chegar.

Mas que porra ela estava dizendo? Eu me perguntei enquanto me afastava dela e levantava da cama com todo o cuidado por causa da minha cabeça.

- Mas é claro que ele não me embebedou. – Esbravejei enquanto ela ficava de pé do outro da cama. – Não me obrigou a nada.

- Dá para parar de defender ele? – Ela falou entre os dentes – Camila, o que você conhece sobre o Shawn? Ontem quando cheguei à festa, você já estava completamente alterada e o idiota a levou para uma área afastada. Vi muito bem o momento em que ele colocou comprimidos na bebida ia te entregar se eu não houvesse impedido. Você tem noção disso? Você poderia ter sido estuprada, ter uma overdose e até estar morta. Morta, Camila! –Ela gritou.

- Quem garante que você está falando a verdade? – Retruquei ainda sem poder acreditar naquilo.

- Por que eu mentiria sobre isso? –Ela rebateu.

- Porque você odeia o Shawn! –Gritei.

- Você não faz a mínima ideia do quanto eu o odeio, mas tenho meus motivos e não quero você andando com ele!

- Você não manda em mim, caralho! – Arremessei uma almofada contra ela, que a agarrou rapidamente – Por que está tão preocupada comigo?

- Porque eu te amo, porra!

You Hate Me While I Love YouWhere stories live. Discover now