89 - Um dia difícil;

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...

Quando chegamos no prédio dele, saí do carro sem dar a ele tempo de dar a volta e abrir minha porta, como eu sabia que faria. Caminhei teatralmente até o elevador, com Benício me seguindo de perto, provavelmente em pânico que eu tropeçasse ou algo assim.

- Por que você não está falando comigo? - Ele insistiu assim que entramos no apartamento. Encarei-o com cara de bronca.

- Você foi um idiota. Por que diabos agiu daquele jeito imaturo? - Perguntei, querendo que ele desse alguma desculpa que fizesse com que meu desgosto passasse.

Ele fechou ainda mais a cara ao me responder:

- Não posso ter ciúmes? Só você?

- Não, não pode, porque eu nunca te dei motivos pra isso. Não foi o seu caso.

Me senti debilmente vitoriosa por deixá-lo sem argumentos. Ele me encarou, claramente tentando pensar em uma boa resposta, mas tudo que se limitou a fazer, depois de alguns segundos em silêncio, foi amarrar mais a cara.

- Não preciso de motivos pra sentir ciúmes de você... - Ele começou, mas eu o interrompi:

- Mas precisa de motivos pra ser rude com os outros. Nunca mais faça isso, foi vergonhoso. - Pontuei, dando as costas para ele e indo para o quarto me deitar.

Ele não me seguiu.

Depois de muitos minutos ali, sozinha, comecei a me criticar pela bronca exagerada. A crise idiota de ciúmes de Benício havia, de fato, sido não só desnecessária como embaraçosa. Mas talvez eu não precisasse ser tão dura com ele. Ele só se sentiu ameaçado. O problema foi não saber lidar com a insegurança.

Fui tirada de meus devaneios quando, momentos depois, Benício surgiu no colchão ao meu lado, me abraçando, pedindo desculpas por ter sido idiota e se lamentando por ter me deixado irritada.

Como era de se imaginar, não consegui ficar puta com ele por muito mais tempo, e segundos depois eu já estava ronronando contra seu peito como um gato manso. Deixei que o clima da nossa pequena reconciliação me deixasse mole como gelatina em seus braços, não me importando com mais nada.

E então, quando eu já estava aceitando o fato de querer ser agarrada e devorada por ele, Benício cortou meu barato mais uma vez.

- Vou preparar o almoço. - Ele concluiu, dando um beijo na minha testa, exatamente como antes.

- Mas... - Comecei, querendo entender por que diabos ele havia jogado um balde de água fria no meu tesão.

- Pode ficar deitada, quando estiver tudo pronto eu te chamo.

E assim, sem mais nem menos, me deixando naquele estado deplorável, ele saiu.

Bufei, amaldiçoando-o por ser um infeliz esquisito.

...

Meu terceiro mês de gravidez estava começando, e enquanto eu me preocupava unicamente com a minha barriga - que finalmente começava a dar sinais de crescimento -, Benício se preocupava com absolutamente tudo: A empresa, a mudança e a gravidez.

Sua preocupação era exagerada, como eu imaginava que seria. Mas foi só na segunda-feira depois da notícia que notei que seu comportamento super protetor me daria mais dor de cabeça do que imaginava.

- O que está fazendo? - Ele falou, irrompendo pelo banheiro sem em momento algum pensar que talvez pudesse estar invadindo minha privacidade.

- Escovando os dentes? - Respondi, levantando até a altura de seus olhos a escova de dentes que eu segurava.

De Repente, Amor ❲✓❳Onde as histórias ganham vida. Descobre agora