23 - O pacote completo;

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Às 18h fui para casa tomar um banho e me arrumar para a festa a qual iria comparecer. Não tinha como objetivo fechar contratos, mas aparentemente, minha presença era algo importante, segundo Duda me dissera. Dessa forma, em pouco mais de meia hora eu já estava pronto, ainda me perguntando qual seria a melhor opção: Sair assim que minha cota de presença fosse suficiente, me livrando daquele castigo o quanto antes, ou permanecer na festa o maior tempo possível, evitando que eu fosse parar em um lugar que eu queria ir, mas que estava tentando não querer.

Rumei para meu Volvo trajando roupas menos formais do que as que estava acostumado a usar, e pouco tempo depois foi recepcionado por pessoas que eu tinha certeza que nunca havia visto na vida, mas que mesmo assim me chamavam pelo primeiro nome.

A casa era luxuosa, como todos os lugares em que festas daquele tipo aconteciam. Grande parte das paredes eram de vidro, dando um estilo clean ao ambiente. No fundo, um jazz sem graça tocava, me dando sono e me fazendo lembrar de como odiava o som de saxofones.
Mulheres em vestidos curtos, decotados e caros passeavam entre os convidados sem nenhum objetivo aparente, bebendo taças de champanhe e rindo de piadas idiotas proferidas por velhos ricos e abusados.

Graças a Deus, não demorei a encontrar Duda. Corri para seu lado, decidindo que faria o possível para me sentir à vontade e me divertir naquele lugar.

- Uau, você está um gato!

- Não me faça corar na frente dessas pessoas, Duda. - Falei, recebendo um sorriso dela em resposta.

- Algumas pessoas daqui querem te conhecer. Que tal fazer novas amizades? - Ela falou, com um sorriso debochado.

- Não seja falsa.

- Vamos lá, eles não são tão ruins.

Pouco tempo depois, fomos convidados a sentar em uma grande mesa redonda onde homens e mulheres discutiam sobre negócios, e imediatamente me perguntei se, caso eu puxasse algum assunto aleatório, como futebol ou música, conseguiríamos manter uma discussão normal. Aparentemente, tudo o que aquelas pessoas pensavam era relacionado a dinheiro, e me senti um pouco mesquinho por tentar entrar no assunto.

Aceitei uma dose de whisky oferecida pelo garçom. Duda me olhou feio, mas não me parou.

- Então, Benício... - Uma mulher de meia idade começou, já bêbada, olhando para mim e me tirando de meus devaneios - Onde está a senhora Bocchi?

Duda pareceu se mexer um pouco em sua cadeira ao meu lado, um pouco desconfortável com aquele assunto. Provavelmente tinha medo que a simples menção àquele assunto me traria toda a depressão pela qual eu consegui passar. Olhei para ela com uma expressão serena, tentando informá-la que eu não me importava em falar sobre aquilo.

- Não sou casado.

Ela pareceu espantada.

- E por que não? Não quer formar uma família?

- Quero! - Falei imediatamente, e me surpreendi com a verdade em minhas palavras. Eu nunca havia sido de pensar muito nisso, mas agora que a questão havia sido colocada à minha frente, pude constatar que a verdade em minha afirmação era incontestável. - Só não achei uma moça ainda.

Uma amiga da mulher que conversava comigo, também bêbada, se juntou à conversa.

- Querido, acredite, você pode ter a mulher que quiser.

- Não acho que possa. - Disse, sorrindo - Quem sabe um dia...

- Ah, pode sim. - A primeira mulher interrompeu - Olhe só pro seu "pacote".

De Repente, Amor ❲✓❳Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora