Capítulo 2

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Anahí: Oi dona Ruth. –falou a encontrando na entrada da casa de Alfonso- Me deixe lhe ajudar com essas sacolas. –falou, pegando as sacolas da mão da senhora que tentava se equilibrar carregando as sacolas e o guarda-chuva-

Ruth: Obrigada, meu anjo. –agradeceu começando a procurar as chaves dentro da bolsa- Mas... Você não deveria estar viajando? –perguntou confusa- Ontem você me disse que viajaria.

Anahí: Sim, mas o voo foi cancelado por causa do mau tempo. E eu vim falar com seu filho. –disse num sorriso-

Ruth: Ele deve estar no quarto. Eu sai de manhã, e olha só a hora que estou voltando. –falou num suspiro- Meus pés estão em migalhas, Any querida. –desabafou e Anahí sorriu a vendo cair sobre o sofá cansada- Agora deixe essas sacolas ai e vá atrás daquele meu filho preguiçoso.

Sorrindo, Anahí andou para dentro da casa, indo até o quarto de Alfonso. Era final de tarde, provavelmente ele estaria dormindo. Com toda essa chuva, se pudesse, ela também estaria. De preferencia com ele, na mesma cama.

Céus, no que eu estou pensando?

Estava louca, só podia ser. Mas também, como não pensar nisso depois da noite incrível que tiveram? 

Ela riu de si mesma antes de bater na porta do quarto do namorado. Sem resposta, ela insistiu batendo outra vez, mas nada. Ela então, abriu a porta devagar, e antes que a abrisse completamente, ouviu as vozes.

Alfonso: Angel, fique mais um pouco. –pediu com a voz manhosa- Nós temos todo o tempo do mundo.

Angelina: Você tem todo tempo do mundo, Alfonso, porque já se livrou da monstrinho. Mas eu não, meu pai está me esperando. –suspirou com a voz firme-

Alfonso: Vamos, baby. Eu sei que você também quer ficar...

Anahí abriu a porta minimamente e viu Alfonso sobre a cama, com Angelina. Os dois estavam nus e ele a segurava pelos cabelos, beijando seu pescoço. Ela sentiu o estômago revirar em náuseas. 

Angelina: Agora que sua monstrinha já se foi, você me quer de volta, Alfonso? –ela relutava contra os pedidos dele, mas sorria sentindo o corpo reagir aos seus toques-

Alfonso: Você sabe que eu nunca a deixei realmente. –ele sorriu mordendo sua orelha, e ela riu também- Você sabe muito bem porque eu estava com ela, Angel. Precisava do dinheiro que ela gentilmente me dava toda semana.

Angelina: Que malvado você, Alfonso. –respondeu, a voz rouca já totalmente entregue a ele-

Alfonso: Malvado? Eu fiz a minha boa ação da vida, fui bom demais por ter aturado aquela nerd todo esse tempo.

Ele sussurrou no ouvido de Angelina, mas Anahí nunca sentira os seus tão aguçados como naquele momento. O rosto já estava coberto de lágrimas sem ela nem ao menos perceber que saíam de seus olhos.

Alfonso: Agora chega de falar de coisa feia. Eu tenho a mais bela aqui na minha frente. –Angelina sorriu e ele devorou sua boca num beijo-

O beijo pareceu o céu desabando naquele momento para Anahí. Ela sem perceber soltou um soluço alto devido ao choro, a mão largou a porta e ela se abriu completamente.

O que ela teve foi o beijo interrompido, e os olhos esverdeados de Alfonso arregalados lhe olhando.

Alfonso: Anahí. –falou assustado, tentando se cobrir o máximo que podia com o lençol-

Anahí: Como você pôde fazer isso comigo, Alfonso? –ela dizia entre os soluços-

Alfonso: Anahí, não é nada disso... –ele tentava se justificar desesperado. Anahí era o tão sonhado futuro promissor que ele tanto almejava- Se acalme, por favor.

Anahí: Nunca mais apareça na minha frente, Alfonso. –respondeu tentando controlar o choro- Nunca mais. –reafirmou, e deu as costas a ele, saindo correndo-

Anahí passou como um furacão pela sala, nem ao menos ouviu Ruth a chamar para um suco. Ela entrou em seu carro, e lá o choro se intensificou, descontrolado. O corpo inteiro tremia, as lagrimas caíam descompensadas.

A única pessoa que ela amava com toda a capacidade que seu coração podia amar. A pessoa que confiava, a traiu, da maneira mais sórdida que podia.

Ainda chorando descontroladamente, ela viu Alfonso, agora vestido, se aproximar do carro, que ainda estava parado em frente a sua casa. E ignorando as batidas que ele dava no vidro de sua janela, ela ligou o carro, saindo dali rapidamente.

Durante o caminho de volta para casa, as lágrimas ainda estavam escorrendo por seu rosto. As mãos tremiam, assim como o restante do corpo. O peito ofegava em soluços, e dor, muita dor. Parecia que tinham esmagado seu coração.

Meu Deus, por quê? Porque isso está acontecendo? Por quê?

As mãos tremulas mal conseguiam segurar firme o volante a sua frente. A chuva, agora mais forte parecia nublar todo o vidro para-brisa do carro. A vista embaçada pelas lagrimas, os olhos ardendo, e ela os fechou com força por vários segundos.

E nesse segundo de distração, fez com que ela não visse o semáforo vermelho. Passou com velocidade sobre ele, e não houve tempo para frear quando um caminhão apareceu a sua frente.

-

Dulce estava em casa, jogada no sofá vendo TV, quando apareceu uma notícia no plantão urgente. Ela odiava aqueles plantões, e então mudou de canal, e para seu azar em todos os canais estava aquele maldito plantão.

Inevitavelmente, ela viu o que era, e o choque a tomou conta. Ela reconheceu a placa do carro que estava envolvido no trágico acidente. Era impossível, a amiga tinha embarcado, não podia ser.

E então, seu coração acelerou vendo Anahí sendo retirada pelos bombeiros dos destroços que ficou seu carro.

-

Já no hospital, as horas pareciam passar em câmera lenta para todos ali presentes. Dulce e Maite andavam de um lado para o outro, inquietas, enquanto tia Daphne, carinhosamente chamada assim também pelas amigas de Anahí, rezava um terço, sentada em sua cadeira de rodas.

Ali estava, todas as pessoas que Anahí tinha no mundo.

Dulce: Se esse médico não aparecer, eu juro que entro naquela sala e... –a voz calou com a presença do médico surgindo de repente-

Daphne: Doutor, por favor. Como está minha sobrinha? –perguntou com a voz aflita-

- O trauma foi bastante grave. Nós conseguimos conter a hemorragia. –se pronunciou, ouvindo a respiração aliviada das três. E então, suspirou- Mas ela ainda continua inconsciente. Está estável, responde bem aos medicamentos. Mas está em coma.

Dito isso com um pesar na voz, ele viu o susto nos rostos delas, vendo logo em seguida as infinitas lágrimas caírem sem controle.

365 Dias de InvernoWhere stories live. Discover now