Capítulo 36

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Nesses dias que se passaram, há uma coisa que deve ser citada. Anahí fazia o que podia para transformar a vida de Alfonso em um inferno por completo. Ou pelo menos, chegar perto disso. Eram copos quebrados em salas de reuniões. Xícaras de cafés que caíam em sua sala, quase toda hora. Chiclete preso no sapato, que saia manchando todo o chão. Vasos de plantas quebrados, espalhando terra por toda parte. Eram comidas que caíam de seu prato, quando ela almoçava em sua sala, sucos, chás... E lá estava ele, sempre limpando tudo.

Ele não reclamava por limpar, muito menos se importava com isso. Afinal, lhe pagavam um salário para isso, e ele estava muito bem com isso, obrigada. O que lhe tirava, realmente do sério, era a provocação. A humilhação que ela fazia, e a arrogância dela fazendo tal coisa. Ele sentia-se como uma bexiga, a ponto de estourar a qualquer minuto. Mas não o fazia, porque sabia que era isso que ela queria.

Mas houve um certo dia, em que a situação realmente se tornou impossível.

Quando Anahí chegou, seu sapato parecia estar com a sola coberta de lama. Quando ela passou pelo saguão, lá estava Alfonso, limpando, como todos os dias. Os saltos faziam o barulho infernizador no ouvido de Alfonso. Ele havia acabado de passar o rodo de pano no chão, estava espelhado, como devia ser, e ela o sujou, fazendo um caminho da catraca de entrada até o elevador. O olhando no meio do caminho, sem parar de andar, e apontando as marcas, o mandando limpar. E ele limpou. Horas depois, café foi derramado na sala de reuniões, e novamente, ele estava lá. Na frente de todos aqueles executivos, e dela, limpando o chão que ela sujara.

Anahí: Emma, chame Alfonso para limpar minha sala, está suja. –falou no interfone-

Emma imediatamente encontrou Alfonso, lhe passando o recado. Ele suspirou, e foi. Quando chegou, ela estava em sua cadeira, como sempre. Manhattan de plano de fundo, e ela mexia concentrada em seu computador. Ela apenas apontou para o chão ao lado dela, e ele foi, calado.

Quando ele se aproximou, havia uma pequena possa de água ao lado dela, com cacos de vidro. Ela permaneceu concentrada, enquanto ele se abaixava para juntar o copo quebrado. O perfume dela se tornou mais intenso, mas ele estava irado por dentro. Estava cansado disso, estava com raiva por ela humilhá-lo todos os dias, com raiva por ela fazer com ele o que bem quer. Quando ele jogou os cacos na lixeira, voltou com o rodo de pano, limpando o chão. Já estava seco e brilhando. Ele se direcionou até a porta, ainda em silêncio, mas antes que chegasse até lá, ela o chamou.

Anahí: Alfonso, volte aqui por favor. –pediu, deixando o computador e se encostando no encosto de sua cadeira. Ele foi, voltando ao lugar onde acabara de limpar. Ela girou sua cadeira, ficando de frente para ele. As pernas estavam cruzadas, e ele a encarou, esperando- Molhou meu sapato, será que você poderia limpar para mim? –perguntou, com o tom autoritário de sempre, erguendo a perna que estava por cima, mostrando o sapato a ele-

A raiva de Alfonso aumentou descontroladamente. Ele fechou as mãos em punhos, querendo voar em cima do pescoço dela, e esganá-la. Mas ao contrario disso...

Alfonso: Claro. –falou, respirando fundo, e pegando um pano de seu carrinho, e se abaixando aos pés dela-

Enquanto ele olhava para o sapato dela, ela sorriu de canto, o observando. Ele estava com o macacão do uniforme, os primeiros botões abertos, sempre abertos. Haviam algumas gotas de suor no peito dele, ela podia ver. E então, a mão dele foi até a panturrilha dela, livre de qualquer roupa por ela estar de saia. Alfonso parecia estar tocando em seda, de tão macia que era a pele dela. A outra mão foi até a ponta do sapato, limpando as pequenas gotas que haviam ali. Ele estava com ódio dela, era fato. Mas não podia negar a enorme atração que estava sentindo naquele momento, sentindo seu corpo inteiro reagir.

Anahí sentiu-se arrepiar com o toque dele em sua perna, e havia uma enorme tensão sexual ali, era quase palpável. Ele estava aos pés dela, limpando seu sapato, porque ela o mandara, e porque ela queria. Quando ele acabou de limpar o sapato, levantou o olhar, e ela o olhava de volta, com um sorriso de canto. Isso pareceu irritá-lo ainda mais.

Ele se levantou, colocando o pano em um de seus bolsos. Ele podia sentir seu sangue ferver nas veias, sentia-se quente, a ponto de explodir.

Alfonso: Você pode derrubar quantos copos quiser, pode sujar o chão dez vezes por dia, se assim achar melhor. Eu não me importo de limpar. –falou, sem conseguir se conter. Ela ainda estava sentada, de frente para ele, lhe olhando da mesma forma debochada-

Anahí: É mesmo? –perguntou irônica- Que bom saber disso.

Havia outro copo com água em cima da mesa dela. E Anahí pegou o copo em uma das mãos, esticando o braço e o soltando, o fazendo cair no chão. Lá se vai mais um copo...

Alfonso respirava a arfadas. Ele estava a ponto de jogar tudo para o alto, estava a ponto de pedir demissão e ainda deixar as marcas dos seus dedos no pescoço dela.

Anahí: Oh, acho que você vai ter que limpar meu sapato, outra vez. –falou, com falso pesar na voz-

Ele ofegava a encarando, de tanta raiva. E ela, tinha uma das sobrancelhas levemente arqueada, com a boca fechada mas puxada para o lado, com um meio sorriso. Ele queria tanto estrangulá-la. Um grunhido soou na sala, e era do peito de Alfonso. Não se viu quase nada mais depois disso.

Ele avançou com tudo para cima dela, que continuou sentada. Mas então, ele a beijou. Furiosamente. Agarrando as mãos na cabeça dela, a segurando. Alfonso arrastou os lábios nos dela, de forma violenta. Anahí continuou imóvel, completamente surpresa. Ela esperou até um tapa vindo dele, mas nunca isso. Ela sentiu a língua dele invadir sua boca, e a deixou, abrindo mais os lábios para isso. Era um beijo delicioso, e ela não o afastou. Era claro que ela o queria bem longe, mas toda aquela tensão, ele submisso a ela, lhe obedecendo, lhe deixou eriçada. E além do mais, o filho da puta beija tão bem que ela nem se importava com nada. As línguas agora se chocavam, como se quisessem se ferir, e de fato, queriam. Os lábios continuavam se tocando de forma agressiva, Alfonso segurava ela pela cabeça, quase esmagando-a, sentindo o cabelo dela macio em suas mãos. A respiração foi ficando pesada, Anahí arfava entre o beijo, enquanto ele soltava alguns grunhidos, vindo do peito.

O beijo durou minutos sem fim. Quando por fim as respirações os separaram, ele a soltou. Ela estava ofegante, sentada em sua cadeira. Alfonso sentia-se perdido, completamente arrependido por ter agido impulsivamente. Ele se afastou um pouco, esperando os gritos, o mandato de demissão, um tapa... Mas ela só se levantou, indo em direção ao banheiro da sala.

Anahí: Quando eu voltar, quero esse chão limpo, e você fora dessa sala. –falou de costas, entrando no banheiro- 

E parece que isso de "as coisas estão melhorando para Alfonso" foi totalmente equivocado. 

365 Dias de InvernoUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum