Por trás do gelo [Em revisão]

Capítulo 25 - Caixa de mentiras

Ele tentou fazer uma cara fofa pidona, mas o máximo que conseguiu foi me arrancar uma careta.

- Foi mal, Peter. Tenho que estudar química.

- Eu te ajudo depois que voltarmos da rua! - Falou, apressado e animado. - O que me diz?

- Certo, me encontre no estacionamento depois da aula. - Suspirei, derrotada.

- Você é a melhor. - Peter sorriu e me deu um beijo na bochecha antes de dar as costas e sair.

Bufando e pisando forte, me espremi entre Sally e Oliver e apoiei a cabeça na mesa sobre os braços.

- O que foi aquilo? - Ouvi Apolo perguntar, mas fingi que não escutei.

Eu sei, o sinônimo de maturidade.

- Cherié, onde está o seu almoço? - Sas perguntou.

- Estou sem fome. - Murmurei sem levantar a cabeça.. - E também preciso ir à biblioteca, Peter e eu vamos sair depois da aula e não vou ter tempo de estudar química.

Meus amigos soltaram sons maliciosos e eu bufei, ignorando-os.

- Achei que o Apolo iria te ajudar. - Escutei Valentim dizer.

- Sas, você pode ir com a gente? - Tentei convencer Sally a ir comigo.

Ela desviou o olhar e falou baixo, como se sentisse desconfortável.

- Não posso, desculpe. - Ela tornou a olhar para mim. - Tenho compromissos.

Franzi o cenho, tipo, não é que eu seja prepotente ao ponto de presumir que Sally não tem uma vida sem mim ao seu lado, mas ela estava tão centrada em passar para a faculdade que só saía de casa para casos extremamente
importantes.

- E então, Bris... - Oliver chamou a minha atenção, com seu celular na mão. - Mas que gata, hein?

Ele virou o telefone para mim e eu me vi dentro daquela tela.

- Você não passou o meu Instagram para eles, passou, Sally? - Olhei para a minha melhor amiga que deu de ombros..

Embora eu já os considerasse parte da família, ainda não me sentia totalmente pronta para oficializar a minha condição de mais nova campeã de patinação artística nos últimos trinta anos. E de vencedora por três anos consecutivos na categoria destaques de torneios juvenis.

- Dezessete mil seguidores, hã? - Greg brincou. - Hey, Bris, como você está linda! Já começou a se preparar para os torneios? Demora a atualizar, mas quando atualiza, é com um lacre desses!

Gregory leu alguns dos comentários da foto que eu havia postado na noite anterior, onde eu estava de costas para o jardim do restaurante e tinha os braços estendidos na grade da varanda. Eu também havia tirado uma com meu pai, mas não queria forçar a barra entre nós, mesmo com uma foto tão bonita como aquela.

- Não precisa se preocupar, Bris. - Juile passou a mão sobre o meu ombro. - Seu pai postou sua foto em seu Facebook, é só uma questão de tempo até todos terem acesso à sua conta.

Fiquei chocada. Como assim ele postara aquela foto horrível em uma rede social tão ampla? Rapidamente entrei em seu perfil e dei de cara com uma Brise com um prato de Pétit Gateou nas mãos e a boca totalmente escancarada.

- Mas ele disse que era para Sol! - Grunhi, escondendo o rosto entre as mãos.

- Se isso ajuda, - Valentim disse. - Ele mandou para minha mãe sim, ela até nos mostrou não foi, Apolo?

- Sim, ela nos mostrou. - O seu gêmeo respondeu. - A propósito, belo piercing.

Pela primeira vez depois de A Grande Revelação, como nomeei o encontro bizarro com a sua namorada, que olhei para Apolo. Não foi, devo dizer, um dos meus reflexos involutarios mais sábios, pois naquele momento o sol estava sobre ele e uma ventania louca brincava com seus cabelos castanhos claros, fazendo-os brilharem como milhões de estrelas que se juntaram só para destacar ainda mais o fato de que meu meio irmão do mal era um dos garotos mais bonitos que já vi.