117 - Meu marido;

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...

Tirei as sapatilhas, os brincos e a gargantilha, me deitando em seguida e encarando o teto. Lembrei de tudo que havia acontecido naquela noite: No meu casamento perfeito, no meu noivo perfeito, na minha nova família perfeita. E conforme os segundos iam passando e Benício não voltava para o quarto, me dei conta de que estava ansiosa de novo. Mas, dessa vez, por outro motivo.

Eu tinha transado com Benício no primeiro dia que nos conhecemos. Claro. Além disso, estava tão acostumada a fazer isso com ele que já era algo tão natural quanto tomar banho ou algo assim. Por isso, aquela ansiedade adolescente que estava fazendo com que as pontas dos meus dedos ficassem geladas podia ser considerada, no mínimo, idiota.

Não era medo. E também não se tratava de insegurança. Eu sabia muito bem o que tinha que fazer e como fazê-lo. Mas, de alguma forma, era como se aquela sensação da expectativa por uma primeira aproximação estivesse me tomando aos poucos. Era quase a mesma sensação de quando me dei conta, pela primeira vez, que estava apaixonada por ele. A diferença era que, diferentemente da primeira vez, eu estava me permitindo desfrutar daquela sensação.

Era o nervosismo bom de uma nova paixão. Só que eu já estava apaixonada por algum tempo, então não fazia sentido.

- Você é muito estranha... - Falei em voz alta para mim mesma, sorrindo de qualquer jeito esparramada na cama.

Ouvi os passos dele subindo as escadas outra vez e meu coração começou a bater muito forte. Sorri outra vez, achando graça do que ele me fazia sentir.

- Feliz? - Ele perguntou ao ver meu sorriso bobo, fechando a porta e indo se sentar ao meu lado na cama.

- Que pergunta estúpida é essa? - Perguntei sem deixar de sorrir - Óbvio que estou!

- Você tem andado muito com a minha irmã. Está começando a falar como ela. - Ele sorriu de volta, passando o indicador na linha do meu maxilar. Meu coração deu mais duas ou três batidas surdas.

- Você faz perguntas idiotas e a culpa é da sua irmã? - Perguntei, me levantando e ficando sentada de frente para ele. Eu sabia que encurtar o espaço entre nós me faria ficar mais nervosa, mas a sensação era tão boa que fiz de propósito.

Ele continuou me encarando por tanto tempo que pensei que quisesse dizer alguma coisa. Mas ao final de um longo silêncio, Benício simplesmente segurou com muita delicadeza meu pescoço e tão lentamente quanto uma maravilhosa tortura, se inclinou para frente e me beijou.

Foi um beijo perfeito. Absolutamente perfeito, em tudo. Bom o suficiente para me manter em um estado de torpor durante um longo tempo, inclusive depois que ele acabou.

- Você foi o primeiro homem que eu beijei... - Soltei em um tom de voz baixa, ainda de olhos fechados, sentindo o rosto dele próximo ao meu. Não sabia o motivo de ter dito aquilo naquele momento, mas também não fazia idéia do porquê aquela era a primeira vez que eu fazia aquela confissão a ele. Mas agora que o silêncio havia se instalado no quarto, eu começava a me sentir meio... idiota.

- Eu fui o primeiro homem que você beijou? - Ele perguntou, parecendo surpreso.

- Foi...

- Isso é sério?

- Não. Eu achei que seria legal contar uma mentira e depois quebrar o clima. - Falei debochada.

- Por que você nunca... Você nunca teve um namorado além de mim?

- Não. - Respondi encarando sua boca e chegando mais perto dele instintivamente.

- Não acredito que eu tive que esperar esse tempo todo pra saber disso... - Ele pontuou com um sorriso no rosto, infiltrando os dedos por baixo da minha trança outra vez e me puxando mais para perto - Por que nunca me disse isso?

De Repente, Amor ❲✓❳Onde as histórias ganham vida. Descobre agora