139 - Simplesmente o melhor;

10K 833 31
                                    

...

Seu primeiro dentinho nasceu, enchendo todo mundo de orgulho. Acho que Emma chorou. A piscina se tornou um dos seus lugares favoritos no mundo, o que me fez desenvolver uma compulsão em checar sempre se todas as portas que davam para aquela área estavam devidamente trancadas. Bater palmas havia se tornado seu passatempo preferido, assim como rolar no chão e balbuciar coisas irreconhecíveis para si mesma. Se não fosse pela social que minha filha adorava fazer com qualquer estranho na rua, eu diria que ela podia ser autista. Mas não, Alina só se entretia sozinha mesmo.

Benício comprava livros coloridos, instrumentos musicais para bebês (um pianinho, um tamborzinho e um xilofonezinho) e brinquedos cheios de formas e cores. Ela passava horas colocando coisas dentro de um balde e tirando-as de novo, e quando cansava disso, seus próprios dedinhos gordos pareciam ser suficientes para deixá-la hipnotizada por um bom tempo.

- Viu só como você é linda? - Benício falou, apontando para o reflexo dela no grande espelho do hall de entrada. Ela se curvou para frente e colocou as duas mãozinhas ali, abriu a boca e lambeu o vidro.

- Que bom que eu limpei esse espelho há dez minutos atrás. - Concluí, organizando as coisas na bolsa. Estávamos de saída para um almoço na casa de Emma e Carlos.

- Graças a Deus. - Ele suspirou, observando-a parar de "se" lamber e notar o reflexo dele mesmo logo ali ao seu lado. Quando seus olhinhos encontraram com os dele no espelho, ele falou outra vez - Oi.

Ela gargalhou.

- Quem eu sou? - Ele perguntou.

Ela continuou encarando-o com curiosidade.

- "Paaa-paaai".

- "Paaah".

- "Paaa-paaai".

- "Paaah pppp".

- "Paaa-..."

- Eu espero. - Concluí.

- "Paaah-paaah".

- ELA FALOU!

Alina riu do berro que Benício deu.

- Ela não falou papai...

- Falou sim!

- Ela falou "pa-pa".

- É a mesma coisa!

- "Paaah-paaah".

- Ok, ela é um gênio. - Ele falou de um jeito sério, deixando-se levar pela histeria - Vou matriculá-la na faculdade!

- Ela já falou "mã" antes. - Respondi em minha defesa.

- E daí? Ela podia estar tentando falar "mão" ou "mamão".

- Ela estava tentando falar "mamãe"!

- Prove.

- "Paaah-paaah".

- Tá bem, já chega! - Falei sem conseguir conter o riso, pegando-a do colo dele e abrindo a porta para o jardim.

Benício levantou as mãos como um boxeador vitorioso.

- Minha filha falou "papai"!

Eu sabia que essa seria a primeira palavra que Alina diria, primeiro porque Benício passava pelo menos meia hora todos os dias tentando fazê-la falar, e segundo porque entre "mamãe" e "papai", bom, eu simplesmente sabia o que viria primeiro de qualquer forma. Mas mesmo assim, ouvi-la dizer alguma coisa pela primeira vez era realmente maravilhoso.

A partir daquele dia, Alina parecia uma metralhadora, atirando "papapa"s para todos os lados. Benício se divertia horrores, e agora tentava fazer com que ela se aprimorasse na palavra "papai", dizendo-a com todas as letras certas. Ao invés disso, dois dias depois, ela chamou por mim, o que, tenho que confessar, quase me fez chorar de emoção.

De Repente, Amor ❲✓❳Where stories live. Discover now