Por trás do gelo [Em revisão]

Capítulo Extra, por Apolo - Autocontrole

Uau. Isso era algo realmente sério, ter pais intolerantes não era nada bom.

Sei disso porque meu pai era desse mesmo jeito, e eu desconfiava ser por isso o receio de Tito não se assumir para ninguém. Nem mesmo para mim que sou seu irmão. No fundo, no fundo, eu já sabia, não sei como, mas sabia. Acho que dividir o útero com alguém resultava nesse tipo de interação intuitiva.

- Você tem que prometer que não vai contar isso a ninguém. - Juliette pediu, com os olhos verdes brilhando em expectativa. - Prometa, Apolo.

- Eu prometo. - Mal terminei de falar e as meninas já estavam pulando em cima de mim, agradecendo.

- Você é o melhor, Apolo. - Sally exclamou. - Eu sabia que você era um bom partido para a minha amiga.

Ela piscou para mim e as duas saíram dali, me deixando sozinho.

- Ei, Maddox. - Greg me trouxe de volta para o presente. - Você precisa fazer alguma coisa.

Bufei.

- É mesmo? Tipo o quê? Não é como se eu devesse explicações à ela, de qualquer forma.

- Não é como se você pudesse me enganar com todo esse papo furado, de qualquer forma. - Ele retrucou. - Nós dois sabemos que você não vai ficar sossegado enquanto não for completamente franco com ela.

- Ah, é? E você pode me dizer por quê?

- Acho que no fundo, nem tão fundo, porque você é um cara inteligente, você sabe a resposta. - Samantha interveio.

- E seria? - Bufei.

- Você se importa com ela. - Ela falou junto com Greg. - Você se importa com ela mais do que gostaria. - Meu amigo acrescentou. - Só se certifique de consertar essa burrada que você fez.

Gregory desligou antes que eu pudesse protestar. Como assim eu me meti? Até onde era do meu conhecimento, isso era algo entre Kristen e Brise, eu era apenas um coadjuvante. Certo?

Larguei o telefone na mesa junto com meus livros e fui em direção ao banheiro do meu quarto, onde levei meu rosto com água fria para me despertar.

Eu ainda tinha muita matéria para estudar e inúmeros formulários de faculdade para preencher, mas ainda tinha que ir preparar o jantar com meu irmão.

Entre cozinhar e estudar não é preciso pensar muito sobre o que eu prefiro. Para ser sincero, há pouca coisa no mundo que eu prefira fazer ao invés de ir para a cozinha e preparar algo gostoso.

Sequer bati na porta de Valentim, até os nossos quinze anos ainda compartilhávamos do mesmo quarto, e não existe muita coisa sobre o meu irmão que eu já não saiba.

- Tito, a mamãe não vai vir jantar hoje, então vamos poder comer mais cedo. Quer me ajudar?

Quando minha mãe comparou as ruas imundas da Coréia do Norte com o quarto do meu gêmeo, eu achei que ela estivesse sendo hiperbólica, só que eu estava completamente errado.

Havia meias espalhadas pelo chão, alguns sacos de batatas fritas e latas de refrigerante, meias e livros da escola. Bem no meio disso, sobre a cama, estava Valentim segurando o controle de seu XBOX.

- Hoje não, tenho que passar dessa fase super importante. - Falou sem tirar os olhos da tela de sua televisão.

Fechei a cara. As vezes Valentim conseguia ser um verdadeiro pé no saco.

- Tudo bem, então arrume o seu quarto. - Ele ficou tenso e eu tentei conter meu sorriso de vitória. - A mãe vai ficar tão doida quando ver que você nem me ajudou e nem o arrumou...