Quando Alfonso chegou em casa, parecia que tinha o mundo nas costas. Ele se jogou no sofá, querendo que tudo fosse diferente, mas não era. Anahí lhe achava um morto de fome, e lhe tiraria o direito de conviver com o próprio filho. Deus, o filho era dele também! Por que ela tinha que ser tão injusta?
Quase arrancando os cabelos entre os dedos, ele lembrou-se de algo. Correu até seu quarto e foi até o criado mudo, pegando um cartão de visita que havia guardado lá há alguns meses. Ele observou o cartão por segundos até criar coragem para ligar para o numero que havia lá.
Porém, não atenderam. E ele deixou o recado na caixa de mensagem.
Alfonso: Olá Christian. –disse num suspiro- Sou Alfonso Herrera, você me deu seu cartão na empresa de Anahí Portilla, em NY. Bom, eu estou disposto a saber o que você tem para me oferecer. Eu estou aceitando qualquer coisa. Pode ligar para esse numero de volta. Então... É isso, estou aguardando. Até mais. –finalizou desanimado-
Ele não sabia aonde aquilo lhe levaria. Mas ele estava disposto a tentar ter uma outra vida, para que pudesse ter o seu filho ao seu lado.
Quando foi mais tarde, ele foi até a casa de Ginnifer, atrás de ver Louisa. A menina andava pela casa carregando uma boneca enquanto Ginnifer estava no sofá vendo televisão e Josh tomava banho.
Louisa: Dinho, olha a mia boneca que papa deu. –falou animada mostrando a boneca nova a Alfonso, que se abaixou sobre o chão, ficando na altura dela-
Alfonso: Que linda, princesa. –respondeu, tentando mostrar a mesma animação. A menina olhou para a boneca orgulhosa, e ele beijou sua bochecha, levantando-se e indo até o sofá-
Ginnifer: E então? O que está acontecendo com você? –perguntou preocupada. Os dois estavam sentados sobre o sofá, lado a lado, e Alfonso respirou fundo-
Alfonso: Anahí está grávida. –falou de uma vez, vendo os olhos da amiga se abrirem em placa-
Ginnifer: Oh meu Deus. De você? –perguntou, e ele assentiu com a cabeça, a fazendo levar a mão até a boca- Alfonso que maravilha, você será pai! –disse animada, após o susto, o abraçando e ele soltou um riso fraco-
Alfonso: Obrigado. –agradeceu- Mas tem um problema.
Ginnifer: Qual?
Alfonso: Ela me ofereceu dinheiro para que eu esquecesse o nosso filho. –falou cabisbaixo-
Ginnifer: Como? –perguntou surpresa- Alfonso, você não aceitou, não é?
Alfonso: Claro que não Ginni. –respondeu de imediato- Você sabe que eu jamais aceitaria isso. –falou passando as mãos pelo rosto- Ela ainda acha que eu sou aquele adolescente interesseiro que ela conheceu um dia. Mas eu não sou mais aquilo, eu quero esse filho, eu quero o meu filho. –disse com a voz baixa. Ele estava cansado, cansado de pagar pelos erros de um passado vergonhoso-
Ginnifer: Oh, não fique assim. –pediu, passando a mão em seu ombro- Ela não pode negar um pai de ver seu filho, e nem negar o filho de ter um pai. Deixe a poeira baixar, ela vai pensar melhor.
Alfonso sorriu exausto. Lá estava a amiga, tentando ver o melhor de tudo como sempre. Vendo o melhor das pessoas e tentando apaziguar os problemas. Ele queria ser tão otimista como ela estava sendo, mas não conseguia.
-
No dia seguinte, Alfonso foi trabalhar ainda mais desanimado. Christian não o respondera. Ele tentara ligar de novo, mas novamente ele não atendeu. Enquanto estava no saguão, Anahí não apareceu, já havia passado do horário que ela chegava, e nada. Ele seguiu, para os outros andares e então não soube a que horas Anahí havia chegado.
Esta que, chegou um pouco mais tarde porque havia ido em sua primeira consulta ao médico. Ela confirmou a gravidez com o exame de sangue e soube que estava quase na terceira semana de gestação. Ainda era cedo, mas ela já podia sentir todas as mudanças que aquela criança traria para a sua vida.
Dulce: Oh meu Deus, três semanas? –disse surpresa na sala de Anahí, enquanto a outra estava sentada sobre a outra mesa da sala, comendo seu café da manhã-
Anahí: Resolvi que já que não tem mais nada a se fazer, então que eu comece logo a cuidar. –disse mastigando uma torrada que acabara de morder-
Dulce: E como está? Você fez ultrassom? –perguntou empolgada-
Anahí: Sim, e está tudo bem. –respondeu com um pequeno sorriso- Sabe, as vezes ainda não consigo acreditar que estou gravida.
Dulce: E Alfonso? –perguntou cautelosa, e Anahí deu de ombros- Você falou com ele?
Anahí: Sim. –suspirou- Ele está bancando o paternal, mas nós sabemos que ele só quer se aproveitar da situação e tirar o máximo de mim nisso.
Dulce: Mas você sabe que não pode negar seu filho de ter um pai, não é?
Anahí: Um pai como Alfonso? Sim, eu posso. –respondeu simples-
Aquela seria uma grande e exaustiva guerra.
-
Emma: Ela demorou para chegar porque parece que foi ao médico. –comentou quando estavam os dois almoçando no refeitório-
Alfonso: Médico? Por que? –perguntou preocupado-
Emma: Ah claro. Ela me convidou para um café e me contou porque decidiu ir ao médico. –falou irônica- Não sei Alfonso, deve ter sido rotina.
Alfonso: Ela não vai mesmo me deixar participar de nada. –falou baixo num suspiro-
Emma: O que disse? –perguntou-
Alfonso: Nada. Só lembrei que preciso resolver uma coisa. –falou apressado levantando-se da mesa e saindo-
Ele correu até a sala dela, onde ela havia acabado de almoçar e agora estava no banheiro escovando os dentes. Quando ela saiu do banheiro, ele já estava parado no meio da sala, a esperando.
Anahí: Você tem certeza que quer ficar desempregado? –perguntou, assim que o viu- O que você quer aqui Alfonso?
Alfonso: Eu soube que você foi ao médico. –falou, ignorando sua primeira pergunta-
Anahí: Ah soube? Por quem? –ela cruzou os braços abaixo dos seios e continuou o encarando-
Alfonso: Bom, não importa. –disse num suspiro- Só queria saber se você está bem? Se está tudo bem com o bebê. –falou e ela revirou os olhos irritada-
Anahí: Sim, está tudo bem com o meu filho. Não precisa se preocupar. –ela caminhou até sua cadeira, e sentou-se. Ele continuou em pé, a sua frente-
Alfonso: Você foi ver como ele estava, não é? O nosso filho? –corrigiu, e ela bufou outra vez- Bom, eu queria que você me avisasse quando fosse ao médico outra vez. –falou, vendo que ela não lhe responderia- Eu gostaria de acompanhar as consultas do nosso filho. –corrigiu outra vez, com um leve sorriso nos lábios-
Anahí: Espere sentado. –falou com um riso irônico, que quase o irritou-
Alfonso: Anahí, eu tenho esse direito. –rebateu- Você não pode me negar isso.
Anahí: Infelizmente, não posso mesmo negar você de chegar perto do meu filho, mas das consultas, eu posso sim. –respondeu, agora com a postura séria outra vez-
Alfonso: Certo. Vamos ver. –falou confiante, deixando-a ainda mais irritada-
Ele não esperou que ela dissesse mais alguma coisa, até porque ela não diria. Ele apenas se direcionou até a porta e saiu.
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365 Dias de Inverno
FanfictionO inverno pode ser impiedoso quando quer. A chuva não cessa, e não ameniza em nada a dor que um inverno turbulento pode causar. Alfonso era o mundo de Anahí. Mas esse mundo acabou sendo levado pela chuva. Tudo se foi, tudo. A água levou o carinho...