70 - Ele não vai ouvir;

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...

Peguei um conjunto de moletom na mala e caminhei um pouco contrariado para o banheiro. Tomei um banho caprichado. Usei o melhor shampoo que estava ali - pelo menos o que eu achava melhor. Me ensaboei duas vezes e fiz a barba depois do banho. Escovei os dentes e passei uma colônia suave agradável. Pensei em tirar a parte de cima do conjunto, mas a noite estava realmente fria.

Entrei no quarto e a encontrei debaixo das cobertas, olhando para o teto. Quando notou minha presença ali, se desfez rapidamente do edredom enrolado em seu corpo e caminhou para o banheiro depois de pegar alguma peça de roupa em sua mala.

Liguei a tv e esperei pacientemente, passando pelos canais de forma distraída. Aumentei o aquecedor do quarto, pensando no desconforto que Laralís sentiria ao sair de um banho quente e se chocar com um ambiente frio demais. Peguei um cobertor extra no armário e deixei ao pé da cama. Voltei a sentar no meio dos travesseiros fofos, aumentando cada vez mais a sequência de canais. Cheguei ao ponto dos canais pornográficos, e me perguntei por que diabos minha mãe ainda não os tinha bloqueado. Eu queria acreditar que Eduardo não teria coragem de pedir para que ela os mantivesse ali.

No próximo canal, um filme mostrava um convento. Algumas freiras passeavam para lá e para cá, e a cena cortou para algum diálogo entre uma delas e um padre. Eles falavam muito sobre castigos divinos e tentação, mas a conversa não fazia muito sentido.

Foi no exato momento em que Laralís saiu do banheiro que a freira na tv resolveu, de repente, mostrar os peitos.

Arregalei os olhos, me dando conta só então que aquilo também era um filme pornô. Aparentemente, eu tinha pegado o início da "história".

Olhei para ela de forma inocente, com um sorriso amarelo e idiota no rosto, falando qualquer merda para quebrar o silêncio.

- Esses caras vão pro inferno, né?

Ela me encarou em tom de reprovação.

- Eu não sabia, juro por Deus. - Falei, com vontade de rir da situação esdrúxula.

- Não fale de Deus enquanto vê um filme pornô com freiras.

Olhei outra vez pra tv e agora tinham três delas, nuas, se esfregando no padre.

- Porra, como são rápidas...

Ela ficou em silêncio por pouco tempo, mas logo falou outra vez.

- O padre é um gato...

- Ei! - Exclamei, indignado.

- Que foi?

- Eu estou bem aqui!

- E daí? - Ela falava com um sorriso cínico, fingindo ingenuidade.

- E daí que não quero te ver manjando outros homens...

- Você estava aí manjando três mulheres.

- Não estava! Nem sabia que isso era pornô!

Ela revirou os olhos, tomando o controle da minha mão e desligando a tv.

- Certo.

Ela não acreditava em mim, e em condições normais eu lutaria pelo meu argumento, tentando convencê-la até a morte da minha inocência. Mas eu não estava em condições normais, primeiro porque tinha acabado de notar o que ela vestia: minha camisa social, que agora era dela; Segundo porque, em um segundo momento, reconheci um frasco cor creme em uma de suas mãos.

- Você pode voltar a se divertir com seu filme xxx depois - Ela subiu na cama e sentou em seus calcanhares de costas para mim - Mas antes, queria que passasse isso nas minhas costas.

De Repente, Amor ❲✓❳Onde histórias criam vida. Descubra agora