Capítulo 61

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Anahí havia feito uma viagem a Ásia de quase uma semana. Quando voltou, Alfonso a atacou em sua sala, havia uma certa saudade, ele avançou sobre ela faminto, e ela estava sedenta de vontade também. Ultimamente aquele havia sido o maior tempo em que eles ficaram sem transar, e quando se viram novamente, foi inevitável. O ato se repetiu quase todos os dias naquela semana. Ela havia voltado de Cingapura e obviamente houve mudança de fuso horário e anticoncepcional desregulado. Uma coisa besta para uma mulher tão inteligente como Anahí. Mas aconteceu.

Tudo começou quando, duas semanas depois da viagem, ela começou com os sintomas. Primeiro vieram as tonturas, depois os enjoos, e então, a desconfiança.

Dulce: Vim busca-la para almoçar. –falou entrando na sala dela- Vamos naquele restaurante italiano, o que acha?

Anahí: Dulce Maria, cale a boca. –disse enojada colocando a mão sobre a boca-

Dulce: Deixe de ser rabugenta. –falou revirando os olhos, ignorando-a- Eu estou morrendo de saudades de comer um Tinamisù. –falou lambendo os beiços- Vamos?

Com a mão ainda tampando a boca, ela correu até o banheiro. Mal deu tempo de chegar no vaso sanitário. Ela vomitou no chão mesmo, o que mal havia conseguido comer naquele dia.

Dulce a ajudou, ainda assustada. Quando as ânsias de vomito acabaram, Anahí lavou a boca, voltando as duas para a sala.

Dulce: O que houve? –perguntou preocupada. Anahí estava branca feito papel, ofegante, olhando para o chão. O silêncio reinou por alguns segundos-

Anahí: Eu acho que estou grávida. –falou com a voz baixa. Era como se seus pensamentos soassem em voz alta, e ela se negasse a dizer aquilo-

Houve o choque logo de inicio, e então Dulce sugeriu que as duas fossem imediatamente atrás de ter a certeza daquilo. Elas saíram da empresa, e houveram sete testes de farmácia positivos no banheiro de um restaurante. Seria cômico se não fosse extremamente trágico.

Houve primeiro a fase de negação, a revolta por ter deixado isso acontecer e então as duas voltaram para a empresa. Obviamente não contando que Alfonso estava limpando o banheiro que Anahí havia sujado antes de sair.

Agora lá estava Anahí, em seu apartamento na sua poltrona favorita olhando Manhattan anoitecer. Ela estava confusa, exausta e completamente perdida. Agora mais do que nunca ela sentia a falta dos pais, de tia Daphne e da solução que eles lhe dariam. Engravidar nunca havia feito parte de seus planos de vida, nunca havia sido um desejo. Não depois de tudo que lhe aconteceu há anos atrás. Não depois de ficar só no mundo e não ter uma família para dar a uma criança.

Mas agora, o que mais lhe restava a fazer? Ela podia ser fria e impassível o quanto fosse no trabalho, mas nunca seria capaz de fazer mal a uma pessoa indefesa e inocente de tudo isso. Era uma criança, e não tinha culpa da irresponsabilidade dela, de engravidar de um homem que não valia a pena, de um homem que nunca poderia ser o pai que essa criança merecia.

Os pensamentos voavam em sua mente, ela ficou lá, olhando a cidade através da vidraça por incontáveis horas. A mão desceu num ato involuntário até ao ventre dela, e pela primeira vez, em dez anos, ela não se sentiu mais sozinha.

-

Desde o dia em que descobrira que seria pai, Alfonso havia perdido o sono. Tudo havia acontecido na sexta-feira, e o final de semana veio o deixando ainda mais longe de Anahí. No sábado de manhã, ele voltou a Manhattan, se anunciando no prédio dela. Mais uma vez ele fora proibido de entrar, e bufando ele voltou para casa. No domingo de manhã, novamente ele foi atrás de saber de tudo aquilo, mas novamente ele fora impossibilitado de subir ao apartamento dela.

Ele voltou para casa, preparou seu almoço já conformado de que teria que esperar até a segunda-feira para poder falar com ela. Ela não deixaria de trabalhar por causa dele, e ele estava disposto a invadir a sala dela, caso ela não queira o receber. Agora nem seu emprego importava mais do que aquela angustia de ficar sem noticias sobre seu filho.

