74 - Preparação para o Réveillon;

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...

- Argh...

- Está tudo bem.

- Arghhh!

- Benício, respire.

Minha cintura estava decorada em sua totalidade por manchas roxas e vermelhas. A parte superior das minhas coxas, perto da virilha, estava muito dolorida e com manchas verdes nas laterais. Meus antebraços tinham alguns arranhões e pude ver claramente uma trilha de chupões que ia do meu umbigo até meu seio esquerdo.

Eu lembrava um pouco uma girafa albina.

- Pelo menos não tem nada no meu pesc...

- Aaaarrgh...

- Quer parar de gemer? Eu estou bem!

- Não está nada bem! Você parece ter sido espancada! Não vou mais tocar em você...

Levantei uma sobrancelha encarando-o pelo reflexo do espelho enorme do closet, desafiando-o a prometer aquilo.

- Pelo menos até essas manchas sumirem... - Ele se corrigiu rapidamente.

- Sabe quanto tempo mais ou menos elas demoram a desaparecer? Três semanas.

- Merda!

Benício estava puto porque sabia que meus hematomas eram culpa dele. Mas eu achava que talvez já estivesse na hora de superarmos isso, porque era um problema que sempre existiria: Toda vez que ele me tocasse intimamente eu acabaria marcada.

- Você está preocupado comigo porque ainda não viu suas costas.

Ele se virou de costas para o espelho, olhando para trás para ver o reflexo da parte de trás do seu tronco.

- Uau... Parece que um gato amolou as unhas em mim...

E parecia mesmo. Alguns arranhões eram apenas pele empolada, mas outros eram cortes visíveis e vermelhos que rasgavam suas costas da altura dos ombros até a lombar. Ele abaixou um pouco a barra da calça que vestia apenas para se certificar de que os arranhões não paravam por ali, mas continuavam em um caminho muito mais abaixo.

- Viu só? Não sou tão indefesa. - Falei sorrindo, mas um pouco culpada também - Não ardeu no banho?

- Um pouco, mas não dei atenção.

- Temos que passar algum remédio aí...

- Não precisa, as roupas cobrem.

Bem, isso dava a ele uma pequena vantagem sobre mim. Seria difícil achar alguma coisa própria para uma festa de Réveillon e que cobrisse todos os hematomas que contrastavam fortemente com a minha pele clara demais.

Aliás, eu não lembrava sequer se tinha alguma roupa clara para vestir.

- Acho que dei sorte... - Ele disse, saindo do closet e indo para o quarto, me deixando na frente do espelho sozinha por algum tempo. Voltou alguns segundos depois, me entregando um embrulho.

Encarei-o irritada, esperando alguma explicação.

- Que foi? Você precisava de um vestido pro Réveillon...

- Eu duvido que não tenha nada que possa ser vestido no meio daquela tonelada de roupas que você comprou pra mim.

- Mas essa é uma ocasião especial, então eu tive que comprar à parte. Abra.

Continuei encarando-o apenas para deixar claro meu descontentamento. Não queria ser mal educada, mas também queria que ele parasse de fazer aquilo.

De Repente, Amor ❲✓❳Onde as histórias ganham vida. Descobre agora