17 - Você é melhor.

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Benício

Acordei na manhã seguinte por causa de um raio de sol que resolveu passar pela persiana e se concentrar em meu rosto. Depois de alguns segundos lutando contra o sono e tentando abrir os olhos, consegui voltar a mim e entender um pouco do que me rodeava.

Eu estava de bruços em cima de um emaranhado amassado que eram os lençóis e o edredom branco que costumavam forrar minha cama. Diretamente ao meu lado, uma mulher com pele um pouco escura e cabelos negros dormia silenciosamente, também de bruços, com o rosto virado para mim. Ambos estávamos nus, e eu sentia que minha cabeça poderia explodir a qualquer momento, fazendo com que alguns de meus miolos decorassem o estilo clean do quarto.

Fiz o que me pareceu ser uma força sobre-humana para levantar minimamente o corpo e me virar para o lado do criado-mudo, com o objetivo de verificar as horas. Eu imaginava que estaria atrasado, mas ao olhar para os números vermelhos luminosos, tive uma certeza.

Duda me mataria.

É provável que ela tenha insistido em ligar para meu celular durante as últimas três horas, ao constatar que eu não estava no trabalho. Eu verificaria isso, assim que encontrasse o maldito telefone.

Reuni toda a força de viver que me restava e sentei no colchão. Eu podia sentir meu cérebro se revirando dentro da caixa craniana, como se quisesse sair do lugar. Isso fez com que meus olhos momentaneamente perdessem o foco, o que me forçou a fechá-los e tentar não gritar com a enxaqueca absurda que parecia querer me matar lenta e dolorosamente.

Caminhei até o banheiro, ligando o chuveiro e me enfiando completamente lá dentro. Eu tentava não pensar em nada, porque pensar doía, então me empenhei em manter minha cabeça completamente vazia.

Saí do banho me enrolando em uma toalha. Escovei os dentes, ainda não pensando em coisa alguma, e caminhei para o closet, escolhendo aleatoriamente um terno preto, uma camisa que me parecia ser de alguma tonalidade verde e uma gravata cinza escuro.

Vesti-me lá mesmo, sem nem me preocupar em conferir no espelho se a camisa ainda tinha a etiqueta de nova ou se o nó em minha gravata estava torto (o que era bem provável).

Voltei para o quarto e vi que a mulher ainda dormia. Caminhei até ela com o intuito de acordá-la.

Qual era mesmo o nome dela? Acho que começava com C ou L...

- Ei... - Tentei dizer, segurando em seu ombro e balançando-o um pouco. Infelizmente, falar também doía.

- Ei... Porra, como diabos você se chama? Letícia? Célia? - Outra sacudida, agora com mais vontade. Ela pareceu sentir, e começou a despertar.

- Hmmmmpf?

- Você tem que ir. Eu tenho que ir! Já são quase 12h, e minha secretária vai me matar!

Enquanto falava, procurei por seu vestido no chão. Ao achá-lo do avesso, dobrei do lado certo e entreguei a ela a peça de roupa. Graças ao bom Deus ela obedeceu, cambaleando para o banheiro com o vestido nas mãos.

Segui para a cozinha, à procura de algum analgésico ou qualquer coisa anti-ressaca. Ouvi meu celular tocando baixo, mesmo minha audição estando comprometida com um zumbido irritante e ensurdecedor.

Fui até a sala e identifiquei que o som vinha da massa de roupas no chão. Ah, no bolso de minhas calças, da noite anterior.

Soltei um gemido ao abaixar para pegar o aparelho.

- Alô.

- Senhor Bocchi. Fico feliz em saber que o senhor está vivo.

- Desculpa, Duda...

De Repente, Amor ❲✓❳Where stories live. Discover now