Mas nada daquilo foi necessário. Ainda no domingo a tarde, Alfonso recebera uma mensagem em seu celular. Era do numero dela, mas não havia nenhuma mensagem propriamente dita. Era apenas o endereço de uma cafeteria no Central Park, daqui a duas horas.

Ele correu para se arrumar e chegar lá no horário. Ela marcara um tempo curto justamente porque sabia que ele morava no Brooklyn e não conseguiria chegar a tempo. Mas ele estava mesmo disposto a tudo.

Alfonso pediu a moto de entrega de Josh emprestada e foi até Manhattan o mais rápido que conseguiu. Ele chegou no lugar marcado quinze minutos depois do horário marcado. Nada mal.

Quando chegou lá, Anahí já o esperava sentada a uma mesa em um canto da cafeteria. A garçonete sorridente o conduziu até ela quando ele disse seu nome. Quando chegou na mesa, ele não esperou que ela o cumprimentasse, e sentou-se de frente para ela.

Anahí: Pensei que não viesse mais. –falou, colocando a xícara de seu expresso sobre o pires em cima da mesa-

Alfonso: Você sabe que eu moro no Brooklyn. –suspirou- E então? Resolveu me contar sobre nosso filho?

Anahí: Certo, vamos lá. -ela respirou fundo e começou- Não existe seu filho. Não existe nosso filho. –ela grunhia entre os dentes, o olhar duro contra ele, quase faiscando. A mão fechada em punho sobre a mesa- Esse filho é meu, e eu quero você longe dele. –ela pausou, respirando fundo novamente para tentar se acalmar. Alfonso a olhava incrédulo- Me diga quanto.

Alfonso: Desculpe? –perguntou confuso, a fazendo revirar os olhos-

Anahí: Me diga quanto você quer para esquecer isso. Esquecer o meu filho. –ela o encarava, com uma das sobrancelhas levemente erguida, esperando por sua resposta- Você vai conseguir meu dinheiro, afinal.

Alfonso: Você só pode estar de brincadeira. –ele falou, completamente ofendido- Eu não quero seu dinheiro. –respondeu- Eu quero o meu filho, e se você não o quer, me dê ele. –falou ultrajado-

Anahí: Veja se eu daria meu filho para alguém como você. –rebateu- Você não tem nem onde cair morto, Alfonso.

Alfonso: Não importa. Eu jamais rejeitaria um filho. –ele falou, num tom mais alto, logo se controlando-

Anahí: Ah, Alfonso. Qual é o seu problema? Você fez a... –ela fez como se tentasse lembrar- Como é mesmo que você disse? Ah, sim. Você fez a grande boa ação da sua vida, aturando a nerd que eu era por causa de dinheiro. E agora eu estou oferecendo a você o valor que quiser, e você está se sentindo ofendido?

Quando Anahí acabou de falar, o silêncio reinou entre eles. Eles se encaravam e Alfonso ainda estava perturbado com o que ela acabara de dizer. Ela se lembrava das palavras exatas dele do dia em que o flagrou com Angelina na cama. Deus, como isso era possível?

Alfonso: Anahí, eu era um adolescente. –falou cabisbaixo, envergonhado das antigas palavras- Até quando você vai jogar isso contra mim? –tentou, mas ela deu de ombros bebendo o ultimo gole do seu expresso- Eu mudei, e não trocarei meu filho por nenhuma quantia.

Anahí: Certo. Você teve sua oportunidade. –falou se preparando para sair, mas antes colocando uma nota em dinheiro sobre a mesa, para pagar seu café-

Alfonso: Aonde você vai? –perguntou apressado, impedindo-a de se levantar-

Anahí: Vou embora. Eu não tenho mais nada a falar com você. –falou se levantando- Se você quer ser pai, então ok, mas prepare-se para ser apenas em visitas de quinze em quinze dias. Eu farei o possível para isso, e nenhum juiz irá contra mim. –disse dura, virando-se de costas para ele e saindo-

Se Alfonso achou que nada podia piorar antes de ir para aquela conversa, agora estava completamente desacreditado disso.

365 Dias de InvernoWhere stories live. Discover now