119 - Primeira imagem da princesinha;

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Era o momento de começar a colocar as coisas em ordem, pouco a pouco. Alice, Jorge, Eduardo e Duda estavam de partida para casa, e me senti um pouco triste em vê-los indo embora, já que estava começando a me acostumar com a presença deles ali. Ao final daquele domingo, depois de todas as despedidas e lágrimas, só restamos Laralís, eu e meus pais a dois quarteirões de nós.

Eu começaria a trabalhar dali a duas semanas, por isso tinha que deixar tudo pronto até lá. E "deixar tudo pronto" significava deixar tudo da forma que eu considerava boa o suficiente para poder ir trabalhar tranquilamente e deixar Laralís sozinha. Ela estava no quinto mês de gravidez, e por algum motivo eu estava com mais medo de me afastar dela agora.

Consegui com minha mãe uma empregada "emprestada" para a nossa casa, pelo menos provisoriamente. Ela cuidaria da limpeza e da arrumação de tudo, fazendo companhia à Laralís e ajudando-a no que ela precisasse enquanto eu estivesse fora. Por hora, consegui convencê-la a deixar de lado o trabalho que eu havia prometido conseguir para ela outra vez quando nos mudássemos para Londres. A gravidez parecia estar mexendo com as suas prioridades, fazendo com que ela perdesse um pouco do interesse em gastar o tempo que tinha se ocupando com outras coisas.

Aliás, passado o casamento, aquela gravidez se tornou prioridade tanto dela quanto minha. Agora que tudo voltava ao normal aos poucos, era curioso notar como cinco meses haviam se passado sem que tivéssemos feito uma ultrassonografia sequer - ou melhor, que eu tivesse permitido isso, já que meus cuidados eram abertamente exagerados. Talvez isso tivesse acontecido porque eu havia passado metade do meu tempo tentando organizar as coisas nos Estados Unidos para que nossa mudança acontecesse, e a outra metade criando coragem para pedir Laralís em casamento. Fosse qual fosse o motivo, já estava mais do que na hora de fazer os exames necessários para o início de um acompanhamento adequado à gravidez.

Por isso, a visita ao obstetra indicado pelo médico antigo foi marcada para o meio daquela semana.

- Por que está tão calada? - Perguntei ao parar o carro no sinal vermelho.

Ela não respondeu, apenas sacudindo a cabeça como se dissesse "por nada".

- Está nervosa?

Outra vez ela respondeu com uma sacudida na cabeça, dessa vez em afirmação.

- Não fique. - Falei, levando minha mão livre para a sua perna - Vai dar tudo certo.

Era realmente nisso que eu acreditava. Claro que não estava completamente calmo, mas também não estava nervoso ou com medo. Só estava ansioso, simplesmente porque sabia que dali a alguns minutos estaria vendo nossa filha pela primeira vez.

Ela suspirou, agarrando minha mão ainda sem pronunciar nenhuma palavra. Liguei o rádio do carro e coloquei para tocar o cd gravado por mim. Ela pareceu relaxar um pouco com a melodia do piano, afrouxando um pouco o aperto que seus dedos faziam nos meus.

Dirigi um pouco mais rápido, tanto pela minha ansiedade como para acabar logo com a angústia dela. Pelo horário da consulta, estávamos adiantados, mas se teríamos que esperar de qualquer jeito, pelo menos que fosse sentados no sofá de espera do consultório médico.

Quando chegamos, pedi para que ela fosse se sentar enquanto eu cuidava dos detalhes da consulta com a secretária. Havia algumas mulheres na nossa frente, umas acompanhadas dos maridos e outras não. Algumas barrigas estavam crescidas, mais ou menos do mesmo tamanho da de Laralís; outras estavam muito maiores, e algumas eram tão lisas que sequer pareciam poder comportar uma criança.

Quando fui ao encontro dela, sozinha em um sofá de três lugares, ela olhava com curiosidade as barrigas alheias.

- Você ainda é a grávida mais bonita. - Falei com uma voz doce ao seu ouvido, sentando ao seu lado e estendendo um braço por trás do seu pescoço - De longe.

De Repente, Amor ❲✓❳Where stories live. Discover now