Capítulo 14

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Sofia

Chego à creche e me ajoelho de frente a minha filha, como sempre faço. Mas ela não me olha como de costume, seus olhos estão fixos em algo a sua frente.

Olho para a mesma direção e vejo uma das coleguinhas da Manu, os pais dela estão dando um beijo duplo em sua filha e ela ri como se estivesse no paraíso.

- Po que eu não tenho pai?- Manu pergunta olhando pra mim agora.

- Eu já disse minha filha, o papai teve que ir embora.- Seguro seu rosto em minha mãos.

- A Estefânia semple pegunta se eu não tenho pai.- Diz com seus olhinhos cheios de lágrimas.

- Oh meu amor, você tem um papai, depois você vai conhecer ele, tá?- Beijo seu rosto e ela acena.

- Eu quelo um papai.- Me abraça forte pelo pescoço.

Antes que eu possa dizer alguma coisa, Manu beija a minha bochecha e sai correndo em direção a sua professora.

Fico a olhando até que meu campo de visão não chegue mais até ela. Só percebo que eu estou chorando quando acordo para a realidade.

Isso dói em mim, eu sei que a minha filha sofre e quer um pai, mas essas crianças de hoje são mais espertas, por que elas têm que entender tão rápido?

Droga, eu magoei a minha filha e, provavelmente, o Olliver, mas eu não me importo com ele, é apenas a minha filha que importa agora.

Decido que é hora de voltar para casa, lembrei que deixei o Olliver em casa, que droga, quem contou a ele que eu não teria aulas essas semanas?

Claro, esse idiota e convencido de uma figa, é muito esperto para que eu consiga esconder alguma coisa. Ele sempre foi assim durante o mês em que ficamos juntos, sempre tão esperto.

Acho que se eu esconder uma formiga no meio de um palheiro sem fim, ele seria capaz de encontrar olhando apenas em meus olhos.

Fiquei bem impressionada de que ele não havia percebido naquele dia do parque, eu estava tão nervosa, triste, furiosa, ele poderia muito bem ler a minha expressão e dar logo, de cara, um cheque mate.

Esse homem não deveria ser um administrador de empresas, deveria ser um investigador do FBI. Aposto que descobriria todos os complôs nacional e internacional em relação aos EUA.

Chega de falar desse cretino, tenho que lembrar que eu estou puta com ele. Não posso abaixar a porra da guarda agora, caramba, Sofia.

Rumo ao meu apartamento, fico uma pilha pensando e repensando em que eu irei dizer para ele, não faço a menor ideia de por onde começar.

Talvez eu comece "você me abandonou seu cretino." E qual seria a merda da desculpa para eu esconder a filha dele? Mesmo que ele tenha me abandonado, eu tinha que pensar em minha filha primeiro.

Mas não, fui tão egoísta e pensei apenas na minha dor, eu poderia muito bem dizer... Não porra, eu não poderia dizer nada.

Meu Deus! Preciso me acalmar, estou me exaltando e falando besteiras, caramba, meu. "Respira Sofia, não vai sucumbir o seu autocontrole, mulher." Penso tentando, inutilmente, me acalmar.

Chego em frente a minha porta sem nem perceber que eu havia subido todas esses degraus, como eu fiz isso? Não sei, talvez fiz tudo no automático.

Abro a porta e logo o vejo, estaco no lugar e ali eu fico, tentando levar ar para o meu pulmão e soltar, mas, tudo que fiz, foi apenas prender o ar.

Olliver estava com o porta retrato da minha filha nas mãos, ele estava com um sorriso triste e seu olhar não mostrava o contrário. Sabia muito bem o que ele estava pensando.

Laços do destinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora