115 - É chegado o momento;

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...

Fui guiada para dentro do closet, e quando me vi encarando o espelho enorme lá dentro, suspirei.

Eu não era a noiva mais interessante do mundo. Também não era a mais chique, tampouco a mais elegante. Mas eu estava, definitivamente, bonita. Como nunca estivera antes. Tão bonita que, pela primeira vez na vida, tive uma vontade idiota de tirar uma foto de mim mesma apenas para guardar de recordação e lembrar que, um dia, eu estive com aquela aparência.

- Se você quer saber a minha opinião - Alice começou, tentando se esquivar do espelho para que só a minha imagem fosse refletida -, eu acho que você é a noiva mais linda que eu já vi.

Era óbvio que existiam noivas muitos mais bonitas do que eu, mas mesmo assim o elogio de Alice surtiu efeito, trazendo algo dentro de mim que eu não lembrava existir: Eu senti amor próprio, senti minha auto-estima ser tocada de alguma forma, mesmo que discretamente.

- Brigada... - Falei, sorrindo e tentando não chorar - Mesmo que você esteja exagerando...

- Não está não.

Virei para a saída do closet e encontrei Jorge encostado na moldura da porta, vestindo um terno preto muito elegante enquanto me encarava com um sorriso no rosto. Vê-lo vestido daquela forma fez com que meu coração acelerasse outra vez.

- Bom, na verdade... - Ele recomeçou, parecendo divertido - Você é a segunda noiva mais bonita que eu já vi. A primeira se casou comigo. Espero que não se chateie pela sinceridade.

- Tudo bem, estou feliz com o segundo lugar. - Respondi, tentando sorrir de forma tranquila pela gentileza.

- Só acho um pouco perigoso. Benício pode cair morto e gelado quando te vir assim tão bonita.

- Eu espero, do fundo do coração, que isso não aconteça...

- Porra, tenho que me arrumar! - Alice interrompeu batendo na própria testa, se lembrando de repente de que ainda vestia as mesmas roupas de antes, e saiu do closet correndo.

Voltei a me encarar no espelho, testando minha respiração e mentalizando qualquer coisa feliz. Não tive coragem de perguntar a Jorge que horas eram, me concentrando principalmente em ficar calma. Alice estava certa, eu não podia ficar nervosa daquele jeito. Não seria nada bom para o bebê.

Mas quanto mais eu pensava nisso, mais nervosa eu ficava. Além de estar prestes a me casar, tinha que controlar meus nervos por causa da minha filha, mas era difícil ficar calma. Não era da natureza de uma noiva ficar tranquila alguns minutos antes do próprio casamento, por isso eu sabia que ninguém podia exigir isso de mim.

Mas eu tinha que me controlar.

- Tudo bem aí? - Jorge perguntou, como se pudesse ler meus pensamentos.

- Nervosa. - Foi tudo que falei. Ele entenderia.

- Não fique. Nada vai dar errado.

- Acredite, muita coisa pode dar errado. - Falei, de repente pensando em realmente tudo que podia estragar aquele momento, mas resolvendo verbalizar o menor dos meus medos - Eu posso tropeçar no vestido e dar com o nariz no chão. Eu sou bem assim.

- Peça pro seu condutor te segurar.

Estaquei, ainda encarando Jorge como se ele não tivesse dito nada.

Quem iria me levar até o altar? Por que eu não havia pensado naquilo antes?

Aliás, por que eu nunca pensava em nada antes de me dar conta de que era tarde demais para solucionar o problema?

De Repente, Amor ❲✓❳Where stories live. Discover now