64 - A troca de presentes;

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...

A expressão de Benício foi se transformando lentamente em um sorriso de compreensão. Ao final de sua metamorfose, ele estava tão lindo e parecia tão feliz que por muito pouco não me atirei no colo dele e o enchi de beijos. Era como se ele fosse uma criança e eu tivesse acabado de lhe dar uma loja de doces.

- Você comprou um presente pra mim? Uau!

Ele parecia realmente surpreso, abrindo de qualquer jeito a embalagem e tirando de lá a caixa com o relógio dentro. Ao ver do que se tratava, seu sorriso conseguiu ficar ainda mais largo.

- Uau! - Ele repetia muito isso - É demais!

- Gostou? - Analisei sua expressão na esperança de encontrar traços de mentira ali. Mas todas as reações dele pareciam ser genuínas.

- Muito! - Ele falou, e de forma inocente puxou a manga esquerda da camisa para cima, revelando naquele pulso um relógio maravilhoso, muito mais interessante e, aparentemente, muito mais caro do que aquele que eu havia comprado para ele. Inclusive, lembrei de uma vez ter visto as horas naquele mesmo relógio: no dia em que eu havia acordado no quarto dele pela primeira vez.

Murchei na hora. Como infernos eu nunca havia reparado que ele já usava uma porra de um relógio de pulso? Como eu não havia lembrado? Como eu não vi isso aquela mesma noite?

Eu era uma ameba, e me sentia como uma criança de sete anos dando de "presente" um desenho idiota feito com guache e caneta hidro cor.

- Uau. - Aquela expressão, antes me fazendo sentir bem, agora já estava me irritando. Ele não tinha motivos para ficar daquela forma. Foi uma ideia idiota. - Como ficou?

Ele deixou o pulso amostra, agora com o relógio que eu havia dado.

- O outro ficava melhor. - Falei, amargurada e puta.

- Claro que não! Esse é muito mais interessante!

- Não é. Não minta.

- Não estou mentindo! Eu gostei muito!

- Que seja... - Falei baixo, pegando a embalagem rasgada, amassando tudo com raiva e formando uma bola de papéis nas mãos.

Me virei para jogar tudo aquilo no lixo, mas fui surpreendida por um abraço, e então a próxima coisa da qual eu estava ciente era o rosto de Benício enfiado em meu pescoço enquanto seus braços me prendiam perto de seu corpo, cruzados em minhas costas e não me permitindo sair dali.

- Obrigado. Você não faz ideia do quanto eu gostei.

Retribuí o abraço, sentindo sua respiração pesada no meu pescoço. Lembrei de Duda me dizendo que independente do que eu desse a ele, ele gostaria. Quase que imediatamente, lembrei do meu aniversário, quando meros marca-páginas tinham me proporcionado uma alegria inexplicável, e então entendi que, se Benício estivesse sentindo a mesma coisa que eu naquele dia, aquele momento provavelmente estaria sendo de fato precioso.

- De nada. - Respondi baixo, retribuindo o abraço e sentindo as já conhecidas ondas de eletricidade entre meu corpo e o dele.

Ficamos daquela forma por algum tempo, então me dei conta de que, se demorasse um pouco mais, Benício acabaria dormindo no meu ombro, dado seu estado alcoolizado. Me afastei dele e puxei o edredom que cobria a cama.

- Você vai acordar com um pouco de dor de cabeça amanhã, então aproveite enquanto consegue dormir. - Falei, afofando o travesseiro e apontando para os lençóis. - Vem.

Ele caminhou até sua mala sem me dar atenção e tirou de lá de dentro alguma coisa pequena, que cabia na palma fechada de sua mão. Sem dizer nada, me guiou pela cintura até a beirada da cama, me fazendo sentar ali.

De Repente, Amor ❲✓❳Where stories live. Discover now