Capítulo VI - Insegurança

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- Certo... – dizia Nick, enquanto misturava com uma colherinha o fundo açucarado do chá que havia pedido. – Então você sofre bullying e não tem amigos?

- Na verdade eu não diria que é bullying, eu acho que eles não gostam de mim e às vezes exageram, só isso. Tem que levar em consideração que eu tenho ansiedade generalizada, e isso acaba desencadeando crises em mim, e eu acabo ficando meio esquisito. Mas isso é total responsabilidade minha. E eu não sei se posso considerar o Lou como amigo ainda. Acho que ele não iria gostar disso, sabe? – respondeu o garoto, antes de bebericar o milk-shake recém-chegado à mesa.

- Bullying é bullying, Harry. E eu tenho certeza que essa agressão absurda que você sofre é justamente um dos fatores que ajudam a desencadear essa sua crise, por favor, não tente justificar. – pediu Nick, movendo de leve o rosto. – E quanto ao Louis, qual o problema em considera-lo amigo? Você não gosta muito dele, é isso?

- Na verdade eu gosto bastante dele, chego a ficar horas ensaiando algum tipo de assunto pra puxar com ele no dia seguinte. Ele também é meu vizinho, e a mãe dele é uma velha amiga da minha mãe. Só que, mesmo a gente sendo vizinhos, eu não tenho coragem de ir na porta da casa dele bater e chama-lo pra passar o sábado ou o domingo comigo, mas tenho vontade de fazer isso. Quando ele foi em casa, pela primeira vez, graças àquele trabalho da professora Annabeth, eu coloquei o dvd do Guns n’ Roses e nós assistimos. Depois jogamos videogame e nem vimos à tarde passar. Foi um dia muito bacana, sabe Nick? Eu não tenho amigos, então, sempre que arrumo alguém pra ficar comigo eu acabo me empolgando e assusto a pessoa.

Nick observava Harry falar de Louis com um sorriso delineando seus lábios finos. Era inegável o quão o garoto parecia afobado e animado ao falar do amigo.

- Não se prive de chamar ele quando quiser, Harry. Só porque ele parece um bulldog tatuado não significa que ele morda sempre, não é? Quem sabe o Louis também se sinta tão sozinho quanto você. – sugeriu, bebericando um gole do chá.

- É que eu tenho medo dele ficar de saco cheio de mim. – desabafou, dando de ombros, com o olhar baixo.

- Ora Harry, estamos conversando a uma hora e eu estou adorando a sua companhia, com toda sinceridade do mundo! – disse o jovem professor, esbanjando sorrisos.

Harry corou ao ser elogiado, sorrindo amplamente em resposta. – Não precisa mentir pra me agradar, Nick... – sussurrou, olhando para as próprias mãos.

- Eu não estou falando pra te agradar! Estou sendo sincero com você! – afirmou o rapaz, franzindo de leve o cenho. – Você tem que parar de se desmerecer! A sua companhia é realmente agradável e eu tenho certeza que o Louis se sente muito bem quando está com você. – garantiu, piscando de leve para o aluno.

- Você acha mesmo Nick? – questionou o garoto, com um sorriso iluminado nos lábios rosados.

- Acho não, eu tenho certeza! – tornou a afirmar.

- Mas... como você pode saber se nem conhece a gente direito? – Harry voltou a questionar. Nada lhe tirava da mente que Nick estivesse apenas tentando agradá-lo.

- Harry, eu sou professor seu e do Louis. Estou lecionando na turma de vocês há dois meses. Tenho observado vocês dois, o comportamento de vocês, a forma com que interagem. Louis é um aluno complicado, de difícil acesso. Não só um aluno, mas um jovem complexo, um tanto rebelde, e confesso que já o vi sorrindo enquanto te cutucava pra te aborrecer durante a aula.

- Isso é sério? – o tom afobado na voz do mais novo não passara despercebido por Nick, que gentilmente assentiu, rindo satisfeito ao observar a reação do aluno.

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