Capítulo 45

3.3K 209 41
                                    

Dulce: Anahí, pare de tacar sal nessa salada. –falou, vendo a outra balançar o saleiro sem pena sobre seu prato. Era horário de almoço e as duas estavam em um restaurante-

Anahí: Para que tem saleiro na mesa, se você não pode usá-lo? –respondeu debochada-

Dulce: Para usar com moderação, coisa que você não sabe quando o assunto é sal. Aliás, quando você vai melhorar essa sua alimentação? –Anahí revirou os olhos, a ignorando- O que você tem? Parece tensa. –observou-

Anahí: Eu transei com Alfonso. –soltou, levando o garfo até a boca-

Dulce: VOCÊ O QUE? –perguntou exasperada, com o tom alto-

Anahí: Bom, eu transei com ele. Mas se você quiser contar para toda Nova York me avise, para que eu mande processar você. –respondeu normalmente-

Dulce: Você só pode estar de brincadeira. –disse com um riso fraco- Vamos, é alguma aposta com Maite para ver minha reação? Onde ela está? –disse rindo olhando para todo o restaurante atrás da outra-

Anahí: Maite está na Índia. –suspirou- É verdade. –a encarou-

Dulce: Como? Por que? Anahí... –falou após alguns segundos, tentando absorver-

Anahí: Como? Bom, você quer mesmo que eu lhe diga? –disse sorrindo provocativa e Dulce fez uma careta em resposta- Por que? Porque aquele desgraçado é um filho da puta de um gostoso, você nunca viu isso? –ela falou entre os dentes-

Dulce: Isso é verdade. –falou pensativa, ainda a encarando- Mas... Você, vocês... –gaguejou-

Anahí: Não há "vocês" –disse num riso- Foi só isso. Nós transamos, foi bom, Deus me perdoe, mas foi muito bom. –falou com o olhar perdido. Desde a noite que os dois passaram juntos, ela não conseguia esquecer o prazer que havia sentido naquela noite. Todos os dias, todas as horas, as lembranças vinham, o corpo pedia por mais, e ela ignorava suas vontades- Mas foi só. Eu não estou apaixonada por ele, e nem ficarei. –disse simples-

Dulce: Tem certeza? –perguntou desconfiada-

Anahí: Dulce Maria, você mais do que ninguém sabe tudo o que eu passei. Eu não voltarei a cometer o mesmo erro. Acredite, eu estou completamente vacinada contra os encantos dele, transar com ele me fez ter certeza disso. Não houve sentimento, não houve nada, foi só sexo. Ele não terá de mim mais do que isso. E... –pausou, bebendo um gole de seu vinho- Ele continua limpando meu chão. –completou, sorrindo, devolvendo a taça a mesa-

O almoço acabou, e as duas voltaram a empresa. Quebrar as coisas já havia se tornado rotina na dia-a-dia de Anahí. Quando não era em salas de reuniões, era na sala dela mesmo, quando estava analisando alguns contratos ou qualquer outra coisa, ela jogava algumas coisas no chão, e o chamava para que ele limpasse. Ele ia, limpava tudo, eles não trocavam nenhuma palavra, e ele ia embora. Isso se repetia todos os dias, as vezes mais de três vezes ao dia.

-

Emma: O que há entre vocês dois, Alfonso? Ela pode ser fria, as vezes rude demais... Mas nunca vi ela tratar um funcionário como trata você. –comentou, levanto o copo de suco a boca- Sabe, isso de ficar humilhando.

Era o horário de almoço, e os dois almoçavam juntos no refeitório da empresa. Eles estavam sentados a uma mesa, um de frente para o outro.

Alfonso: Digamos que, ela não gosta muito de mim. –respondeu dando de ombros-

Emma: Se ela não gostasse não te daria um emprego.

Alfonso: Mas é exatamente isso. –suspirou- Ela me deu esse emprego para me humilhar. –disse pensativo, mexendo em sua comida- Ou, quem sabe, ainda existe um pouco de caridade dentro dela.

Emma: O que aconteceu para que ela não goste de você? –perguntou cautelosa-

Alfonso: Nós namorávamos, e eu a trai. –resumiu, completamente envergonhado do próprio passado-

Emma: Uau! –expressou surpresa- Vocês namoravam?

Alfonso: Eu disse que a trai e você só se surpreende com a parte que eu a namorei?

Emma: Oh, é que... –falou confusa- Por que você nunca me disse? Meu Deus, você a traiu, Alfonso! –repreendeu, e ele revirou os olhos, rindo de leve-

Alfonso: Não tenho orgulho disso, ok? –se defendeu-

A conversa foi interrompida pelo fim do horário de almoço, e os dois tiveram que seguir cada um para o seu devido andar.

Mais de um mês se passou desde o ocorrido. Era novembro, e Manhattan começava a ser coberta de neve. No meio da tarde, Alfonso estava no térreo com o carrinho de limpeza esperando o elevador para ir até o penúltimo andar, limpar o banheiro que alagou por causa de um cano quebrado (que por mais difícil que fosse acreditar, não havia sido obra de Anahí). O elevador de serviço estava preso em um andar, para limpeza, e o chamavam sem parar no rádio, devido o alagamento estar se espalhando. Então, ele pegou o elevador social, era uma emergência, não havia problema nisso, havia?

Não haveria, se no andar seguinte, a dona da empresa não entrasse no elevador.

Era o andar da garagem, e Anahí voltava de uma reunião em outra empresa. Ela odiava quando marcavam reuniões fora. Era estressante já pelo fato de que ela enfrentava o transito caótico de Nova York. Ela mexia no celular, quando o elevador chegou, e ela nem olhou para dentro dele quando entrou. Quando as portas se fecharam, e ela se desconectou do celular, que ela viu então o carrinho dentro do elevador, ela já podia sentir o perfume dele entranhando em suas narinas. Ela levantou o olhar, e lá estava ele, atrás do carrinho, fazendo um esforço enorme para se tornar invisível.

Alfonso também foi atingido pelo perfume dela. Desde a noite em que passaram juntos, eles nunca haviam ficado tão próximos, e agora, estavam os dois em quadrado de metal pequeno o suficiente para que ele sentisse o cheiro da pele dela, através do perfume, o cheiro que ele sentiu quando devorou seu corpo.

Anahí: Eu posso saber o que é isso? –perguntou, quebrando o silencio e o encarando-

______________________________________

Tinha alguém com saudade? 😊
Promessa é dívida: Maratona 1/5
Estão prontos?

365 Dias de InvernoWhere stories live. Discover now