Capítulo 21 - Jogue como uma garota

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Kevin me jogou dentro de um carro e meu pensamento outrora otimista havia se desintegrado em pó.

— Muito bem, Bris – Kevin começou. Infelizmente ele não pode ver a minha cara de desprezo ao ouvi-lo me chamar pelo meu apelido. — O plano é o seguinte: nós vamos te levar para a casa do Victor e você vai ficar lá até o jogo acabar, certo? Se você prometer se comportar nós compraremos um BigMec para você. Nós nunca fazemos isso, mas você é bonita demais para passar fome.

Eu quis vomitar na cara dele na hora, que tipo de história era aquela essa? Argh, eu tinha que pensar em alguma coisa. Logo.

Já estávamos andando há algum tempo quando finalmente tiraram aquela mordaça do pano da minha cabeça.

— Seu grande filho da puta! – rosnei ainda com a cabeça tampada. — Eu vou matar você quando eu sair daqui!

Ouvi risadas no carro, aparentemente estar em uma posição desfavorável e de vítima diminui a intensidade de ameaças homicidas.

— Para uma pessoa tão pequena, você até sabe ser brava – a voz de Stefan falou.

— Qual é a merda do problema de vocês? Sabiam que as chances de eu morrer sufocada são altíssimas? – mais risadas preencheram o lugar.

Em algum momento, um dos babacas colocou uma música qualquer e eu faltei vomitar. Além de grandes covardes eles também tinham péssimo gosto musical.

— Vem cá, vocês não vão jogar não? – perguntei, reprimindo a vontade de dizer que eu também iria, era só uma questão de tempo.

— Claro que vamos – Kevin disse e logo o carro parou. — Só vamos deixar você aqui e iremos para a sua escola.

Novamente fui pega como um saco de legumes e levada para algum canto que eu não fazia a mínima ideia de onde era.

Sei que foi Kevin que me levou até o porão porque o Cara das costas arranhadas havia dito que não me levaria nem por imposição alienígena e Stefan havia ficado dentro do carro, possivelmente com o motorista.

— Escute, esse é o Victor – tiraram o saco asqueroso de mim e eu pude ver com meus próprios olhos o garoto moreno de olhos escuros e várias sardas no rosto. Devido à minha posição sentada em uma cadeira, o cuspe que eu joguei em direção ao rosto de Kevin pegou em sua jaqueta verde do seu time. — Que mira de merda a sua, hein? Se eu soubesse que você era tão péssima assim nem teria me dado ao trabalho de sequestra-la.

— Vai rindo enquanto ainda tem dentes, seu otário. Quando eu me livrar dessas cordas o seu dentista vai ter dinheiro suficiente para viajar o mundo – rosnei, irritada.

O tal Victor riu.

— Ela tem senso de humor, Kevin. – Victor abriu um sorriso. — E é bem gata também.

Franzi as sobrancelhas com nojo em sua direção.

— Já você parece ter caído em uma piscina de soda cáustica, babaca – retruquei.

Dessa vez ele e Kevin gargalharam.

Eu jurei por Noel Gallagher que eu daria um murro na cara dos dois assim que tivesse a chance.

Por trás do gelo [Em revisão]Where stories live. Discover now