- Posso ajudar?- A recepcionista pergunta assim que entramos.

- Sim, uma consulta com o doutor Rodrigues.- Olliver a respondeu.

- Só um minuto.- Pediu e começou a mexer no computador.- Sofia de Sousa?

- Sim.- Respondi.

- Ele já está te esperando, sala B.- Falou e apontou para o local.

- Obrigado.- Olliver a agradeceu.

Andamos pelo corredor e, pode parecer irônico, mas a sala B era a penúltima daquele corredor enorme.

Entramos na sala e o reconhecido cheiro de álcool foi direto em minhas narinas. Um médico de meia idade estava sentado atrás de uma mesa no canto da sala.

- Bom dia, sentem-se, por favor.- Apontou para as duas cadeiras. Assim fizemos.- Me diz, Sofia, o que tem de errado?

- Nada errado.- Olliver sorriu abertamente.

- Acho que entendi.- O médico sorriu também.

- Tonturas diárias, náuseas frequentes.- Citei dois dos sintomas.

- Já entendi.- O médico sorriu.- Já fez algum teste de farmácia?

- Sim, mas deu negativo.- O respondi.

- Bom, sente-se ali, Sofia.- Apontou para a famosa cadeira para tirar sangue. Me levantei e segui para a cadeira.- Há quanto tempo está sentindo isso?

- Mais ou menos um mês e meio.- Não tinha certeza se era, mas era o mais próximo que achei.

- O beta-HCG devia estar baixo, os sintomas são claros.- Pensou alto.

O médico fez os procedimentos rapidamente e nos pediu para aguardar na sala de espera que ficava em frente a sua.

- Já estou imaginando meu filho crescendo aqui dentro.- Olliver sorriu enquanto acariciava minha barriga.

- Olliver, não temos o resultado em mãos.- O repreendi.

Ele não pode fazer isso, pode estar se iludindo e me iludindo. Estou começando a gostar da idéia de ter outro filho, mas não posso me apegar a isso, e se for apenas uma virose?

Os minutos me torturava e eu tinha certeza que eu estava grávida. Esse tempo todo sentada aqui, me fez pensar em todos os sintomas que estou sentindo, foram os mesmos de quando eu estava grávida da Manu.

- Já pensou, Manu pegando ele no colo?- Olliver continuou com seu sonho contagiante.

- Ia ser a coisa mais linda.- Sorri encantada imaginando a cena.

- Ia não, amor, vai ser.- Olliver me corrigiu e beijou minha testa.

- Com licença.- O médico apareceu com o exame em mãos e sua expressão era estranha.

- E aí, doutor?- Me surpreendi quando eu fui a primeira a me levantar e sorri abertamente.

- Eu sinto muito.- Ele falou sem sorri e aquilo apertou meu coração.

- Não tem problema, eu vou comprar as fraldas e o leite, todos do bom e do melhor.- Olliver disse a todo sorriso.

- Não é isso...- O médico tentou terminar.

- As noites mal dormidas? Vão ser as melhores noites da minha vida.- Olliver não parava de sorri.

- A sua mulher não está grávida.- O médico soltou. Mesmo eu sabendo o que ele queria dizer, não doeu tanto como ouvir sair da sua boca.

- Como assim?- Olliver desmanchou o sorriso gradativamente e logo era um sorriso sem humor.

- Eu sinto muito.- O médico disse sincero.- Eu quero que ela faça outro exame, se ela não está grávida, temos que descobri o que ela tem.

- Tudo bem.- Respondi quando percebi que Olliver não iria dizer nada.

***

O médico pediu para verificar o local onde fica o útero com as mãos, percebi que ele teve um diagnóstico, mas ele disse que não queria tirar conclusões precipitadas.

Fez uma solicitação do exame de ressonância magnética e que eu prestasse atenção em minha menstruação. Bom, eu fiquei com medo, confesso.

Olliver estava ao meu lado, mas parecia ser apenas o seu corpo, sua mente estava longe. Era claro que ele queria que o exame desse positivo, mas o que ele queria? A culpa não era minha.

Estávamos dentro do carro, perto da minha casa, mas ele não me dirigiu uma palavra. Eu preferi assim, queria um tempo pra mim, fiquei bastante abalada e senti por não estar grávida.

- Não vai entrar?- Quebrei o silêncio, já que paramos em frente ao prédio há um minuto e nada de ele falar.

- Não.- Respondeu simplesmente.

- Tudo bem.- Abri a porta do carro.

- Eu vou pegar a Manu e a levar para a minha casa, quero dormir com ela.- Falou curto e grosso.

- Tá.- Sorrio, um sorriso forçado e saí do carro.

Caminhei como uma zumbi para o meu apartamento, absorta em meus pensamentos e em tristeza.

Eu estava feliz por achar que estava grávida, mas eu não estou, Olliver estava comigo, mas agora não está, nesse momento difícil pra mim.

Eu descubro que não estou gravida, sendo que o desejado era que eu estivesse, e ainda como bônus, eu posso estar doente. Cadê o Olliver agora? Eu só queria um abraço dele e o escutar dizer que vai ficar tudo bem.

Eu tenho tanto medo de ter algum problema no útero que me faça ficar estéril. Eu já tenho uma filha, graças a Deus, mas eu queria muito ter um segundo filho, graças ao Olliver.

Oh Deus, não deixa mais isso acontecer comigo. Será se o Olliver vai me abandonar só por eu não ter proporcionado a chance de ele ver a minha barriga crescer?

Tomo um banho e coloco uma roupa qualquer, me jogo na cama e ali eu me permito hibernar. Só não quero pensar na possibilidade de eu não poder ter mais filhos.

***

Não sei quando eu irei voltar às pastagens normalmente, talvez eu terei que portar aleatoriamente até o fim do livro.

Então aí vai mais um capítulo. Será o que a Sofia tem? Veremos nos próximos capítulos, que são os últimos. Beijocas.

Laços do destinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora