- A senhora tem que se acalmar, sua pressão está alta e não podemos realizar a cirurgia se continuar assim.- Diz a enfermeira.

- Não dá.- Sussurro com dor.- Eu quero ver o meu marido.- Apesar de ainda não ser realmente meu marido, eu quis dizer isso, eu vi os olhares da enfermeira em cima do meu homem.

- Ele não pode entrar, senhora.- Ela insiste.

- Se eu não ver meu marido agora, eu vou embora, arranco esse soro e você não me verá mais.- Aproveito que é uma clínica particular e a subordino.

- Tudo bem, vou ver o que posso fazer.- Ela suspira e sai da sala.

Fico ali sozinha e o desespero aumenta, como foi que uma semana passou tão rápido? Eu não queria estar aqui, eu só queria estar curtindo minha gravidez.

- Amor?- Escuto a voz do Olliver e me sento rapidamente.

- Olliver.- Estico meus braços em sua direção e ele atende meu pedido silencioso. Se senta ao meu lado e me abraça.

- Você tem que se acalmar, amor, você não quer sair logo daqui?- Pergunta em meu ouvido.

- Não dá, Olliver.- Soluço, encho minhas mãos com sua camisa e o puxo mais para perto de mim.- Me tira daqui, eu não quero mais fazer isso.

- Amor, vai ficar tudo bem, você só tem que se acalmar.- Acaricia meus cabelos.

- Eu não quero.- Sussurro.

- Você quer ter outro filho nosso, hum?- Aceno freneticamente.- Então, meu amor, nós iremos conseguir outro filho se você fizer a cirurgia.

- Sabe que eu posso ficar estéril para sempre.- Uso o mesmo tom.

- Quem sabe? Nós temos que tentar, amor.- Me aperta em seus braços.

- Fica comigo, por favor?- Seguro sua camisa com mais força.- Fica comigo.

- Eles não vão deixar, meu amor.- Diz com tristeza.

- Por favor.- Outro soluço irrompeu por minha garganta.

- Senhor, agora tem que sair.- A mesma enfermeira aparece na porta.

- Não.- Agarro Olliver com força.- Não, ele vai ficar comigo.

- Sofia, vai ficar tudo bem.- Olliver tenha me tranquilizar, mas eu só irei conseguir se o Olliver estiver comigo.

- Não, não vai ficar tudo bem. Só vai ficar se você estiver comigo.- Por mais que eu queira falar olhando em seus olhos, eu não consigo me afastar dele.

- Eu vou falar com o médico então.- Ele tenta sair.

- Não, você não vai voltar, eu te conheço.- Falo desesperada.

- Senhora, sua cirurgia será miomectomia abdominal, o que quer dizer que aplicará uma anestesia geral, a senhora não irá ver nada, muito menos o seu marido.- Diz a enfermeira com calma.

- Não importa, eu só quero que você segure a minha mão, Olliver, você sabe que isso é importante para nós dois.- Uso o meu golpe baixo.

- Tudo bem, eu vou falar com o médico e implorar para que ele me deixe ficar.- Me afasta dele e me olha nos olhos.- Eu prometo que vou voltar.- Aceno.

Antes dele sair, deixou um beijo casto em meus lábios e foi em busca do médico. Eu só quero que ele volte, isso é tão importante e eu só tenho ele para segurar minha mão e dizer que vai ficar tudo bem.

- Eu irei aplicar a anestesia agora.- Avisa a enfermeira com paciência.

A vejo aplicando a anestesia em mim e logo ela termina o seu procedimento. Espero já sem paciência os dois que ainda não voltaram.

Passados longos minutos, os dois apareceram com luvas, máscaras, touca e aquelas roupas de médicos.

Percebo Olliver sorri pra mim por suas ruguinhas em volta dos olhos. Agarro sua mão quando ele a estende, o puxo mais para perto e sorrio feliz por ele está ali comigo.

***

Olliver

A cirurgia foi longa, Sofia dormiu durante todo o processo e eu, para não ver seu corpo aberto, apenas encarei seu rosto de anjo ao dormir.

Agora ela está no quarto, mas ainda não acordou, o médico disse que ela vai dormir por mais algumas horas e pode acordar sentindo dor.

Já estou com minha roupa de volta e eu nunca saí do seu lado, como ela havia me pedido. Eu tive que implorar muito o médico para ele me deixar entrar, disse que era perigoso para eu ficar na sala, mas eu só queria passar confiança para a minha mulher.

Estou cansado, mas eu me recuso a dormir e não vê-la acordar. Não irei fazer isso, com certeza não.

Minutos depois, minha mãe entra seguida pela Lily. Renata e Michele vieram mais cedo no intervalo, mas ainda não era horário de visitas e elas tiveram que voltar ao trabalho.

É, acredite, até em clínicas particulares tem horários para visitas, bom, pelo menos nessa tem.

- Como ela está, filho?- Minha mãe pergunta e vai até ela.

- Ainda não acordou.- Afirmo e ela passa a mão nos cabelos de Sofia.

- E aí, o médico deu esperança?- Pergunta Lily.

- Disse que só depois de...- Tento procurar a palavra certa.- Tentarmos.- Ela ri.

- Você é muito certinho, maninho.- Reclama rindo.

- Você sabe que ela não poderá fazer nenhum esforço, não sabe?- Pergunta minha mãe em advertência.

- Sei.- Sorrio pra ela.

Escutamos um gemido e logo percebemos que era Sofia acordando. Ela passa a mão na testa e geme mais uma vez.

- Oi, querida.- Minha mãe sorri pra ela.

- Olliver?- Foi apenas o que saiu da boca dela.

- Estou aqui, amor.- Me levanto da poltrona e seguro sua mão.- Tudo bem?- Ela apenas acena com a cabeça.

- Você não cansa desse cabeça de vento?- Lily pergunta com indignação.

- Não.- Ela sussurra e sorri pra mim.

- Eu te amo.- Beijo seus lábios.

- Ei, não comecem não.- Lily grasna. Sorrimos.

- Como esta a Manu?- Pergunto ignorando a Lily.

- Esta bem, eu não quis traze-la para cá, é perigoso, então ela ficou com o inseparável do vô dela.- Responde com ciúme.

- Ela te ama também, mãe.- A tranquilizo.

Quando a visita terminou, minha mãe e a Lily saíram do quarto, ficando apenas eu e uma sonolenta Sofia. Ela tentou de tudo para não dormir.

- Quando é que eu vou sair daqui?- Pergunta sussurrando.

- Você vai ter que ficar mais dois dias aqui.- Sofia torce o nariz em desgosto.

- Obrigada por ter ficado comigo.- Agradece e aperta a minha mão que está segurando a sua.

- Por nada, meu amor.- Beijo sua testa.- Agora tente descansar, não converse muito.

Ela acena e respira fundo. Logo seus olhos começam a fecharem e ela cai no sono, linda como sempre, não é nenhum sacrifício ficar olhando-a dormir.

Eu vou ficar do lado dessa maluquinha e não vou deixar ela em paz, não quero que ela faça um mínimo esforço, nem para pegar Manu, só se for apenas conversar.

Mas se eu conheço essa peça, ela vai ficar doida, tendo que ficar um mês de repouso e mais um para ficar totalmente recuperada. Assim foi o que o médico disse, nada de relação em dois meses, o útero está sensível.

Mas eu não estou preocupado em ficar sem ela por dois meses, quero apenas que ela se recupere bem. Ter a minha mulher totalmente recuperada e feliz novamente.

***
Consegui postar outro.

Agora é contagem regressiva três ou quatro capítulos e o epílogo. Obrigada por acompanhar, beijocas.

Laços do destinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora