108 - Que comece a festa;

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Chegamos ao The Wolseley um pouco antes das 13:20h. Era um restaurante muito chique, grande e bonito, lotado de pessoas sérias demais. Benício falou com a recepcionista sobre a reserva no nome dos Bocchi e nos dirigimos para a mesa com 8 cadeiras, quatro delas já ocupadas por Emma, Eduardo, Alice e Jorge.

Nosso pequeno atraso pareceu ter sido perdoado. Fomos recepcionados com vários abraços, beijos e desejos de felicidades. Carlos estava no trabalho, mas segundo Emma, chegaria em alguns minutos.

- Mas você já tomou uma atitude, Benício? Pensei que eu fosse casar primeiro. - Eduardo começou irônico, enquanto sentávamos também

- Você teria que arrumar uma namorada primeiro. - Benício alfinetou meio amargo por estar sendo ridicularizado.

- Se você continuasse com a sua atitude de lesma com Alzheimer pra se declarar de uma vez, acho que eu conseguiria.

- Não podemos deixar de agradecer ao Ballantine's do papai. - Alice entrou no jogo, se referindo à garrafa de whisky que Benício provavelmente havia quase esvaziado na noite anterior - Ei, Eduardo. Se Benício finalmente conseguiu pedir a Lís em casamento com umas doses, talvez você consiga uma namorada se tomar também. Parece fazer milagres.

Eduardo balbuciou alguma coisa para ela, chamando-a de "projeto de gente" e outros pseudo-xingamentos antes de mandá-la ir à merda em um tom quase sereno. Olhei para Benício ao meu lado e ele me encarou de volta, mantendo no rosto um sorriso quase falso e dissimulado.

- Nada vai me irritar hoje. Você disse "sim". - Ele falou próximo ao meu ouvido, e tive vontade de rir em quase vê-lo mandando todos ali irem a lugares inapropriados. Mas, ao mesmo tempo, senti uma certa pena dele. Benício era alvo constante das piadas dos irmãos, e vê-lo um pouquinho mordido com as ironias me deu uma enorme vontade de defendê-lo.

- Ele me pediu em casamento hoje também. - Comecei em voz alta e com cara de provocação, para que todos me escutassem - Foi muito melhor do que ontem. Inclusive a nossa pequena comemoração depois...

Eduardo fez um "oooooooww" seguido de risos, e Benício parecia um pré-adolescente orgulhoso por ter acabado de provar para a escola inteira que transava bem. Emma, até então calada e se mantendo discreta com relação às piadas de Eduardo e Alice, se manifestou com um "Sabia que meu filho mandava bem!", e eu não consegui deixar de rir da cena grotesca.

- Ei, Benício! - Alice começou, aproveitando a ocasião para mais uma piada - Você não pode fazer isso com a Lís! Ela está grávida!

Antes que Benício pudesse fazer uma cara de "é mesmo um pensamento tão estúpido que chega a ser uma piada... Mas eu fiz exatamente isso", respondi outra vez, temendo que ele sofresse bullying pelo resto da vida caso um dos irmãos entendesse:

- Ah, mas ele faz. E faz muito bem feito.

Um indiscutível ar de "sou foda" emanava dele sem que eu precisasse olhá-lo para deduzir isso. Antes que Eduardo pudesse pensar em mais alguma piada, fomos interrompidos.

- Cheguei! Cheguei! - Carlos falou em tom de desculpas enquanto dava a volta na grande mesa e caminhava diretamente para Benício - Filhão!

- Desculpa te tirar do trabalho, pai. - Ele começou, já dando o famoso abraço de macho, com direito a socos estrondosos - Eu disse pra mamãe que não precisava...

- Claro que precisava! Você ficou noivo! O mínimo que posso fazer é estar presente na comemoração! - Ele disse todo feliz - Parabéns, filho. Tenho certeza que você vai ser muito feliz.

Benício agradeceu baixinho e liberou o pai do abraço. Carlos se virou para mim com aquele sorriso torto maléfico igualzinho ao do filho. Me senti compelida a abraçá-lo, mas me contive, optando por simplesmente retribuir o sorriso.

De Repente, Amor ❲✓❳Where stories live. Discover now